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ATP

Campeão do Australian Open retoma confiança após lesão e rompimento com Larri

11 ago 2013 - 07h28
(atualizado às 09h49)
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Tiago Fernandes foi comparado a Guga após título juvenil
Tiago Fernandes foi comparado a Guga após título juvenil
Foto: João Pires/Fotojump / Divulgação

No início de 2010, um título juvenil do Australian Open, um dos quatro torneios mais importantes do mundo, colocou o nome de Tiago Fernandes em evidência. Aos 17 anos, treinado por Larri Passos, era impossível para qualquer brasileiro que acompanhava o tênis não associá-lo a Gustavo Kuerten e reforçar sua crença de que ali estava o futuro do esporte do Brasil.

No ano passado, porém, a carreira do jovem alagoano mergulhou como numa queda de montanha-russa. A sua ideia agora em 2013 é pedir a chance de dar uma nova volta no brinquedo. E voltar a subir – desta vez um pouco mais devagar. Depois de sofrer uma fratura por estresse no púbis e abandonar o antigo técnico de Guga, Fernandes tem jogado torneios profissionais menores ao lado do ex-jogador Marcos Daniel, seu novo treinador.

O foco tem sido mais no condicionamento físico que nos resultados. “Ele tem uns 60% para evoluir fisicamente ainda. Estamos dando passos de tartaruga”, explica Daniel. Tiago joga três, quatro torneios em sequência e depois retorna para o Clube de Campo Itapemirim, em Itajaí (SC), para algumas semanas com foco quase que total na parte física.

“Acredito que nos próximos dois anos vai ser assim. Acredito muito que quando eu chegar - se chegar - no topo quero estar com todos os blocos bem formados. No momento, o físico é a minha prioridade para melhorar”, afirma o tenista, agora com 20 anos, mas boa consciência de sua situação.  

Mas as vitórias também têm aparecido. Em abril, Fernandes venceu um torneio future na Turquia. Na semana passada, num challenger de São Paulo, bateu o compatriota Fabiano de Paula, 224º do ranking. O alagoano já consegue vislumbrar um 2014 bem melhor. Longe das lesões e com um protagonismo maior nos torneios challenger.

Agora treinado por Marcos Daniel, alagoano espera se firmar
Agora treinado por Marcos Daniel, alagoano espera se firmar
Foto: João Pires/Fotojump / Divulgação

“A princípio, não gosto muito de trabalhar com metas a longo prazo. Mas gostaria de terminar o ano entre os 400, 350 do mundo para poder disputar mais challengers sem precisar passar pelos futures no ano que vem”, diz Fernandes.

A lesão e o rompimento com Larri

A primeira lesão grave da carreira acabou colocando obstáculos altos em frente ao jovem. Com o ensino médio completo, o tênis em uma universidade americana virou uma possibilidade. “Sempre vem na cabeça isso quando se está parado. Mas foi questão de dias em Maceió (na casa dos pais) para esclarecer as coisas e botar as ideias em ordem. Meus pais sempre me apoiam no que eu escolher. Não cogito a hipótese de parar de jogar tênis até não tentar o meu máximo. Meu máximo não foi com 19 anos, nem estou perto de estar no meu auge. Não seria justo comigo não tentar. O que eu fiz foi trocar de treinador para ver o que pode acontecer”.

E o rompimento com Larri Passos foi um pouco traumático. O treinador chegou a ser considerado por um tempo um grande revelador de talentos. As principais esperanças do país treinavam sob sua tutela num projeto olímpico da Confederação Brasileira de Tênis (CBT). O melhor tenista da atualidade, Thomaz Bellucci, também. Mas aí o paulista resolveu deixa-lo e a CBT descontinuar o programa. Outro que resolveu procurar novos ares foi Fernandes. E cogitou-se que os métodos de treinamento de Larri estavam ultrapassados e causavam lesões.

Fernandes não acredita nisso. “Colocaram na imprensa que eu treinava de forma errada, isso eu não falei. Foi só para dar uma mudada, uma chacoalhada. Time de futebol troca de treinador depois de três derrotas. Foi mais para tentar uma coisa nova. Tênis é um esporte que às vezes dá certo com um, não dá com outro. A Bia (Maia) e o (Thiago) Monteiro (promessas que continuam com Larri) treinam com ele e, se Deus quiser, vão dar certo. Nunca vou dizer que ele me treinava errado ou que ele causou minha lesão”, explica o tenista. “Foi bom para aprender, tive ótimas coisas treinando com o Larri. Fui número 1 juvenil, fiz uma final de challenger, fui 370º do mundo profissional. Não tenho nada que reclamar”.

Fernandes diz que gostaria de terminar o ano entre número 400 e 350 do mundo
Fernandes diz que gostaria de terminar o ano entre número 400 e 350 do mundo
Foto: João Pires/Fotojump / Divulgação

O jovem tenista e Larri já se reencontraram algumas vezes e, segundo Fernandes, o clima é tranquilo. Superado o problema, é hora de pensar em manter a evolução, acredita, com o novo treinador. “Está tudo caminhando bem. Tenho relação muito boa com o Daniel desde que ele jogava. A visão de jogo dele é muito grande. Como ele sofreu sempre com lesões e viajou sozinho por questões financeiras, teve que aprimorar a questão tática. Isso para mim está sendo muito importante”.

E Fernandes já percebe uma mudança de rumo. “No jogo, Daniel foca bastante o fato de conseguir controlar as emoções com mais frequência, gastar menos energia. E chegar na rede com mais frequência, que é uma coisa do tênis moderno, além da movimentação de pernas. Meu principal objetivo é perceber que estou evoluindo. Na minha volta não tenho pensado muito em relação a números, mas na minha evolução. E estou gostando”.

O título do Grand Slam juvenil ficou no passado e trouxe lições importantes para o futuro. “Ajudou em alguns lados, para aumentar minha motivação, o fato de mostrar que tenho potencial. Ganhar um Grand Slam é uma coisa única. Mas atrapalhou também. Naquela época eu acabei jogando com uma pressão a mais que eu próprio me colocava. As pessoas sempre vinham, o que não era errado, esperando uma coisa grandiosa minha. Eu lido como uma coisa (a pressão) que, se voltar a acontecer no futuro, eu já vou ter passado. Isso é uma coisa boa, eu acho. Tudo na vida é aprendizado. Depende de como você leva pra frente”. 

Fonte: Terra
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