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Ambicioso, Ney Franco põe Libertadores como meta do Vitória

Em entrevista exclusiva ao Terra, técnico do Vitória projeta temporada 2014 e ainda comenta a respeito de Lucas, Seleções de base e Alexandre Gallo

1 mar 2014 - 07h41
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Com ambiente tranquilo no Vitória, Ney Franco tenta levar a equipe à sua primeira Libertadores
Com ambiente tranquilo no Vitória, Ney Franco tenta levar a equipe à sua primeira Libertadores
Foto: Felipe Oliveira/EC Vitória / Divulgação

Em 2013, o Vitória foi uma das sensações do Campeonato Brasilieiro, ao terminar a temporada na quinta posição, dois pontos atrás do Botafogo, último dos classificados à Copa Libertadores da América. Este ano, segundo um dos grandes responsáveis pela boa campanha rubro-negra na Série A, a meta é conseguir levar o clube à principal competição sul-americana pela primeira vez na história.

De acordo com o técnico Ney Franco, que falou com exclusividade ao Terra nesta semana, o elenco do Vitória está capacitado para ambicionar uma vaga no torneio. "O grande desafio que estamos desenvolvendo com nossos atletas é o da possibilidade de colocar o Vitória na Copa Libertadores em 2015. É o nosso grande objetivo nesta temporada e temos três caminhos para isso", afirma o técnico. Neste ano, o Vitória terá pela frente as disputas do Campeonato Brasileiro, da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana, que dão vagas à Libertadores, além do Campeonato Baiano, que já está em andamento - o clube foi eliminado na última quinta da Copa do Nordeste.

Além de conversar sobre o planejamento para a temporada 2014, o treinador mineiro também falou a respeito da saída do atacante Maxi Biancucchi para o rival Bahia e como substituir o meio-campista Escudero, que sofreu grave lesão e desfalca o Vitória até outubro. Ney Franco ainda deu alguns pitacos sobre as possibilidades de o meia-atacante Lucas, com quem trabalhou na Seleção Sub-20 e no São Paulo, jogar a Copa do Mundo de 2014. Confira o papo na íntegra.

Terra - A temporada ainda está no início, mas o Vitória começou bem em 2014, enquanto o Bahia passa por maus momentos. Estar por cima agora ajuda ou atrapalha?

Ney Franco - Acho que estar bem, em qualquer momento, já ajuda para construir um ambiente legal. Isso ajuda a construir um ambiente de trabalho mais leve e tranquilo, e os jogadores vão ganhando confiança. A gente sabe que, no futebol, se você começa uma temporada com bons números, como no nosso caso, nos jogos que disputamos, o trabalho começa a progredir. Nós, eu e os jogadores, sabemos que a equipe ainda pode melhorar e render mais tecnicamente. Queremos fazer o time jogar um futebol semelhante ao do final da última temporada. Mas não temos de achar que se um time está bem, o outro tem que estar mal. O ideal é que as duas equipes do Estado estejam bem.

Terra - Quais os objetivos concretos para o Vitória neste ano, já que o time disputa cinco competições?

NF - Vamos por etapas. Disputamos a Copa do Nordeste (foi eliminado na última quinta, em duelo contra o Ceará) e o Campeonato Baiano buscando o título. No Estadual, respeitamos as outras equipes, mas pelo que vimos, a tendência é mesmo a de que Bahia e Vitória lutem pelo título. Depois, nas outras competições (Brasileiro, Sul-Americana e Copa do Brasil), o grande desafio que estamos desenvolvendo com nossos atletas é o da possibilidade de colocar o Vitória na Copa Libertadores em 2015. É o nosso grande objetivo nesta temporada e temos três caminhos para isso: o título da Copa do Brasil ou da Sul-Americana e chegar entre os três primeiros no Brasileiro. Pela qualidade do elenco, pelo trabalho que está sendo desenvolvido e pela nossa proposta de jogo, podemos ambicionar isto. Tenho falado com os jogadores que devemos ter como referência o segundo turno do Brasileiro passado, no qual fizemos a melhor campanha deste período, juntamente ao Cruzeiro. Temos condições de repetir a nossa campanha.

<p>Ap&oacute;s passagem de altos e baixos no S&atilde;o Paulo, Ney Franco vive &oacute;timo momento no Vit&oacute;ria</p>
Após passagem de altos e baixos no São Paulo, Ney Franco vive ótimo momento no Vitória
Foto: Felipe Oliveira/EC Vitória / Divulgação
Terra - Falar em objetivos de final de ano, no futebol do Brasil, é como traçar planos de longo prazo. Você já chegou a ser sondado por Santos e Fluminense, e caso o seu trabalho continue rendendo frutos, é provável que novas ofertas cheguem. O que foi conversado entre você e os diretores do Vitória sobre uma possível saída, nessas condições?

NF - Quando um treinador sai de um clube, normalmente é por dois motivos: ou por os resultados não estarem bons ou porque o treinador decide sair. Espero ter a competência para desenvolver um projeto bom neste ano no Vitória, para que eu não caia nesse caminho de ter resultados insatisfatórios e que o clube resolva me dispensar. Quando um treinador decide deixar o clube, existem duas possibilidades: porque chegou uma proposta de outro clube ou porque o treinador não se sente à vontade no ambiente de trabalho. Acho que isso não irá acontecer no Vitória. Nesse momento, não penso que o clube pense em me demitir e também estou muito satisfeito com o meu trabalho aqui no Barradão. Quando fui procurado pelo Vitória, me ofereceram um contrato até o final de 2013, mas sugeri que o contrato durasse mais um ano. Eles aceitaram a sugestão. Da minha parte, farei de tudo para fechar o ano aqui, e só depois definir o que farei em 2015.

Terra - O Vitória fez esforços para segurar e renovar com alguns jogadores, como Juan e Escudero. Porém, com Maxi Biancucchi, que viveu situação contratual similar à de Escudero, não se chegou a um consenso. Nos bastidores, se comentou que o Vitória teria feito menos esforço para continuar com o atacante porque, sem ele entre os titulares, a equipe viveu o melhor momento no Brasileiro. Houve, de fato, alguma influência disso?

NF - Acertadamente, renovamos com o Escudero, que se esforçou muito para poder ficar aqui no clube. Porém, houve essa infelicidade (lesão) e ele só vai poder retornar em alguns meses. Pelo que sei, o clube também teve grande empenho para renovar com Maxi, mas depois surgiram entraves e as negociações emperraram. O que posso dizer é que, como treinador, sugeri a renovação com os dois atletas. Como treinador, tenho que respeitar o fato de as tratativas com o Maxi não terem avançado, até porque não adianta trabalhar com uma das partes insatisfeita, seja o clube ou o jogador. Gostaria que o Maxi estivesse conosco, porque é um jogador talentoso e poderia nos ajudar nesta temporada. Respeito a decisão das partes, e já estamos observando alguns jogadores que já estão atuando e estudando reforços para substitui-lo.

Terra - A ida de Maxi Biancucchi justamente para o rival Bahia repercutiu mal no grupo do Vitória?

NF - Não, não afetou em nada. Nenhuma interferência negativa nem positiva. O Maxi tem bom relacionamento com muitos dos jogadores que estão aqui, e eles sabem que a escolha foi feita por motivos profissionais e financeiros.

Terra - Escudero se lesionou e vai perder parte da temporada. O Vitória vai ao mercado ou inicialmente o pensamento é de colocar alguém da base, como Mauri ou José Welison, para substitui-lo?

NF - O Vitória já tinha necessidade para a posição do Escudero mesmo antes de ele se lesionar. Tivemos reuniões internas e chegamos a essa conclusão. Só que tenho passado muita tranquilidade para a diretoria para que a gente tenha responsabilidade na hora de contratar. Não adianta contratar por contratar, e depois o cara fica encostado no clube. Estamos acompanhando alguns jogadores, mas já disse à diretoria que o elenco que temos é suficiente para disputarmos o Baiano e a Copa do Nordeste. Para o Campeonato Brasileiro, precisamos de contratações, e isso será feito. Não podemos divulgar esses nomes, porque à medida em que esses nomes se tornam públicos, chamamos a atenção de outros clubes e o jogador acaba ficando mais disputado e valorizado. Creio que no máximo até a semana que vem, anunciaremos dois ou três atletas. Precisamos de qualidade e quantidade para a continuidade do ano. (na sexta, o Vitória confirmou a chegada do meio-campista Hugo para o setor).

Terra - Outra opção para substituir Escudero, que já vinha sendo até utilizada por você, é o adiantamento de Juan para o meio-campo. Ele já declarou algumas vezes que prefere jogar na lateral esquerda, que é a posição de origem, mas sempre que ele atua no meio, a equipe funciona bem. Isso serve para que alguns jogadores jovens, como Euler e Mansur, também possam evoluir?

NF - É, funciona. Hoje, acredito que a melhor alternativa à lesão do Escudero é jogar com o Juan no meio-campo. Hoje o Juan já está entendendo melhor essa questão e já fez o Ba-Vi com este pensamento. Ele jogou bem, e além de ter feito o nosso gol, fez uma boa partida, com bom posicionamento tático e se apresentando para o jogo. Temos outras alternativas, estamos observando os jogadores da base, também. Nesse Ba-Vi, entramos em campo com quatro da base (Matheus Salustiano, Euler, José Welison e Mauri), o que é um número elevado, e todos jogaram bem. Acho que nesse momento, na base, não tem nenhum jogador preparado o suficiente para substituir o Escudero na ligação, mas estamos testando os garotos. Além deles, também tem o Felipe, que teve uma lesão no início da temporada, mas tem treinado muito bem e pode ser uma opção para o setor.

Terra - E o Vitória ainda teve mais um da base no banco. O volante Marcelo, que foi titular em alguns jogos na Série A do ano passado, tem mais concorrência e está perdendo espaço com o crescimento de outras promessas?

NF - Não, o Marcelo não perdeu espaço. Ele teve uma lesão que o afastou por seis semanas, e ainda está sem ritmo de jogo, por isso foi relacionado para o banco contra o Bahia. Na minha ideia de time para este Vitória, ele vai ser titular, pela qualidade técnica e pelo que já demonstrou dentro de campo. Esse "espaço perdido" aconteceu muito em função dessa lesão sofrida. Mas quando estiver bem, tende a ser titular.

Terra - Na própria base, o Vitória tinha Arthur Maia, que joga na mesma função de Escudero, que teve uma boa Série B, em 2011, mas não explodiu. Por que o clube preferiu não apostar no jogador e o emprestou ao América-RN, alguns dias antes da lesão do argentino?

NF - O Arthur é uma grande promessa do Vitória e já teve algumas oportunidades. Saiu por empréstimo, fechou a temporada de 2013 conosco e fez a pré-temporada conosco, até jogando na Copa do Nordeste. Houve essa proposta do América, e mesmo carentes de opções para o setor, preferimos emprestá-lo. É um jogador que quando estiver mais maduro, com mais cancha, de repente pode ser a vir um titular do Vitória. Nesse momento, preferimos emprestá-lo mais uma vez.

Terra - No seu trabalho no Vitória, você conseguiu recuperar o futebol de alguns jogadores que vinham em má fase, como Dinei e Marquinhos, que foram bem no clube em passagens anteriores, mas não renderam fora da Bahia, e Juan, que teve ótimos anos no Flamengo, mas vinha em baixa. Qual o tipo de trabalho que você realizou com esses atletas?

NF - O Juan eu tiraria dessa lista, porque teve cinco anos excelentes no Flamengo, com títulos conquistados, como a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. Não foi bem no São Paulo, mas é tecnicamente muito bom. Aqui, encontrou um ambiente muito bom para trabalhar e foi eleito um dos melhores laterais da competição. Talvez só não tenha sido o melhor porque não começou a temporada no Vitória. Os casos de Marquinhos e Dinei são diferentes. O Dinei fechou o Brasileiro com 16 gols, que é um índice muito alto. O Marquinhos também fechou o campeonato muito bem. Posso falar do período em que trabalhei com eles.

Não sei que tipo de problemas eles tiveram anteriormente, mas desde que cheguei aqui, os vi se motivando, e com confiança. E confiança, estar em um ambiente legal, são coisas importantes para evoluir no futebol. O Marquinhos é um atleta que conheço desde novo, que me chamou a atenção desde 2009, quando surgiu bem no Vitória. Desde que cheguei, cheguei com o pensamento de que ele iria ser titular no meu time. Soube que ele não vinha jogando muito e também não muito bem, e quando ele viu essa oportunidade, ele se esforçou para ganhar a vaga. No caso do Dinei, já tinha trabalhado rapidamente com ele no Atlético-PR. Gosto do estilo dele: atacante de área, que sabe prender os zagueiros, fazer a parede e servir os jogadores que vem de trás, além de finalizar bem, de perna direita ou de cabeça. Montamos uma forma de jogar para que ele trabalhasse dentro da área, e surtiu efeito, juntamente aos esforços e a vontade de vencer dos atletas. Então, acho que eles estão treinando forte, e com um ambiente bom, no qual eles tem confiança e sabem que irão jogar, rendendo como estão, acabam colhendo frutos.

Terra - Nessa semana, você chegou a comentar que aprovaria a chegada do atacante Souza, que está no Bahia. Caso ele chegue, seria uma sombra para Dinei?

NF - Acho que todo jogador tem que chegar para brigar por uma vaga no time. O Dinei está em um momento muito bom, mas o Souza chega para brigar com ele. Posso até, em um determinado momento, pela característica dos dois, colocá-los em campo para jogarem ao mesmo tempo. Mas prefiro falar do Souza apenas se ele for contratado de fato. Esqueçam nomes, do Souza ou qualquer um. Estamos precisando de um atacante que faça essa posição que o Dinei faz, porque se perdermos o Dinei por algum motivo, teremos dificuldade para a reposição. O Alan Pinheiro, que é um jovem que temos aqui, tem características um pouco diferentes: sai mais da área, procura mais o jogo, assim como William Henrique. Então o perfil que procuramos é mais próximo ao do Souza.

Terra - Deixando um pouco o Vitória de lado, vamos falar um pouco sobre outras questões. O Lucas foi um jogador que rendeu muito com você tanto na Seleção Sub-20 como no São Paulo. Apesar de seguir na Seleção, tem perdido espaço com Felipão e sido questionado pelo desempenho no PSG. O que pode falar sobre ele? Como tem visto a passagem dele pela Europa?

NF - Acho que nos últimos jogos ele tem jogado bem. Para mim, o problema é que tentam comparar o Lucas com o Neymar. O Lucas tem um potencial enorme, e acho que vai ser um dos grandes nomes do Brasil, principalmente na Copa de 2018. Acho que ele tem tudo para se firmar como um dos grandes jogadores brasileiros na Europa e Seleção. Não sei quais as experiências internas que ele teve na Seleção e que podem ter atrapalhado. Ele ainda está em fase de amadurecimento, mas tem muita força física e aplicação pelo lado direito do campo. Por ter trabalho com ele na Seleção e no São Paulo, tenho a expectativa de vê-lo jogando bem, porque tive boas experiências com ele e sei que tem muito potencial. Mas o futebol vive de bom desempenho dentro de campo e a Seleção Brasileira é muito concorrida. É difícil que você tenha uma queda de rendimento e não perca a vaga. Vejo no Lucas um bom potencial para jogar já nessa Copa, mas não seria surpresa se ele ficasse de fora, pelo alto número de bons jogadores. Se ele não jogar agora, tenho certeza que ele pode jogar em 2018, mais maduro e experiente.

<p>Ney Franco aposta em protagonismo do ex-pupilo Lucas na Copa do Mundo de 2018</p>
Ney Franco aposta em protagonismo do ex-pupilo Lucas na Copa do Mundo de 2018
Foto: Terra
Terra - Fala-se muito que o Lucas teria se desmotivado, por não estar jogando bem e por estar perdendo espaço para os concorrentes. Quando você trabalhou com ele, você sentiu alguma dificuldade de motivá-lo quando ele estava em momentos negativos?

NF - Pelo contrário. O Lucas tem uma força mental muito grande e que, inclusive, se sobressai porque, além da qualidade técnica, se entrega muito ao jogo. Acho que até por se entregar muito, pode até perder um pouco a cabeça. Ele é muito confiável nesse sentido, tem grande senso de disciplina tática. Por vezes, acontece de todo o grupo não jogar bem, e isso afetar um pouco o jogador, que esteve em campo nessas oportunidades. Mas ele tem totais possibilidades de dar a volta por cima.

Terra - Como você viu a entrada do Alexandre Gallo em um projeto semelhante ao seu na Seleção Sub-20? Como acha que está o desempenho? Ele te procurou para falar a respeito do projeto?

NF - Confesso que desde que deixei a Seleção, não tenho acompanhado muito o trabalho nas categorias de base, por causa de todo esse ambiente de trabalho diário, competições, clube, viagens e tudo o mais. Dois ou três dias depois que o Gallo assumiu, almoçamos juntos em São Paulo e passei a ele as minhas visões de trabalho e o que acho do trabalho de base da CBF. Não tive mais contatos depois, mas pelo que ouço falar, o trabalho está sendo feito com muita segurança. Ele é um homem de segurança principalmente da parte executiva da CBF e parece que está ajudando o Felipão na seleção principal, também, como olheiro. O trabalho parece ser bom.

Terra - Como você vê o trabalho da CBF nas seleções de base, sobretudo na escolha dos técnicos? Recentemente, o Cláudio Caçapa assumiu a Seleção Sub-15 sem ter experiência anterior como treinador. Como você vê isso?

NF - É difícil a gente falar de um profissional que a gente não conhece. Conheço o Caçapa como jogador e ele foi um excelente zagueiro. Foi uma contratação feita pelo Gallo, que como coordenador deve ter experiência com o Caçapa e viu nele o potencial para treinar as seleções de base do Brasil. Imagino que a escolha deva ter sido feita com segurança. Logicamente, para exercer essa função, tem de estar no mercado e conhecer bem as categorias de base. Se ele for uma pessoa aberta para estudar e começar a rodar por todas as competições, tem tudo para dar certo nessa profissão e ajudar as categorias de base do Brasil.

Fonte: Paço Virtual - Comunicação, Consultoria e Projetos LTDA - ME - Especial para o Terra Paço Virtual - Comunicação, Consultoria e Projetos LTDA - ME - Especial para o Terra
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