Revista desmente ex-número 1 que acusa pais de exploração
24 mar2012 - 09h29
(atualizado às 09h51)
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A edição de abril da revista americana Vanity Fair traz reportagem que desmente a ex-tenista Arantxa Sánchez Vicario, que durante o lançamento de seu livro Arantxa, vamos!, em fevereiro deste ano, acusou os pais de gastar todo o dinheiro ganho por ela na época em que era atleta, uma fortuna de US$ 60 milhões (cerca de R$ 102 milhões). Além rebatê-la, a publicação diz que a tenista, capitã da equipe espanhola na Fed Cup, ainda possui patrimônio avaliado em 30 milhões de euros (aproximadamente R$ 72 mi).
Segundo o jornal espanhol As, a matéria entitulada "O que Arantxa não conta: 30 milhões e um marido suspeito" mostra que Arantxa tinha diversos imóveis em seu nome antes de seu casamento, em 2008, avaliados em 18 milhões de euros (R$ 43,4 mi), além de possuir mais 10 milhões de euros (R$ 24,1 mi) em contas bancárias na Suíça e em Andorra.
Como fonte para desmentir a acusação da tenista para com seus pais de ter gasto tal fortuna, a revista diz ter ouvido "uma pessoa próxima" que acompanhou a ex-atleta durante sua carreira - de 69 títulos de simples (dentre eles, os quatro Grand Slams do circuito).
Oficialmente, a espanhola - profissional entre 1985 e 2004 - ganhou US$ 17 milhões em premiações (R$ 30,9 mi, em valores atuais), além de mais R$ 27,2 por conta de contratos de publicidade. No cálculo feito após a dedução de impostos, de 40% sobre a soma desses valores, restaria à tenista R$ 34,9 mi, quase um terço do valor que ela reclama ter sido gasto pelos familiares.
Na ocasião do lançamento de sua biografia, Arantxa disse os pais eram os responsáveis por controlar sua vida financeira para que ela se concetrasse exclusivamente em jogar tênis. Assim, ela recebia uma mesada, enquanto o restante do dinheiro que recebia era gerenciado pelo pai.
A Vanity Fair ainda acusa a influencia de seu marido, Pep Santacana, como causa conflito entre as duas partes, como causa das acusações, além de revelar aspectos obscuros sobre seu passado tendo como fontes os credores do marido de Arantxa.
O tênis é um dos esportes nos quais familiares mais exercem influência sobre atletas. Mas a relação entre jogadores e parentes nem sempre é harmoniosa, sendo agitada algumas vezes por injustiças, agressões e até mesmo denúncias policiais. O escândalo mais recente foi da ex-tenista espanhola Arantxa Sánchez (foto): ela acusou o pai, que gerenciava sua carreira, de ter perdido uma fortuna estimada em R$ 100 milhões acumulados durante a carreira. Veja, a seguir, outros casos:
Foto: AFP
Rafael Nadal talvez seja um dos tenistas mais ligados à família - e ele mesmo admite isso em sua autobiografia. O atual número 2 do mundo é treinado desde a infância pelo tio, Toni, a quem classifica quase como um "tirano" e "injusto" em seu livro. Ao mesmo tempo, porém, o atleta admitiu que dificilmente teria alcançado o patamar no qual se encontra sem a ajuda do exigente técnico
Foto: Getty Images
A promissora Jelena Dokic atingiu o quarto lugar do ranking da WTA em 2002, mas logo em seguida passou a despencar na lista, acumulando lesões e uma série de polêmicas com o controlador pai e técnico Damir. Ele chegou a ser preso em 2009 por ameaçar um atentado terrorista contra a embaixada da Austrália na Sérvia, após Dokic denunciar agressões que sofria do pai na adolescência por perder partidas. Eles passaram um longo período afastados, mas Dokic esboçou uma reconciliação
Foto: Getty Images
Outra tenista que despontou como grande promessa do circuito foi Mirjana Lucic, semifinalista de Wimbledon em 1999, quando tinha 17 anos. A croata, porém, não conseguiu evoluir entre as profissionais e até abandonou o tênis entre 2003 e 2007. Neste período, ela relatou o drama familiar que vivia com o pai e técnico Marinko, um ex-decatleta iugoslavo, de quem apanhava frequentemente desde a infância. Recentemente, Lucic retornou ao top 100 da WTA
Foto: Getty Images
Aravane Rezai entrou em decadência no circuito feminino depois de dar mostras de que poderia ter uma carreira promissora. Demonstrando estar muito acima do peso em relação a alguns anos atrás, a francesa prestou queixa à polícia de seu país contra o pai e ex-treinador Arsalan Rezai, acusando-o de agressão e fraude de milhares de euros. Em resposta, Arsalan disse que a filha estava sendo manipulada
Foto: Getty Images
A relação de Caroline Wozniacki e o pai Piotr, um ex-jogador de futebol polonês, aparenta ser muito mais amena do que as de Dokic e Lucic. No final de 2011, contudo, a dinamarquesa resolveu encerrar a parceria de treinamentos com o pai e contratou o espanhol Ricardo Sánchez. Bastou a eliminação no Aberto da Austrália para que Sánchez fosse demitido e desabafasse, dizendo que havia ficado para segundo plano depois que Piotr impôs o sistema de treinos
Foto: Getty Images
Outro pai "encrenqueiro" é John Tomic, pai da sensação Bernard Tomic. John, que já ameaçou impedir que o filho competisse pela Austrália e defendesse a bandeira croata, também tem no currículo outra atitude polêmica. Em 2008, ele ordenou que Bernard abandonasse um torneio em protesto contra um árbitro, que não teria marcado inúmeras "foot fouls" de seu adversário. O filho obedeceu e recebeu uma suspensão da Federação Internacional (ITF)
Foto: Getty Images
Martina Hingis não tem o nome por acaso: foi a mãe, Melanie Molitorova, quem decidiu batizá-la em homenagem à mítica Martina Navratilova e também introduzi-la ao tênis. A suíça ex-número 1 do mundo foi treinada e agenciada por Molitorova por um longo período de sucesso em sua carreira, mas a parceria entrou em colapso no mesmo período em que Hingis passou a perder espaço no circuito, a partir de 1999
Foto: Getty Images
Richard Williams se encantou após ver partidas da tenista romena Virginia Ruzici entre as décadas 1970 e 80 e resolveu, então, incentivar as filhas Venus e Serena a praticarem o esporte. Deu certo: treinadas pelo pai, as irmãs Williams atingiram o topo do ranking, se tornaram referências no circuito e, juntas, conquistaram 20 títulos de Grand Slams em simples (sendo 13 de Serena)
Foto: Getty Images
Outro exemplo de sucesso entre pai e tenista é o de Yuri Sharapov e a filha Maria Sharapova, que deixaram a Rússia com pouco dinheiro e partiram para os Estados Unidos, onde a filha treinaria na academia de Nick Bollettieri. Enquanto a ainda criança Maria praticava tênis, Yuri fazia "bicos" para conseguir sustentar a família. O talento de Sharapova, porém, rendeu grandes frutos a eles: treinada pelo pai, ela alcançou o posto de número 1 do mundo e conquistou três Grand Slams
Foto: Getty Images
Uma das principais tenistas dos últimos anos, a russa Elena Dementieva recebeu treinamentos intensos de dois familiares muito próximos: a mãe Vera e o irmão mais velho Vsevolod. A ex-número 3 do ranking da WTA decidiu se aposentar no final de 2010, quando ainda era a nona da lista das melhores. A mãe participou da cerimônia que colocou fim à trajetória esportiva de Dementieva, demonstrando a relação próxima e amena entre elas
Foto: Getty Images
Amena também é a relação entre Marion Bartoli e o pai, Walter, que abandonou a carreira de médico na França depois de perceber o talento da filha, a fim de treiná-la em tempo integral para as competições de tênis. A atual sétima colocada do ranking da WTA nunca escondeu o apoio e a inspiração que obteve do familiar para alcançar o alto nível no circuito profissional
Foto: Getty Images
Andy Murray sempre entra em quadra observado das arquibancadas pela mãe, Judy, técnica de tênis e que teve crucial importância na formação esportiva do atual número 4 do mundo. Judy Murray, entretanto, esteve envolvida em grande polêmica: ela chamou Feliciano López de "Deliciano" antes do confronto entre o espanhol e o filho pelas quartas de final de Wimbledon. "Foi desnecessário", reclamou Murray
Foto: Getty Images
Menos amistosa foi a relação entre Robert Radwanska e as filhas, Agnieszka (foto) e Urszula. O pai rompeu a parceria de técnico de ambas no início de 2011 e não escondeu o ressentimento, minimizando as conquistas de Agnieszka nos meses seguintes. Atualmente, sem ser treinada pelo pai, a polonesa primogênita vive seu melhor momento no circuito e ocupa a quinta colocação do ranking da WTA
Foto: Getty Images
Considerada uma menina prodígio, a americana Jennifer Capriati possuía uma série de contratos milionários de patrocínio antes mesmo de ingressar no circuito profissional. Tudo obra de Stefano Capriati, seu pai e empresário, que foi obcecado pela carreira da filha - e que teria "sufocado" a trajetória da ex-número 1 do mundo a tal ponto de ser um dos responsáveis por sua aposentadoria precoce, conforme relatos de pessoas próximas
Foto: Getty Images
Jim Pierce chegou a admitir certa vez que via no sucesso da filha a recompensa esportiva que nunca teve quando jovem. Mas o relacionamento do pai americano com a jovem francesa Mary Pierce durou pouco: Jim, que costumava extrapolar quando torcia nas arquibancadas (a ponto de ofender as adversárias), foi banido de partidas da WTA após denúncias de maus-tratos a Mary Pierce, que passou a ser treinada por Nick Bollettieri
Foto: Getty Images
Outro pai de influência negativa para a carreira da filha foi Peter Graf, pai da genial Steffi Graf. Ele era o responsável pela administração das finanças da tenista quando um escândalo veio à tona, envolvendo uma fraude fiscal em 1995. Em julgamento realizado dois anos depois, a tenista foi inocentada, enquanto Peter acabou considerado culpado e condenado a mais de três anos de cadeia
Foto: Getty Images
Considerado o melhor tenista de todos os tempos, Roger Federer delegou a pessoas próximas a missão de gerenciar sua mais do que vitoriosa carreira. Sua imagem é cuidada por uma empresa criada por ele mesmo, sendo dirigida pelos pais Robert e Lynette. O suíço ainda conta com Miroslava Vavrinec (foto), sua mulher, que desde 2002 (quando abandonou o tênis em decorrência de lesões) é sua gerente de relações públicas
Foto: Getty Images
Nikolay Davydenko sempre teve como técnico o irmão mais velho, Edward, fundamental para sua vitoriosa carreira no tênis. Ambos se mudaram ainda jovens da Ucrânia para a Rússia, e Edward, que trabalhava como professor de tênis para crianças, era o responsável por treinar o caçula - que conseguiu entrar no circuito profissional e atingir a terceira posição do ranking da ATP
Foto: Getty Images
Andre Agassi ainda era um garoto quando já sentia a fúria do pai, Mike (à esq. nesta foto de 1976, ao lado do ex-tenista). O americano, campeão de oito Grand Slams, deixa claro em sua autobiografia lançada em 2010, Open, que passou a odiar o tênis por causa do pai. No livro, Agassi conta que, na obsessão de tornar o filho um jogador profissional, Mike o fez trocar a infância pela rotina de rebater "2.500 bolas por dia e 1 milhão de bolas por ano", desde os 7 anos de idade