PUBLICIDADE

ATP

Cobrado por tempo, Nadal acelera rituais e critica nova regra

16 fev 2013 - 12h05
(atualizado às 12h05)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Rafael Nadal ter&aacute; que&nbsp;fazer toda a prepara&ccedil;&atilde;o para o saque mais rapidamente</p>
Rafael Nadal terá que fazer toda a preparação para o saque mais rapidamente
Foto: Marcelo Pereira / Terra

O ritual é o mesmo: Rafael Nadal pega três bolinhas para sacar, devolve uma com a raquete para o pegador de bolas e coloca outra no bolso direito do shorts, limpa a linha da quadra de saibro com o pé, passa a mão direita na ponta do nariz e com ela ajeita a parte lateral dos cabelos dos dois lados, na altura das orelhas, bate a bolinha no chão algumas vezes com a raquete e depois só com a mão direita e enfim saca. Ou parece o mesmo: devido a uma nova regra da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), agora o espanhol tem de fazer toda a preparação mais rapidamente – e reclama bastante por causa disso.

A partir de 2013, a ATP orientou os juízes a aplicarem com grande rigor a regra que determina um máximo de 25 s para o sacador colocar a bola em jogo. Segundo o novo regulamento, os tenistas que demorarem mais do que o limite são punidos a princípio com uma advertência, como já ocorria anteriormente. Em caso de reincidência, a segunda punição passou a ser uma falta (perda do primeiro serviço) e só então ocorre a perda automática do ponto – até 2012 a segunda penalização já acarretava a perda do ponto, punição considerada muito drástica e que muitas vezes inibia o juiz de cadeira de agir.

Mal começou a ser aplicada, a nova recomendação já causa polêmica. Segundo Nadal, "os jogadores no vestiário não estão muito contentes". O espanhol disse que já está ouvindo no circuito o rumor de que a regra será modificada para que o "que o árbitro possa interpretar quando se possa demorar mais de 25 segundos" para "não ser algo matemático que prejudica o espetáculo".

Em dezembro, o árbitro de cadeira Carlos Bernardes, integrante do grupo de elite da ATP (gold badge), disse ao Terra que a recomendação era implementar uma política de "tolerância zero" na hora do saque, sem importar se a torcida estiver fazendo muito barulho ou se o ponto anterior tiver demorado "dez segundos ou dez minutos".

Após solicitação da reportagem, a ATP se manifestou na última quinta-feira sobre o assunto por meio de um porta-voz, indicando uma maior flexibilidade: "os árbitros de cadeira são instruídos a consistentemente executar a regra. Ainda há espaço para o juízo por parte do árbitro caso circunstâncias fora do controle dos jogadores causem um atraso no jogo. Os jogadores foram notificados que o respeito ao tempo entre os tempos seria mais estritamente cobrado. O feedback é de que os jogadores estão se ajustando e que o ritmo do jogo está melhor".

A intenção da ATP com a mudança é diminuir o tempo dos duelos. Segundo Bernardes, uma pesquisa mostrou que a decisão do Aberto da Austrália de 2012 teve apenas cerca de "uma hora e meia de jogo efetivo", sendo que a duração total da partida foi de cinco horas e 53 minutos. O próprio Nadal foi protagonista do jogo, tendo perdido a final mais longa da história dos Grand Slams para o sérvio Novak Djokovic por 3 sets a 2, com parciais de 5/7, 6/4, 6/2, 6/7 (5-7) e 7/5.

"Me parece uma regra injusta que faz com que se perda espetáculo. Creio que as pessoas gostem de ver pontos disputados, grandes ralis e para disputar todos esses pontos e partidas longas de quatro horas os 25 segundos não são suficientes", critica Nadal, cobrando mais tempo de descanso. "Se a ATP quer encontrar um esporte que seja só de velocidade e não de pensar, não de estratégia, tática e grandes ralis, está bem essa regra. Se quer buscar grandes partidas e pontos espetaculares e disputados, a regra não é boa".

<p>Rituais de Nadal durante o saque ter&atilde;o que ser mais r&aacute;pidos</p>
Rituais de Nadal durante o saque terão que ser mais rápidos
Foto: Marcelo Pereira / Terra

Independentemente de sua opinião, o fato é que Nadal precisa respeitar a mudança. A reportagem cronometrou o tempo gasto para o jogador sacar em um game importante durante o Brasil Open, no Ginásio do Ibirapuera: quando ele tentava fechar o primeiro set contra o brasileiro João "Feijão" Souza, na última quinta, no Ginásio do Ibirapuera: a demora até servir foi entre 23 s e 25 s.

"Tento ir mais rápido do que antes", explica Nadal, confirmando que tem acelerado o seu ritual. "Eu me adapto ao que digam, faço o que posso e vou mais rápido do que antes e até agora não fui penalizado. Consegui, (mas) outra coisa é gostar: a regra vai contra o espetáculo", aponta ele, que disputa no Brasil apenas o segundo torneio desde a alteração na regra: na semana passada, em Viña del Mar, encerrou um período de sete meses afastado das quadras devido a uma contusão no joelho esquerdo.

Nova regra já provocou protesto curioso: "sou negro, então suo muito"

A maior rigidez quanto aos 25 s só foi implementada pela ATP e não inclui Grand Slams e Copa Davis, torneios organizados pela Federação Internacional de Tênis (ITF). Esta adota um intervalo máximo entre os pontos de 20 s, mas os árbitros têm permissão para serem mais flexíveis dependendo das circunstâncias, o que na prática representa poucas sanções.

Em 3 de janeiro, na primeira semana desde que a ATP adotou a nova regra, o francês Gael Monfils protestou de forma curiosa ao receber uma advertência do árbitro de cadeira por superar o tempo máximo para sacar. "Sou negro, então muito", disse, em tom sério. Ele venceu a partida em questão, válida pela segunda rodada do torneio de Doha: aplicou parciais de 6/4, 2/6 e 6/4 sobre o alemão Philipp Kohlschreiber.

&amp;amp;amp;lt;a data-cke-saved-href=&amp;amp;quot; http://www.terra.com.br/esportes/infograficos/historia-tenis-brasil/iframe.htm&amp;amp;quot; href=&amp;amp;quot; http://www.terra.com.br/esportes/infograficos/historia-tenis-brasil/iframe.htm&amp;amp;quot;&amp;amp;amp;gt;veja o infogr&amp;amp;aacute;fico&amp;amp;amp;lt;/a&amp;amp;amp;gt;
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade