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ATP

Gongo e um saque só: Becker conta como chefão da F1 mudaria o tênis

23 mai 2013 - 13h08
(atualizado às 13h08)
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<p>Ecclestone assiste à final de Roland Garros de 2003, época na qual diz ter ficado perto de comandar o tênis</p>
Ecclestone assiste à final de Roland Garros de 2003, época na qual diz ter ficado perto de comandar o tênis
Foto: Getty Images

Apenas um saque por ponto e partidas encerradas por tempo ao soar de uma espécie de gongo. Essas são algumas ideias que poderiam ser introduzidas ao tênis caso o chefe da modalidade fosse o mesmo da Fórmula 1, Bernie Ecclestone. O britânico esteve próximo de comandar a modalidade da bolinha e da raquete em uma parceria com os ex-tenistas Ion Tiriac e Boris Becker, conforme conta o alemão em entrevista exclusiva ao Terra.

“Nós conversamos, mas foi muito tempo atrás. O jogo no momento está com boa qualidade, mas todos os esportes têm de evoluir, até o tênis”, afirma Becker, 45 anos, por telefone direto de Mônaco, onde esteve no início de maio para disputar o European Poker Tour Grand Final – o campeão de seis Grand Slams e ex-número 1 do mundo é garoto-propaganda do PokerStars.

No fim de março, em entrevista ao site britânico Sportsvibe, Ecclestone, 82 anos, contou ter ficado “muito perto” de comandar o tênis masculino há cerca de dez anos – a tratativa, segundo ele, não deu certo porque a Federação Internacional de Tênis (ITF) pediu “muito dinheiro”.

Tivesse sido bem-sucedido na empreitada, Ecclestone teria mudado a cara do tradicional esporte branco, cujas regras se mantêm semelhantes desde a década de 1890. Ele contou que, para deixar a modalidade “melhor para a televisão”, mudaria a regra de dois serviços para apenas um e introduziria uma espécie de gongo que finalizaria a partida – independentemente do placar – após um tempo previamente estabelecido, de provavelmente uma hora. Outra novidade possível seria segmentar cada jogo em três partes de 20 minutos cada, “para que todos soubessem quando uma partida demoraria”.

<p>Fã de Fórmula 1, Becker entrevista compatriota Michael Schumacher no GP do Bahrein de 2006</p>
Fã de Fórmula 1, Becker entrevista compatriota Michael Schumacher no GP do Bahrein de 2006
Foto: AFP

Becker, que é fã de F1 e costuma frequentar o paddock da categoria, não concorda com todas as ideias propostas pelo colega. “O que eu queria era ver menos torneios. Os jogadores estão jogando muito, é muito difícil para os fãs acompanhar tantos torneios”, diz ele. 

Atualmente, as competições mais importantes são os quatro Grand Slams, seguidos pelo ATP Finals e pelos nove Masters 1000 – oito desses são de participação obrigatória dos principais atletas. Estes têm ainda de jogar pelo menos quatro ATPs 500 durante o ano.

Proporcionar um melhor espetáculo para a televisão influenciou Ecclestone nas últimas mudanças introduzidas na F1, como a utilização da abertura de asa traseira (DRS) e o aumento do número de pit stops - por meio da utilização de pneus com rápido desgaste –, que culminaram na profusão das ultrapassagens.

<p>Becker é próximo a Tiriac, com quem viu Roland Garros em 2012</p>
Becker é próximo a Tiriac, com quem viu Roland Garros em 2012
Foto: Getty Images

Segundo a revista americana Forbes, o britânico é o 12º homem mais rico de seu país. Sua família tem uma fortuna de US$ 3,2 bilhões. Além dele, formariam o triunvirato do tênis Becker e Tiriac. O romeno foi o número 55 do mundo em 1974 e, desde que se aposentou, tem se destacado como empresário no setor de bancos, seguradoras e carros.

Em 2010, Tiriac integrou a lista da mesma revista como o 840º homem mais rico do planeta, com fortuna de US$ 1 bilhão. Proprietário do Masters 1000 de Madri, ele inovou no torneio em 2012 com a introdução do saibro azul, que causou críticas entre os atletas e foi vetado pela ATP para 2013.

Membro do Conselho de Jogadores diz que ideias de Ecclestone nunca vingariam

Criada em 1972 para proteger os interesses dos jogadores, a ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) passou a organizar o circuito masculino em 1990. Antes o tour era formado por representantes da ATP, da ITF e pelos próprios diretores de torneio. O órgão tem proposto mudanças sutis para melhorar a dinâmica do jogo especialmente após a final do Aberto da Austrália de 2012, a mais longa da história dos Grand Slams, com cinco horas e 53 minutos de duração, na vitória do sérvio Novak Djokovic sobre o espanhol Rafael Nadal.

Para 2013, a entidade exigiu dos árbitros de cadeira uma maior rigidez na observação do tempo máximo de 25 s que os jogadores têm para colocar a bola em jogo entre um ponto e outro.

<p>Membro do Conselho de Jogadores da ATP, Stakhovsky não aprova ideias de Ecclestone</p>
Membro do Conselho de Jogadores da ATP, Stakhovsky não aprova ideias de Ecclestone
Foto: Getty Images

“Não podemos ir na direção do críquete, em que ninguém sabe quanto um jogo vai durar”, opina ao Terra o ucraniano Sergiy Stakhovsky, membro do Conselho de Jogadores da ATP. “Muitos jogadores ficaram insatisfeitos com essa maior rigidez, mas é o nosso trabalho no conselho tentar melhorar o esporte”.

As ideias radicais de Ecclestone, porém, nunca funcionariam no tênis, de acordo com Stakhovsky, número 93 do mundo. “Talvez seja por isso que ele nunca tenha tomado o controle", diz o ucraniano. "É um jogo de cavalheiros com muita história e tradição. Você não pode mudar isso e encaixá-lo do jeito que você quiser. Estamos tentando algumas inovações aqui e ali, mas a imagem em geral é sempre a mesma”.

Entre janeiro e março deste ano, também foi testada nos challengers (torneios de segundo escalão) a regra do “no let”, segundo a qual o saque não precisaria mais ser repetido quando a bola toca a fita e cai dentro da linha do T correspondente, na quadra do adversário. O conselho votará contra a aprovação dessa novidade, segundo Stakhovsky. A ATP se reunirá em julho, em Wimbledon, para definir o futuro da medida.

Fonte: Terra
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