Ney Franco não é mais técnico do São Paulo. Dois dias após a derrota por 2 a 1 em pleno Morumbi para o Corinthians pela primeira partida da Recopa-Sul-Americana, a diretoria do clube tricolor optou por dispensar o treinador, segundo informações da Jovem Pan. A decisão foi anunciada na tarde desta sexta-feira no CT da Barra Funda.
O técnico trabalhou no São Paulo em 79 jogos. Foram 41 vitórias, 16 empates e 22 derrotas (59% de aproveitamento). O auxiliar técnico Eder Bastos também deixa o clube. O coordenador técnico Milton Cruz comandará o time de forma interina no clássico contra o Santos no domingo, às 16h. Muricy Ramalho é o favorito da torcida para substituí-lo.
A demissão ocorre no aniversário de um ano da contratação de Ney. Antes do São Paulo, o treinador trabalhou como coordenador da base da Seleção Brasileira e comandante da equipe Sub-20 do Brasil. Ele chegou ao clube tricolor para ser o substituto do contestado Emerson Leão.
São Paulo anuncia demissão do técnico Ney Franco; veja:
"O São Paulo troca de técnico quando julga necessário. Se agrada, cumprimos um ano. Hoje infelizmente é data de aniversario dessa união. Não levantei a estatística, mas não deve ter mais que quatro ou cinco clubes com o mesmo técnico há mais de um ano. Sempre que fazemos a contratação de um técnico é para que ela seja o mais duradoura possível, mas resultados tem que estar juntos para que facilite isso", disse o diretor de futebol Adalberto Batista em entrevista ao lado de Ney Franco.
"Tentei manter a forma de trabalho, e são poucos que atingem a marca de um ano na frente de um grande clube. Mas pressão não foi determinante para a medida de entregar o cargo. Hoje tivemos uma conversa no clube colocando a posição da diretoria e a minha, e chegamos a um consenso", afirmou o treinador.
Improvisos, eliminações e Douglas; veja 7 erros de Ney Franco no São Paulo:
Durou um ano a trajetória de Ney Franco no comando do São Paulo. Em 2012, o técnico conseguiu bons resultados no Campeonato Brasileiro e o título na Copa Sul-Americana. Na atual temporada, colecionou eliminações e fracassos: Campeonato Paulista, Copa Libertadores e derrota na primeira partida da Recopa Sul-Americana. O resultado foi a demissão do treinador. Relembre a seguir sete erros que foram fundamentais para o fim do trabalho de Ney Franco no São Paulo.
Foto: Bruno Santos / Terra
Substituto de Lucas O melhor momento de Ney Franco no comando do São Paulo ocorreu no final de 2012, quando tinha em Lucas seu principal jogador. Negociado com o PSG, o jogador deixou o Morumbi ao final daquela temporada. Desde então, o treinador não conseguiu se acertar em relação a seu substituto no elenco. O técnico escalou jogadores como Aloísio, Jadson, Cañete, Douglas, Wallyson, Lucas Evangelista e Silvinho na posição, mas sem nunca conseguir bons resultados.
Foto: Tom Dib / Agência Lance
Jadson e Ganso O São Paulo já contava com Jadson, mas apostou alto na contratação de Paulo Henrique Ganso. Contando com dois talentosos meias no elenco, Ney Franco na maior parte das vezes escalou a dupla ao mesmo tempo no time, só que não conseguiu tirar o melhor dos jogadores.
Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press
Defesa inconstante O São Paulo terminou 2012 com a defesa sólida, sofrendo somente 13 gols no segundo turno do Campeonato Brasileiro - o melhor desempenho no returno. O início da temporada viu o fim da constante linha formada por Paulo Miranda, Rafael Tolói, Rhodolfo e Cortez. A chegada de Lúcio fez com que a dupla central fosse desfeita. Além disso, problemas físicos e técnicos obrigaram Ney Franco a alterar constantemente o setor. As laterais também sofreram constantes alterações e não veem titulares absolutos. O técnico não conseguiu achar uma solução e, em sua última partida, formou a defesa com Douglas, Lúcio, Rafael Tolói e Juan.
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Improvisações Em 2013, com alguns jogadores vivendo fase complicada, Ney Franco passou a optar por improvisações. As laterais e as pontas foram os setores que mais passaram por esta questão. O volante Rodrigo Caio, por exemplo, foi bastante usado na direita. Já Paulo Miranda, bem sucedido neste local em 2012, não conseguiu repetir a performance. Esta situação incomodou a diretoria, que decretou o fim dos improvisos depois da eliminação na Libertadores.
Foto: Sergio Barzaghi / Gazeta Press
Douglas Lateral direito revelado pelo Goiás, Douglas ganhou as graças de Ney Franco. Apesar de bastante criticado pela torcida, o treinador apostou forte no jogador, que atuou em sua posição natural, mas também como meia armador e ponta direita. A confiança de Ney em Douglas chegou a virar piada entre os torcedores são-paulinos.
Foto: Facebook / Reprodução
Falta de sintonia com elenco Ney Franco buscou manter o controle sobre o grupo e sua posição como técnico. Para isso, em declarações à imprensa bateu de frente até mesmo com Rogério Ceni. Nestes casos, entretanto, demonstrou não estar em sintonia com o elenco. Após a derrota para o Corinthians na primeira partida da Recopa Sul-Americana, chegou a dizer que não era ele quem "errava passes". No dia seguinte, o atacante Aloísio deu sua resposta: "eu acho que é 50 a 50. Estamos no mesmo barco. Se afundar, vai afundar com todos juntos. Se navegar, vai navegar com todos juntos. Não tem essa de colocar a responsabilidade em cada um, a responsabilidade é de todos".
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Antipatia da torcida Mesmo com o bom desempenho no Campeonato Brasileiro de 2012 e com o título da Copa Sul-Americana do mesmo ano, Ney Franco nunca gozou de apoio pleno da torcida são-paulina. No Morumbi, o apoio ao treinador era frágil, e não era difícil ouvir gritos contra o comandante em caso de derrota ou jogo fraco. Com isso, o nome de Muricy Ramalho, que foi demitido do Santos, passou a ser gritado nas arquibancadas do estádio do clube tricolor.
Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press
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O início de trabalho de Ney Franco no Morumbi foi bastante positivo. Depois de um primeiro turno de Campeonato Brasileiro fraco, o São Paulo reagiu e foi a melhor equipe da segunda metade do torneio. A equipe tricolor terminou o Nacional em quarto e, ao fim do ano, conquistou a Copa Sul-Americana.
Os problemas para Ney começaram em 2013. Sem Lucas, negociado com o Paris St. Germain, o treinador passou a enfrentar problemas para montar a equipe. Até sua demissão, o técnico não conseguiu fazer o time render eficientemente com Jadson e Paulo Henrique Ganso na criação.
O resultado da inconstância do time foi sentido nas competições do primeiro semestre. Apesar de desempenho de líder na fase regular do Campeonato Paulista, o São Paulo acabou eliminado nos pênaltis pelo Corinthians na semifinal. Na Copa Libertadores, a equipe tricolor sofreu para se classificar às oitavas de final, fase em que terminou superada pelo Atlético-MG.
O resultado da eliminação na competição continental foi o afastamento de sete jogadores do elenco. Pressionado pela torcida, Ney Franco recebeu apoio da diretoria. Entretanto, a perspectiva de novo fracasso, desta vez na Recopa, fez com que o comando do futebol do São Paulo mudasse de ideia.