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Tênis

Agenciado por Guga, algoz de Tsonga segue no tênis graças a Larri

23 fev 2016 - 10h03
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Responsável por uma das maiores zebras da história recente do tênis, o cearense Thiago Monteiro tem os passos de sua carreira guiados por Gustavo Kuerten. O atleta, que na última semana derrotou o francês Jo-Wilfried Tsonga, nono colocado do ranking mundial, é agenciado pela empresa do tricampeão de Roland Garros e só segue na ativa por causa de Larri Passos.

Ex-número 2 do ranking mundial juvenil, Monteiro fez sua estreia em torneios da elite do tênis mundial na última semana, como convidado do ATP 500 do Rio de Janeiro. Então 338º do mundo, derrotou Tsonga, integrante do top 10, e ganhou elogios de seu agente e ídolo Gustavo Kuerten.

O tricampeão de Roland Garros chegou a treinar com Monteiro quando o cearense ainda tinha como técnico Larri Passos, responsável por levar Guga ao estrelato mundial, e também o auxilia na prospecção de patrocínios. Os dois contam com apoio da prestigiada marca francesa de roupas Lacoste.

“Ele se interessou em me ajudar, a buscar patrocínios, correr atrás dessas coisas e tomar conta da minha carreira para me deixar tranquilo só para jogar. Isso segue até hoje e é algo que só tenho a agradecer, me ajuda muito”, explicou o atleta de 21 anos à Gazeta Esportiva, na véspera de sua estreia no ATP 250 de São Paulo.

A relação entre Guga e Thiago Monteiro se iniciou quando o tenista cearense passou a treinar sob orientações de Larri Passos, em Balneário Camboriú. Foi sob o comando do gaúcho que ele se tornou uma promessa nacional do tênis e alcançou a vice-liderança do ranking mundial juvenil.

Desde 2014, no entanto, o atleta integra a equipe da Tennis Route no Rio de Janeiro e trabalha com Duda Matos na academia que tem como coordenador técnico João Zwetsch, capitão do Brasil na Copa Davis. Mas a relação com Guga permanece e os dois conversaram após o triunfo sobre Tsonga.

“Ele ficou feliz com minha vitória também, falou que estou traçando o caminho certo, mas para não me contentar, seguir sempre buscando mais, querendo mais, me empenhando nos treinos. Quanto mais você evolui e ganha jogos desse nível, mais tem que se empenhar”, disse.

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A vitória no Rio de Janeiro fez com que Thiago Monteiro fosse convidado para disputar o ATP 250 de São Paulo, realizado esta semana no Esporte Clube Pinheiros. O sorteio mais uma vez lhe colocou diante de um atleta de renome. Ele encara o espanhol Nicolas Almagro, ex-número 9 do mundo, no jogo que encerra a rodada desta terça-feira.

O brasileiro, na verdade, gostou dos dois sorteios de chave e vê os duelos diante de atletas mais experientes como oportunidades para evoluir seu jogo. No Rio de Janeiro, ele foi derrotado na segunda rodada pelo uruguaio Pablo Cuevas, que acabou como campeão do evento e foi responsável pela eliminação de Rafael Nadal.

“São experiências que vou ter me acostumar caso queira jogar em alto nível e seguir evoluindo durante o ano. São três jogos contra jogadores de alto nível, com muitos títulos. Não posso escolher o adversário. Acaba sendo uma boa oportunidade de jogar contra eles”, explicou.

Tudo isso ocorre pouco menos de um ano depois de Monteiro sofrer uma ruptura parcial do ligamento cruzado anterior do joelho. Ele optou por não se submeter a uma cirurgia e acabou se recuperando mais rapidamente do que o esperado pelos médicos. Credita isso à vontade de provar seu talento e seguir na carreira, apesar das dificuldades na transição do juvenil para o profissional. Foram percalços como estes, por exemplo, que fizeram seu ex-companheiro de treino Tiago Fernandes, campeão juvenil do Aberto da Austrália em 2010, abandonar o esporte aos 21 anos de idade.

Monteiro também pensou em desistir do tênis, mas muito mais jovem, aos 15 anos. Quando começou a treinar com Larri Passos em Santa Catarina, sentia saudade da família no Nordeste, e quase não voltou aos treinos após uma semana de folga em casa. Uma conversa com o técnico que guiou Guga e o título de um torneio juvenil o demoveram da ideia.

“Minha confiança voltou, comecei a ficar feliz de novo. Ele perguntou se eu ainda queria voltar para casa, falei que não mais, que seguiria no tênis e estou aqui até hoje”, afirmou. “Quando você está lesionado, sem poder fazer o que mais gosta, começa a pensar e refletir que realmente é aquilo que te dá prazer, te faz feliz, que você quer para a sua vida. Então no período que passei lesionado desistir não passou pela minha cabeça. Queria realmente seguir”, garantiu.

Depois da vitória no Rio, o brasileiro tem a chance de seguir por um caminho diferente dentro carreira. Ganhou 60 posições no ranking mundial – é o 278º da lista – e pode subir ainda mais dependendo dos resultados em São Paulo e dos Challengers de Santiago e Guadalajara, próximos compromissos em seu calendário.

Com isso, poderia começar a tentar entrar em mais torneios de nível ATP e se colocar em condições de pleitear uma vaga na equipe nacional que disputa o Zonal Americano do Grupo 1 da Copa Davis. O time convocado por João Zwetsch, coordenador da academia que Monteiro representa, enfrenta o vencedor de Barbados e Equador, em confronto marcado de 15 a 17 de julho.

“Não quero criar expectativas, pensar muito longe. É seguir no dia a dia, nas minhas rotinas, dando meu melhor e ir vendo onde isso vai me levar. A Copa Davis é no meio do ano. Tem um tempo ainda para se preparar”, disse Monteiro, sexto brasileiro melhor ranqueado na ATP.

À sua frente estão Thomaz Bellucci, 35º; Rogério Dutra Silva, 114º; André Ghem, 155º; Guilherme Clezar, 173º; e João Souza, o Feijão, 211º. Desta lista, apenas o veterano Ghem nunca foi convocado por Zwetsch para a Copa Davis.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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