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Vinte anos depois, família de Dener ainda briga com Vasco
Faz 20 anos neste sábado que o jogador Dener morreu em um acidente de carro na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, quando era atleta do Vasco da Gama. Mesmo após todo esse tempo, o pesadelo da família do jogador não terminou: a então mulher do atleta Luciana Gabino e seus três filhos ainda lutam com o time carioca - principalmente a administração Roberto Dinamite - para receber o dinheiro ordenado pela Justiça.
"É vergonhoso. Tanto tempo passado e ainda está nesta situação. Foi feito o acordo e não foi cumprido pelo Vasco. Desde 2010 que o Vasco está atrasando, foi feito um acordo em 2007 com o Eurico Miranda, que era o presidente, e ele sempre cumpriu o acordo em dia ou até antecipado. Quando entrou o (Roberto) Dinamite, passou a atrasar tudo", acusou, em entrevista ao Terra, Renato Menezes, advogado da família no caso.
O acordo entre os familiares e o Vasco da Gama foi costurado apenas em 2007, 13 anos após a morte do atacante – na época, a família sofria com a falta de dinheiro e corria o risco de ser despejada. As duas partes entraram em ajuste para o pagamento de R$ 3,2 milhões, valor bem inferior ao seguro de vida pedido pela família.
A paz dos familiares, no entanto, só durou alguns meses, de acordo com os advogados da viúva de Dener. Enquanto Eurico Miranda esteve na presidência, as parcelas foram pagas em dia, mas bastou a entrada de Roberto Dinamite no cargo em junho de 2008 para o problema recomeçar, com atrasos e falta de pagamentos. A paciência da família de Dener durou até agosto de 2013, quando os advogados entraram com um mandado de execução contra o time cruzmaltino.
"A execução funciona assim: você tem que pedir a penhora sobe as contas, mas estranhamente as contas bancárias do Vasco, uma instituição daquele tamanho, estão sempre zeradas. Aí a gente pede sobre as rendas e eles fazem o borderô depois do jogo, apresentam que tem que pagar aluguel de campo, gandula, policiais e nunca sobra nada. Então está neste impasse. Até agosto de 2013, a gente ainda tinha a promessa de que iriam pagar", comentou Menezes.
Com os atrasos, a situação do Vasco pode se complicar ainda mais: a dívida, que já havia sido reduzida pela metade, pode se reaproximar do valor inicial, devido a juros por causa dos constantes atrasos.
"É uma total má administração, porque o outro (Eurico) fez o acordo para eliminar essa dívida, e ele (Dinamite) está atrasando de volta essa dívida. A cada dia que passa aumenta, vai corrigindo. É toda culpa do Dinamite. Do Eurico não temos o que falar", disse o advogado, que alega não ter recebido contatos da oposição das próximas eleições do Vasco.
Dinamite vai de promessas durante a campanha a “pouco caso”
As acusações dos advogados da família de Dinamite ficam ainda mais graves ao se contrastarem as atitudes de Roberto Dinamite antes de assumir a presidência. Segundo Renato Menezes, durante a campanha do ex-jogador as ligações para a família eram constantes e as promessas de que tudo seria resolvido com ele no poder, maiores ainda. Contudo, após assumir o cargo, a situação se inverteu.
"Ele nem nos atende. Eles fazem pouco caso. Quando era candidato a presidente, ele falou que entrando ia ajudar, que jogou junto com o Dener, mas foi bem pelo contrário. Com o Roberto Dinamite nós tivemos contato uma vez, nos recebeu muito mal e durante 10 minutos. Uma pessoa totalmente diferente de quando era na campanha. Ele ligava todo mês para saber se o Eurico pagava", lembrou Menezes.
O Terra tentou contato com o Vasco da Gama, mas a assessoria do clube não respondeu aos pedidos de entrevista até o fechamento desta reportagem.
