Seguro e sereno, Dida evoca passado em estreia pela Portuguesa
23 jun2012 - 20h32
(atualizado em 24/6/2012 às 08h06)
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Leandro Miranda
Direto de São Paulo
Os 38 anos de idade e as duas temporadas longe do futebol parecem não ter passado para Dida. Os gestos serenos, a expressão inalterada e a tranquilidade que sua presença impõe sobe o restante do time seguem os mesmos de sempre. Foi assim, mesmo sem ser muito exigido pelo ataque do São Paulo, que o ex-goleiro da Seleção Brasileira fez uma estreia firme e segura com a camisa da Portuguesa, neste sábado, na vitória por 1 a 0 no Canindé.
Com a faixa de capitão no braço esquerdo, o baiano de 1,95 m enfim entrou em campo pela equipe rubro-verde, mandando Gledson para o banco após quase um mês de treinamentos desde o anúncio de sua contratação, no fim de maio. A expectativa a respeito de qual seria o Dida da Portuguesa - o que brilhou com as camisas de Vitória, Cruzeiro, Corinthians e Milan, ou o que falhava constantemente em seus últimos anos na Itália - começou a se dissipar logo aos 8min, quando o veterano camisa 1 segurou falta bem batida por Cícero.
Sofrendo com a marcação da Portuguesa e às vezes encarando longos períodos sem a posse de bola, o São Paulo não conseguia testar o estreante goleiro com frequência. Dida se mantinha parado na área rubro-verde, os olhos atentos. Mas quando o perigo chegava, ele aparecia bem: aos 19min e aos 34min, caiu bem para encaixar chutes perigosos de Cícero e Willian José, empolgando o torcedor lusitano atrás de seu gol.
O mais próximo de um susto para o arqueiro não nasceu de um ataque tricolor, mas de um recuo malfeito pelo zagueiro Rogério aos 36min: a bola veio quicando, mas Dida teve calma para ajeitar para o pé esquerdo, seu preferido, e despachar o perigo antes da chegada de Willian José. A primeira espalmada veio só aos 10min do segundo tempo, após chute sem ângulo de Jadson.
Sem tanto trabalho com as investidas são-paulinas, Dida se preocupava em organizar sua defesa, conversando bastante com os zagueiros, mas quase nunca gritando. Quando um chute tricolor passava perto de sua meta, nada de broncas: ele apenas caminhava para a cobrança do tiro de meta, inalterado. Ivan abriu o placar para a Portuguesa aos 11min do segundo tempo, e o goleiro se limitou a aplausos tímidos do outro lado do gramado.
O único momento em que Dida saiu de seu habitual foi após um giro de Fernandinho dentro da área, aos 41min do segundo tempo, seguido de um chute cruzado para fora. Pela primeira vez no jogo, o baiano reclamou da marcação rubro-verde e balançou a cabeça enquanto buscava a bola para retomar o jogo. Uma cena rara em toda a sua carreira - e que, a julgar pelo retorno sólido ao futebol profissional, continuará sendo pouco vista nos gramados do Brasil.
Ao final do jogo, o goleiro recebeu o reconhecimento dos torcedores da Portuguesa, que entoavam um canto especial para ele: "Olê, olê, olá... Dida, Dida".
Na estreia de goleiro Dida, Portuguesa vence São Paulo por 1 a 0 e subiu na classificação do Campeonato Brasileiro; partida foi válida pela sexta rodada da competição nacional
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Exigido ao longo de toda a partida, ex-goleiro de Cruzeiro, Corinthians, Milan e Seleção Brasileira levou tranquilidade à defesa rubro-verde
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Gol da partida foi marcado pelo lateral Ivan, aos 11min do segundo tempo, após bom passe em profundidade de Guilherme
Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press
Com resultado, Portuguesa foi a sete pontos e se distanciou da zona de rebaixamento; São Paulo permaneceu com nove
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Com nove pontos, São Paulo fica a cinco do Cruzeiro, que é líder com 14
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Com protestos da torcida, técnico Emerson Leão passa a ter emprego ameaçado no São Paulo
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Ao longo de toda a partida no Estádio do Canindé, Dida manteve postura tranquila e evitou sustos para a torcida presente
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Após o intervalo, Dida teve ainda mais segurança diante dos problemas de articulação do setor ofensivo tricolor
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Cícero tenta levar o São Paulo à frente, mas encontra a bem postada marcação rubro-verde no caminho
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Bastante exigido ao longo do primeiro tempo, Dida não decepcionou torcida e manteve o zero no placar
Foto: Léo Pinheiro / Terra
São Paulo tinha problemas com laterais, mas aproveitou Portuguesa recuada no primeiro tempo e passou a ocupar espaço
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Apesar do crescimento no primeiro tempo, São Paulo se desencontrou na etapa final
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Resultado ainda ampliou pressão sobre o São Paulo, eliminado da Copa do Brasil no meio da semana pelo Coritiba
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Clássico paulista teve momentos de animosidade entre jogadores das duas equipes
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Depois de boa atuação na vitória sobre o Atlético-MG, meia Jadson teve apresentação apática no Canindé
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Cheio de dificuldades para articular jogadas, São Paulo pouco ameaçou a defesa rubro-verde
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Sem a inspiração esperada por torcida e companheiros, Lucas passou em branco e não conseguiu evitar derrota
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Apagado, camisa 7 acabou substituído no segundo tempo por Oswaldo, que também pouco fez
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Ao fim do jogo, Dida foi homenageado pela torcida rubro-verde presente
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Com dia em campo, torcidas tiveram motivação a mais para vencer o frio do fim de tarde de São Paulo
Foto: Léo Pinheiro / Terra
São Paulo volta a entrar em campo no próximo sábado, quando visita o Cruzeiro no Estádio Independência, em Belo Horizonte
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Portuguesa entrará em campo no domingo, quando recebe o Santos no Estádio do Canindé
Foto: Léo Pinheiro / Terra
A pressão sobre o time do São Paulo pela eliminação na semifinal da Copa do Brasil para o Coritiba foi sentida neste sábado, pouco antes do início do jogo contra a Portuguesa, pelo Campeonato Brasileiro. Um grupo da principal torcida organizada do clube tricolor puxou uma série de gritos ofendendo jogadores e chamando o elenco de "pipoqueiro" e "sem vergonha"
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Os torcedores levaram agitaram bexigas amarelas, enquanto entoavam "não é mole não, estou cansado de time de 'amarelão'"
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Os torcedores não pouparam munição contra alguns nomes do elenco, além dos cantos mais genéricos como "vamos jogar bola" e "queremos jogador"
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Um dos atletas mais cobrados foi o meia Jadson, que teve para si o grito "Ô Jadson, preste atenção, seu futebol é de segunda divisão"
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Torcida do São Paulo presente queria demissão de Emerson Leão para dar lugar a Muricy Ramalho, técnico do Santos