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Vôlei

Assediadas, jogadoras do Sollys driblam calor árabe e "abandonam" shorts

11 out 2012 - 08h06
(atualizado em 22/10/2012 às 19h22)
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Vinícius Paleari
Direto de São Paulo

Vestuário comum entre as jogadoras de vôlei em momentos de descanso, antes ou após as partidas, o popular "shortinhos" pode ter um significado muito diferente em países árabes. Classificadas pelo terceiro ano consecutivo para a disputa do Mundial de Clubes em Doha, no Catar, as brasileiras do Sollys/Osasco têm que driblar o calor e utilizar calças para evitar um mal entendido.

"Eles pensam que nós somos prostitutas", comentou a ponteira Jaqueline, referindo-se ao uso de poucas peças de roupa. "Eu já fui ao shopping em Doha (no Catar) e os homens já ficam loucos quando veem as brasileiras, agora imagina com esse shorts. Lá a coisa é bem diferente porque as mulheres só usam burcas", completou.

A recomendação da comissão técnica do Sollys/Osasco é utilizar shorts apenas durantes os jogos, enquanto a calça é peça praticamente obrigatória em outras atividades da equipe na cidade árabe, mesmo que para isso as jogadoras tenham que enfrentar um calor de 40º.

"A gente passa uma orientação porque são países com culturas diferente. Desta forma, estamos falando para as jogadoras, quando forem sair do hotel, vestirem uma calça e não de short curtinho. Isso tudo em respeito à cultura deles, que é diferente da nossa", afirmou o técnico Luizomar de Moura.

Orientadas desde a primeira vez que estiveram em Doha (2010), as brasileiras já tiveram muita dor de cabeça por "não cumprirem as regras". Quando disputou a edição de 2011, a levantadora Karine recordou um dia quando estavam na fila de um mercado e uma senhora começou a gesticular e a falar alto (em árabe). Naquela ocasião, a mulher disse estar se sentido humilhada pelas brasileiras, que utilizavam shorts em um dia típico em Doha.

"É uma cultura muito fechada", comentou a levantadora. "Nós já tínhamos sido aconselhadas pela comissão técnica a usarmos calças quando estivéssemos visitando a cidade, mas não obedecemos. Agora, shorts nunca mais", brincou Karine, que ainda concordou com a local: "ela está no país dela e não é todo mundo que é acolhedor como o brasileiro".

Para a oposta Sheilla, que após os Jogos Olímpicos de Londres realizou um ensaio sensual com uma bola de vôlei e as duas medalhas olímpicas, além de ter sido capa da revista Vip de outubro, esse tipo de assédio já virou uma rotina na vida das jogadoras.

"É uma coisa normal e a gente respeita esses admiradores. Principalmente quando um homem vê uma atleta e alta, que chama a atenção", disse Sheilla, que também fotografou no Rio de Janeiro para um book pessoal. "Acho que toda a mulher brasileira já está acostumada", comentou.

O Mundial de Clubes acontece entre 13 e 19 de outubro e a estreia do Sollys/Osasco será contra o Bohai Bank, da China, no dia 14 de outubro, domingo, às 4h (de Brasília).

Vice-campeã em 2010, a ponteira Jaqueline disse que as brasileiras chamam a atenção dos homens no Catar
Vice-campeã em 2010, a ponteira Jaqueline disse que as brasileiras chamam a atenção dos homens no Catar
Foto: Fernando Borges / Terra
Fonte: Terra
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