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ATP

Argentino conta com sorte, vive "conto de fadas" e encara Nadal em SP

16 fev 2013 - 10h00
(atualizado às 10h00)
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<p>Argentino Alund nunca tinha vencido uma partida sequer em nível ATP durante a carreira</p>
Argentino Alund nunca tinha vencido uma partida sequer em nível ATP durante a carreira
Foto: Fernando Borges / Terra

O argentino Martín Alund invade a linha do T, dá um winner de forehand na cruzada, agacha-se, vibrando muito com o punho cerrado, e recebe sonoras vaias no Ginásio do Ibirapuera. Esse ponto foi o último da carreira de Ricardo Mello, brasileiro o qual Alund venceu na última segunda-feira, pela primeira rodada do Brasil Open. Mas o argentino não conhecia esse detalhe.

"Não tinha ideia de que era a última partida dele. Vibrei muito e até peço desculpas", diz Alund, que apenas após a partida ficou sabendo que havia acabado de encerrar a carreira de Mello. A reação exaltada do argentino ao converter o match point tinha outro motivo: era apenas a sua primeira vitória em nível ATP.

Em São Paulo, Alund diz viver a "melhor semana" da vida e não exagera. Após vencer Mello, o argentino superou também o francês Jeremy Chardy, número 25 do mundo, e o italiano Filippo Volandri, o 88. Seu próximo desafio é uma partida de "sonho", conforme define: encara o espanhol Rafael Nadal por volta das 17h30 (de Brasília) deste sábado, no Ginásio do Ibirapuera.

Questionado se acreditaria, antes da semana, caso alguém lhe dissesse que enfrentaria Nadal na semifinal do Brasil Open, o argentino responde que "não", sorrindo. "Obviamente que nunca você vem a um torneio pensando que vai perder, mas eu vinha jogar a qualificação, o objetivo era passar. Sou muito afortunado de estar na semifinal", completa.

"Sorte" é algo que Alund realmente teve em São Paulo. No início da tarde de segunda-feira, ele foi derrotado pelo chileno Jorge Aguilar na terceira e última rodada do torneio qualificatório, em batalha de duas horas e 37 minutos, por 3/6, 7/6 (8-6) e 7/6 (7-5). Graças à desistência do compatriota Leonardo Mayer, que sentiu dores nas costas, o argentino voltou à quadra no mesmo dia, na parte da noite. Como lucky loser ("perdedor sortudo"), superou Mello por duplo 6/4, em uma hora e 34 minutos.

<p>Alund encara Rafael Nadal em sua primeira semifinal no Brasil Open</p>
Alund encara Rafael Nadal em sua primeira semifinal no Brasil Open
Foto: Fernando Borges / Terra

Antes de bater o brasileiro, Alund tinha apenas um jogo em ATP: uma derrota na semana passada para o colombiano Santiago Giraldo na estreia em Viña del Mar. "Gostaria de ter feito mais jovem, mas cada um tem sua carreira e nunca deixei de treinar", afirma o argentino, 27 anos, sobre as primeiras vitórias nesse nível.

A explicação para a demora passa pelo ranking do jogador – nunca superou a atual 111ª posição – e pelas dificuldades financeiras, já que tinha poucos recursos para investir em viagens para torneios mais distantes de sua casa.

Como o circuito da ATP na América do Sul é limitado atualmente a quatro torneios, a carreira do argentino se baseava em challengers, torneios de segundo escalão no circuito e mais comuns no continente; nesse nível de eventos ele coleciona 97 vitórias, 102 derrotas, três finais e nenhum título.

"Economicamente me banco só, tenho um apoio muito grande de minha família e uma pequena ajuda da província de Mendoza – tomara que seja um pouco maior este ano", afirma, sorrindo. Natural de Mendoza, ele soma US$ 245.370 (R$ 481.980, segundo a cotação atual) em premiação na carreira, sendo US$ 12.846 (R$ 25.233) neste ano.

Somente pela campanha em São Paulo, o argentino já garantiu US$ 24.225 (R$ 47.585). Ainda que perca para Nadal, Alund aparecerá por volta da 93ª posição do ranking na atualização da lista, na próxima semana, posto suficiente para se garantir pela primeira vez na chave principal de um Grand Slam, por exemplo, sem precisar furar o qualificatório.

Tudo isso foi proporcionado a Alund pela lesão de Mayer – e pela vitória diante de Mello. "A sorte é muito importante, mas a sorte tem que estar buscando, se não buscar não a encontra", discursa ele, que na verdade protagonizou as duas últimas partidas da carreira do brasileiro: em 3 de janeiro havia vencido o colega também no Aberto de São Paulo, challenger disputado no Parque Villa Lobos, com parciais de 3/6, 6/3 e 7/6 (7-3).

"É um jogador que respeito muito, um grande esportista e alguém para imitar", diz Alund sobre Mello, 32 anos, que conquistou um ATP na carreira e foi o número 50 do mundo em 2005. O argentino se define "muito afortunado" por ter participado do último jogo do brasileiro. Para Alund, a vitória no Villa Lobos não é tão importante. "Creio que o que conta é o último jogo, não os dois últimos", diz.

Fonte: Terra
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