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Copa Davis

Com psicóloga, Bellucci se vê mais forte e lidera Brasil contra Rússia

13 set 2012 - 10h44
(atualizado às 10h47)
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Henrique Moretti

Três anos se passaram desde 2009, quando o Brasil teve a última chance de jogar em casa a repescagem do Grupo Mundial da Copa Davis e perdeu, em Porto Alegre, para o Equador. De lá para cá, o tenista número 1 do País, Thomaz Bellucci, avalia que está "mais preparado" para disputar uma competição na qual a experiência "conta muito", em suas palavras. É com esse espírito que o jogador, o qual recentemente passou a trabalhar com uma psicóloga esportiva, enfrentará a partir desta sexta-feira a Rússia, no saibro de São José do Rio Preto.

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O Brasil participou pela última vez do Grupo Mundial - elite da Davis formada por 16 equipes - em 2003. Nos últimos seis anos, o País teve o sonho frustrado na repescagem, sendo duas vezes dentro de casa: em 2006, contra a Suécia, e em 2009, contra o Equador. Nessa última eliminatória, Bellucci já integrava o time que contava com dois top 70 (ele e Marcos Daniel) e foi surpreendido por um rival cujo destaque, Nicolás Lapentti, tinha 33 anos e era o número 144 do mundo.

"Na Davis não é só momento, a experiência conta muito e naquele confronto vimos claramente isso. O Lapentti não era um jogador que estava na melhor forma e com a experiência conseguiu nos vencer dentro de casa", afirma Bellucci, lembrando que o veterano venceu três pontos naquele confronto: dois em simples e um em duplas, ao lado do irmão Giovanni Lapentti.

Dono da 65ª posição no ranking mundial naquele ocasião, o brasileiro, 24 anos, acumulou bagagem até chegar à 41ª atual. Desde então ele conquistou dois de seu três títulos de ATP 250 e melhorou o retrospecto na Davis para 11 vitórias em 18 partidas individuais. "A cada ano que passa me sinto muito mais preparado para jogar um confronto tão duro quanto vai ser esse da Rússia", diz.

Bellucci repete tática vencedora e será acompanhado por psicóloga na Copa Davis:

Thomaz Bellucci, que concedeu entrevista ao Terra em um hotel em Nova York em 26 de agosto, conta com outro trunfo além da experiência para receber a Rússia entre 14 e 16 de setembro. Em um ano irregular, o brasileiro caiu para a 80ª colocação do ranking em junho, antes de reagir e, um mês depois, conquistar o ATP 250 de Gstaad e o Challenger de Braunschweig e ser semifinalista do ATP 250 de Stuttgart.

Nesse período, ele foi acompanhado pela primeira vez na carreira em uma gira por uma psicóloga esportiva, Carla di Pierro, 33 anos, que passou a integrar no fim de junho a equipe do tenista. Este já havia trabalhado com alguns profissionais do gênero anteriormente, mas "não tinha sentido uma diferença tão grande na parte mental" - agora se diz "satisfeito" com a evolução.

"Aos poucos estou conseguindo ficar mais forte mentalmente a ponto de não ter muitos altos e baixos, conseguir controlar a frustração, ver tudo pelo lado positivo. Os próprios resultados mostraram isso. Obviamente não é só mérito dela, mas também do meu preparador físico (Hamilton Souza), do meu técnico (Daniel Orsanic)", diz ele. A chegada de Carla passa por uma sugestão de Orsanic, que substituiu Larri Passos ao fim da última temporada.

"Não é a crença social de trabalhar com psicólogo quando você tem um problema. Um jogador tem de trabalhar a parte psicológica para melhorar alguns aspectos, para fazer melhor o que já faz muito bem", analisa Orsanic, contando que antigos comandados como o argentino José Acasuso e o uruguaio Pablo Cuevas também tinham psicólogos. "Aconteceu uma boa empatia com a Carla e justo no momento em que o Thomaz começou a ter bons resultados, o que ajuda muito a convencê-lo sobre esse trabalho".

Na maioria das competições, realizadas fora do País, o contato entre Bellucci e Di Pierro se dá por telefone. A "distância", segundo a psicóloga, é a principal dificuldade de trabalhar com um tenista. Formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, ela vê o jogador constantemente quando ele está na capital paulista, onde mora.

Nesta sexta-feira, Carla chegará a São José do Rio Preto para a Copa Davis, mas admite que o ideal seria ir antes à cidade, o que não será possível devido a outros compromissos. A psicóloga, cujos serviços anteriores eram mais dirigidos a natação e atletismo - trabalha, por exemplo, com a maratonista Adriana Aparecida da Silva -, brinca dizendo que fez "aula intensiva de tênis" no período em que acompanhou Bellucci na Europa.

Ela acredita que a viagem ajudou no conhecimento da rotina de Bellucci e na "empatia" da dupla, projetando um trabalho a longo prazo e dizendo que o foco atualmente é em "questões específicas da vida dele como atleta" - as quais não especifica devido ao sigilo profissional.

"A gente tem que imaginar o trabalho de ganhar habilidade psicológica como um treinamento físico; se você para de treinar fisicamente cai de rendimento", discursa ela, que em Rio Preto conhecerá João Zwetsch, capitão do Brasil na Copa Davis, e os outros membros da equipe nacional: Rogério Dutra Silva, Bruno Soares e Marcelo Melo.

Porém, o trabalho é "especificamente" com o número 1 do País, que terá mais uma vez a responsabilidade de liderar o time. A Rússia, algoz justamente do Brasil na repescagem de 2011 em uma quadra dura e coberta em Kazan, será representada por Alex Bogomolov Jr., Igor Andreev, Teymuraz Gabashvili e Stanislav Vovk.

"É uma oportunidade boa de a gente conseguir ir para o Grupo Mundial, uma coisa que não faz há muitos anos", afirma Bellucci. São nove anos, para ser preciso, ou desde quando o time que contava com Gustavo Kuerten foi derrotado pela Suécia de Jonas Bjorkman, em uma quadra de carpete coberta em Helsingborg.

Último jogo de Bellucci foi em agosto, em queda na primeira rodada do Aberto dos Estados Unidos
Último jogo de Bellucci foi em agosto, em queda na primeira rodada do Aberto dos Estados Unidos
Foto: Getty Images
Fonte: Terra
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