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Agora cartola, Roni tenta salvar Vila Nova e avalia futebol

5 set 2014 - 12h08
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Roni assumiu o departamento de futebol do Vila Nova em março de 2014
Roni assumiu o departamento de futebol do Vila Nova em março de 2014
Foto: João Paulo Di Medeiros / MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra

Atacante forte, rápido e de boa técnica, Roni fez sucesso enquanto jogador de futebol com as camisas de Fluminense, Santos, Cruzeiro, Atlético-MG, Vila Nova entre outros clubes. Dois anos depois de pendurar as chuteiras, Roni vive uma experiência nova em sua vida profissional. O ex-jogador passou para o outro lado da mesa e é diretor de futebol do Vila Nova, clube onde foi revelado, e batalha para impedir o rebaixamento da equipe para a terceira divisão.

Há aproximadamente seis meses, a cúpula do Vila Nova apresentou os ídolos Roni e Tim como diretor e gerente de futebol respectivamente. A tentativa era resgatar a confiança do torcedor colorado. O clube tinha acabado de ser rebaixado para a segunda divisão estadual e Roni foi o escolhido para montar o time para a Série B.

Ao fim do primeiro turno da Série B, o Vila Nova ocupa a última colocação na tabela e está muito ameaçado de rebaixamento. Roni fez o balanço desse início na nova etapa de sua carreira e analisou o momento atual do futebol brasileiro com a experiência de um ex-jogador e a visão de um dirigente.

O atacante também lembrou momentos de sua carreira como jogador como a passagem rápida pelo São Paulo de Telê Santana, a crise do Fluminense no fim da década de 1990, do ambiente carregado do Fluminense de 2002, além de sua participação decisiva para evitar o rebaixamento do Vila Nova para a Série C em 2010.

Confira a entrevista de Roni ao Terra:

Terra: Como você avalia esse seu início de carreira como dirigente?

Roni: São quase seis meses à frente do futebol do Vila Nova, estou aprendendo muito porque é uma profissão que eu não tinha exercido. Sempre fui do futebol, mas dentro das quatro linhas, então tenho algumas dificuldades, cometi alguns erros, o que é normal por essa falta de experiência. Mas estou gostando muito, é uma situação nova e um desafio gigante comandar um clube tão grande como o Vila Nova. Desafio maior ainda é permanecer na Série B, tomara que a gente consiga isso no final.

Terra: E dirigir o clube do seu coração torna a tarefa mais complicada?

Roni: Com certeza o trabalho é muito maior, até por eu querer que o Vila cresça, que as coisas saiam da melhor maneira possível, isso torna um desafio gigantesco. As cobranças são grandes porque as pessoas sabem que eu sou torcedor, me cobram na rua porque confiam que eu possa ser a pessoa que vá mudar as coisas dentro do Vila Nova.

<p>Vila Nova comemora o gol marcado no Mané Garrincha sobre o Vasco</p>
Vila Nova comemora o gol marcado no Mané Garrincha sobre o Vasco
Foto: Carlos Costa / Agência Lance
Terra: Em 2010 você viveu situação semelhante no Vila Nova. Você compara esses dois momentos?

Roni: O momento é parecido, em 2010 não conquistamos muitos pontos também e no segundo foi bem melhor. É o que espero que aconteça neste ano. Na época estava bem mais fácil porque eu estava dentro de campo e podia tentar fazer algo para mudar diretamente a situação. Agora não tem como entrar em campo para ajudar, o que nos resta é organizar tudo, tentar blindar o grupo e cobrar que eles joguem o que sabem. Essas três vitórias mostraram que somos capazes de brigar, perdemos um jogo, mas temos que voltar a somar pontos para não distanciar dos times que estão fora da zona de descenso.

Terra: Você viveu recentemente o lado do jogador e agora vive como dirigente. Dentro dessas duas visões, como você analisa o Bom Senso FC?

Roni: Sou favorável ao Bom Senso, dou meu apoio à manifestação. Em alguns pontos acho que estão exagerando, vamos dizer assim, mas no geral tudo é válido, é para o bem do torcedor e para o bem geral do futebol. Quando eu jogava me preocupava muito com os outros, coisa que a maioria não se preocupa. Agora, como diretor, tenho a responsabilidade de me preocupar com 30 atletas mais a comissão técnica e os funcionários, é uma dimensão bem maior e preciso de muita sabedoria para administrar tudo. O futebol está em um momento financeiro difícil, os clubes precisam tomar alguma medida, os atletas reclamam dos salários atrasados, mas por outro lado os salários aumentaram de forma exorbitante. Teria que ter uma composição, um teto salarial, para que os clubes possam pagar os salários em dia e os problemas minimizados. Não vejo uma saída imediata, penso que jogadores, dirigentes, patrocinadores precisam sentar para entrar em um denominador comum. E o principal, que o torcedor ganhe em espetáculo e os atletas fiquem satisfeitos.

Terra: Você viveu muita dificuldade no Fluminense logo no início de sua passagem pelas Laranjeiras. Passar por aquilo está te ajudando no Vila Nova?

Roni: Toda experiência de vida se você souber tirar proveito dela poderá usar ela em algum momento no futuro. Eu passei realmente grandes dificuldades no Fluminense. Quando cheguei em 1997 e tudo ia bem até o meio do ano, mas começou a desandar, passamos por rebaixamentos e com salários atrasados sempre. O que posso dizer é que se as coisas já estão ruim elas podem piorar. Passo isso aos jogadores, que eles têm que jogar o melhor que podem mesmo com o clube em dificuldades. Caso contrário o jogador não vai arrumar outro clube no futuro. Hoje o Vila Nova está conseguindo honrar tudo o que prometeu para os jogadores e isso é importante nesse momento difícil.

Ídolos como jogador, Roni (esq) e Tim (dir) voltam como dirigentes
Ídolos como jogador, Roni (esq) e Tim (dir) voltam como dirigentes
Foto: Vila Nova/Divulgação / Divulgação
Terra: Ainda sobre sua época no Fluminense, em 2002 o clube tinha bons jogadores e chegou perto do título do Brasileiro. Como era o ambiente? Tinha muita vaidade? O Romário não se dava bem com o Magno Alves?

Roni: Era um time forte que tinha vários jogadores com personalidade fortíssima e todos queriam jogar, mas só podiam jogar onze. O Renato (Gaúcho) era um treinador inexperiente ainda, tivemos muitas dificuldades, muitas discussões, muitos problemas. A lição que eu vejo hoje depois de mais de dez anos é que se tivéssemos mais maturidade, soubéssemos levar melhor tantos problemas poderíamos ter ganhado o campeonato. Se eu tivesse a cabeça que tenho hoje poderia ter ajudado a contornar muitos problemas, assim como o Magno e o Romário que tinham algumas divergências, o próprio Beto que era um cara com temperamento forte. Relembrando, vejo que se tivéssemos sabedoria para contornar aqueles problemas, que não eram tão grandes assim, poderíamos ter sido campeões.

Terra: Ainda bem jovem você deixou o Vila Nova para ir ao São Paulo. Por que não deu certo no Morumbi?

Roni: Foi no final de 1995, foi uma reviravolta na época porque o treinador era, nada mais, nada menos, que Telê Santana. Ele era um profundo conhecedor de futebol e ele ter interessado no meu futebol foi importantíssimo para mim. Não deu certo porque eu era muito jovem, quando cheguei assustei com tantas estrelas, também não estava acostumado com aquela estrutura toda. Tive algumas lesões que podem ter sido até psicológicas, devido a importância do São Paulo. Não tive uma sequência de jogos e tive que voltar para o Vila Nova.

Terra: Quanto você acredita que o Vila Nova vai escapar do rebaixamento e que recado daria ao torcedor colorado?

Roni: Eu acredito muito que podemos dar essa resposta. Essas três vitórias acenderam uma faísca de confiança nos torcedores. Vejo que precisamos fazer um aproveitamento acima de 50% nos últimos 19 jogos. Vamos nos livrar se conseguir isso e poderemos deixar o torcedor do Vila Nova com um fim de ano mais feliz.

Fonte: MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra
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