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Jogos Inverno 2010

Temidos, russos podem ficar sem medalha na patinação em dupla

22 fev 2010 - 18h34
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John Powers
Do The Boston Globe

Como Tanith Belbin nasceu em Ontário e patinou no Canadá até os 14 anos, talvez os americanos sejam legais com seus vizinhos do norte e deem aos anfitriões dos Jogos Olímpicos metade da medalha de Belbin, caso ela e seu parceiro Ben Agosto terminem no pódio da dança no gelo, nesta segunda-feira à noite.

Os metais preciosos não estão exatamente jorrando para os anfitriões destes Jogos, que praticamente imploram por algo brilhante que melhore sua posição distante na contagem de medalhas. Embora os canadenses esperem que Tessa Virtue e Scott Moir - que iniciam sua apresentação de estilo livre, no domingo, liderando na classificação geral - finalmente ganhem a medalha de ouro, que escapa de seus patinadores conterrâneos desde que o evento foi incluído no programa olímpico em 1976.

Os russos dominam a dança nas Olimpíadas, tendo ganhado sete das nove medalhas de ouro. Mas a menos que Oksana Domnina e Maxim Shabalin consigam superar seu atual terceiro lugar, a Rússia ficará sem medalhas de ouro na patinação pela primeira vez desde sua estreia olímpica em 1960. Neste momento, uma modalidade que já foi tão previsível quanto uma eleição soviética está totalmente indefinida pela primeira vez.

"Uma das grandes coisas na dança este ano é a força dos competidores", disse Agosto, que ganhou a medalha de prata com Belbin quatro anos atrás, em Turim. "Não há nenhum líder de destaque que todos esperam vencer".

Domnina e Shabalin, que ficaram com o título mundial no ano passado por uma diferença de apenas 1,22 ponto em relação a Belbin e Agosto, estão quase 2 pontos atrás dos campeões americanos Meryl Davis e Charlie White, após a apresentação da dança original na noite de domingo, com Belbin e Agosto logo atrás.

"Sabemos que o ouro está ao nosso alcance", disse Davis, que junto de White, perdeu a medalha de bronze no mundial por quatro centésimos de ponto para os canadenses, mas que nestes Jogos está 2,60 pontos atrás dos mesmos. "Sabemos que se patinarmos nosso melhor, temos uma chance tão boa quanto a de qualquer um".

As apresentações passadas não têm tido tanta importância até agora. Os franceses Isabelle Delobel e Olivier Schoenfelder, campeões mundiais em 2008, não têm sido os mesmos desde que ela passou por uma cirurgia no ombro e teve filho no último outono. Eles estão em sexto no momento, quase 10 pontos atrás de uma posição que lhes garanta medalhas. Jana Khokhlova e Sergei Novitski, o segundo casal russo e os antigos medalhistas de bronze no mundial, estão em nono.

Antes do "Patinogate", o escândalo dos juízes em Salt Lake que virou o esporte do avesso após 2002, os russos podiam contar com duas medalhas na dança no gelo em todos os Jogos Olímpicos. Mas agora, muitos de seus técnicos se mudaram para os Estados Unidos, seu sistema de treinamento se fragmentou e o novo modelo de pontuação tornou mais difícil combinar votos, abrindo mais lugar no pódio, particularmente para os americanos.

Pela primeira vez, dois casais americanos podem ganhar medalhas nos Jogos e isso não seria uma surpresa. Belbin e Agosto - cuja prata em Turim foi a primeira medalha americana na modalidade desde Colleen O'Connor e Jim Millns, em 1976 - ganharam quatro medalhas em mundiais. Já Davis e White, que ganharam os dois últimos títulos nacionais, se tornaram nesta temporada o primeiro casal dos EUA a vencer a final do Grand Prix.

Há várias razões para a ascensão americana num evento que já foi ridicularizado com Fred e Ginger patinando em fantasias inferiores.

"Muito disso tem a ver com os técnicos - os técnicos russos que deixaram seu país e trouxeram seu conhecimento consigo", diz White, que com Davis é treinado pelos imigrantes Igor Shpilband e Marina Zoueva, que também são técnicos de Virtue e Moir.

Muito também se deve ao fato dos casais dos Estados Unidos começarem a treinar quando jovens e manterem sua parceria intacta. Davis, 23 anos, e White, 22, são alunos da Universidade de Michigan e patinam juntos desde 1997. Belbin, 25 anos, e Agosto, 28, se juntaram em 1998. Por uma década, antes de se mudarem para a Pensilvânia em 2008 e passarem a treinar com os ex-campeões olímpicos Natalia Linichuk e Gennadi Karponosov, Belbin e Agosto treinaram com Davis e White.

Agora Belbin e Agosto treinam ao lado de Domnina e Shabalin, o que lhes ajuda a elevar sua competitividade e ao mesmo tempo elimina a aura de mistério que os casais russos outrora usavam a seu favor. Ninguém fora do país sabia se os russos estavam lesionados, tendo brigas ou treinos ruins.

A maior vantagem dos russos no passado também foi reduzida - suas táticas de politicagem nos bastidores que reunia juízes favoráveis de outros países socialistas. Foi a troca de votos que criou o "Patinogate", um acordo firmado para dar o título da patinação artística de duplas aos russos e o título de dança no gelo aos franceses.

Sob o antigo sistema de pontuação, os russos teriam uma enorme vantagem nestes Jogos. Cinco dos nove juízes da apresentação de dança original no domingo eram de ex-repúblicas soviéticas ou de nações do bloco do leste europeu ¿ Rússia, Ucrânia, Lituânia, Azerbaijão e Hungria ¿ e o árbitro era da Polônia. Sob o novo sistema, as pontuações de dois juízes são desconsideradas ao acaso, bem como a nota mais alta e a mais baixa para cada elemento.

Não que seja impossível realizar complôs, já que todos os juízes se conhecem. "A possibilidade disso acontecer é muito real", reconhece White. "Existe muita subjetividade, mas isso não é algo que possamos controlar. Podemos apenas controlar o que apresentamos no gelo".

A melhor parte do novo formato de pontuação é que cada movimento - dos twizzles sequenciais aos lifts rotacionais e às sequências de passos diagonais - agora tem um valor, o que significa que os dançarinos que se apresentam melhor devem vencer.

"Para nós, não é tanto quem podemos colocar no painel de juízes", diz Davis. "É como podemos afetar o painel a despeito de quem ele seja".

Se as medalhas se resumirem à execução, ambos os casais americanos estão bem posicionados para chegar ao pódio. Como os russos não possuem uma competidora para a patinação feminina, a pressão sobre Domnina e Shabalin para ganhar o ouro é enorme depois do fracasso de seus colegas nos eventos de duplas e masculino. Mas Shabalin patina com um joelho esquerdo dolorido e pode ter dificuldades para aguentar a apresentação de quatro minutos do estilo livre.

Belbin, que requisitou um visto americano com o argumento de possuir uma habilidade extraordinária há uma década, teria de carregar esse fardo se tivesse competido por sua terra natal em Vancouver. Embora ainda seja excepcionalmente popular no Canadá, não há dúvidas sobre onde sua lealdade está.

"Quando estou competindo, sou parte da Equipe dos EUA porque é a isso que eu associo a minha patinação", disse Belbin, que se tornou cidadã americana por meio de uma lei especial do Congresso um pouco antes dos Jogos de 2006.

Sua mãe e avó estavam na arquibancada do Pacific Coliseum no domingo à noite, junto de uma dúzia de parentes vinda de lugares tão distantes quanto Newfoundland. Foi uma bela recepção para Belbin e ela foi uma visita muito bem--inda, mas isso não significa que a atleta dará metade de sua medalha ao Canadá caso consiga uma. Cidadania dupla não vai assim tão longe.

Amy Traduções

Entenda a prova de duplas da patinação artística

A prova de duplas da patinação artística segue o formato da individual. Primeiro os participantes seguem um programa pré-determinado e depois fazem uma apresentação livre, de, no máximo, 4min30. Neste caso, no entanto, um homem e uma mulher atuam juntos, com giros, saltos e passos sincronizados.

Os juízes avaliam aspectos técnicos e a qualidade da patinação. Cada casal recebe duas notas, que são somadas. Aquele que tiver a maior pontuação ganha o ouro.

Jogos Olímpicos de Inverno no Terra

O Terra transmite ao vivo a competição em 15 canais simultâneos de vídeo. Além disso, os usuários têm a possibilidade de assistir novamente a todo o conteúdo a qualquer momento. Todo o acesso é gratuito.

Uma equipe de 60 profissionais está encarregada de fazer a cobertura direto de Vancouver e dos estúdios do Terra, em São Paulo, no Brasil, com as últimas notícias, fotos, curiosidades, resultados e bastidores da competição.

A equipe conta com a participação do repórter especialista em esportes radicais Formiga - com 20 anos de experiência em modalidades de neve -, e o pentacampeão mundial de skate Sandro Dias, que comenta a competição em seu blog no Terra.

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