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Testemunha ouviu "gritos ininterruptos" antes dos tiros de Pistorius

20 fev 2013 - 15h49
(atualizado às 22h01)
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Uma testemunha escutou "gritos ininterruptos" na casa da estrela do atletismo sul-africano Oscar Pistorius pouco antes do assassinato da namorada dele, disse o detetive que lidera a investigação do homicídio, nesta quarta-feira.

O atleta olímpico Oscar Pistorius participa de audiência em Pretória nesta quarta-feira. Ele é acusado de matar a namorada.
O atleta olímpico Oscar Pistorius participa de audiência em Pretória nesta quarta-feira. Ele é acusado de matar a namorada.
Foto: Siphiwe Sibeko / Reuters

O oficial Hilton Botha, um detetive com 24 anos de experiência, também disse ao tribunal de magistrados de Pretória, em uma audiência sobre a possível liberdade de Pistorius sob fiança, que a polícia tinha encontrado dois recipientes de testosterona e agulhas no quarto do velocista.

A equipe de defesa do atleta contesta a descoberta.

Pistorius, que teve as duas pernas amputadas quando criança e é chamado de "Blade Runner" por causa das próteses de fibra de carbono que usa para correr, chorou descontroladamente enquanto Botha prestava seu depoimento sobre a morte de Reeva Steenkamp, de 29 anos.

A modelo formada em direito estava no banheiro da casa do atleta quando foi baleada nas primeiras horas de 14 de fevereiro, o Valentine's Day (Dia dos Namorados no país). Ela foi atingida na cabeça, no braço e no quadril.

Os tiros e as alegações contra Pistorius que surgiram na audiência surpreenderam a África do Sul e milhões de pessoas em todo o mundo que viam o atleta como um exemplo do triunfo sobre a adversidade.

"Uma de nossas testemunhas escutou uma briga, duas pessoas falando alto uma com a outra... das 2h até às 3h da manhã", disse Botha ao tribunal. A primeira ligação de Pistorius depois do incidente foi para o administrador de seu condomínio de luxo e alta segurança às 3h19, disse Botha.

Em um depoimento feito na terça-feira, Pistorius disse ter acordado no meio da noite e ter achado que um intruso havia entrado na casa através da janela do banheiro de sua suíte.

O atleta, de 26 anos, disse que pegou uma pistola 9 milímetros que estava debaixo de sua cama e caminhou até o banheiro.

Pistorius então descreveu como, em pânico total, disparou contra a porta trancada do banheiro, na crença equivocada de que o intruso estava escondido lá dentro.

Depois de quatro horas de depoimento, a audiência foi adiada até quinta-feira.

A audiência deve ser concluída nesta semana, após defesa e a acusação terem esboçado seus argumentos centrais. O julgamento ainda pode levar vários meses. Se for condenado por homicídio premeditado, Pistorius pode pegar prisão perpétua.

TRAJETÓRIA

Botha, que chegou ao local do crime uma hora depois dos tiros, contestou o depoimento de Pistorius.

"Acredito que ele sabia que ela estava no banheiro e atirou quatro vezes pela porta", disse o detetive, acrescentando que o ângulo em que as balas foram disparadas sugeria que o alvo era alguém no banheiro.

Pistorius disse que foi para o banheiro sem suas próteses -- o motivo de ele ter se sentido tão vulnerável-, mas Botha disse que os tiros tiveram uma trajetória "de cima a baixo", sugerindo que Pistorius estava usando suas pernas artificiais quando puxou o gatilho.

Ele também citou uma testemunha no condomínio luxuoso perto de Pretória onde Pistorius vivia que disse ter escutado um tiro, seguido 17 minutos depois de mais tiros. Outra testemunha falou em um tiro, seguido de gritos, seguido por mais tiros, ele disse.

(Reportagem de Jon Herskovitz)

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