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Vôlei

Confuso? Entenda maluquice que pôs Brasil em grupo da morte

16 set 2014 - 07h50
(atualizado às 07h54)
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Nove vitórias em nove jogos. A Seleção Brasileira masculina de vôlei chegou à terceira fase do Campeonato Mundial com a melhor campanha da competição disputada na Polônia. Nada mais justo, então, que ganhar algumas “regalias” na parte final do torneio, como prêmio por ter sido superior a todas as outras seleções até aqui, certo? Não. Para a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) este raciocínio parece muito simplório. Prova disto é que, com um regulamento que beira a maluquice, colocou os comandados de Bernardinho no grupo mais difícil da competição em seu momento mais decisivo, apenas para manter privilégios à dona da casa, Polônia - que incrivelmente também acabou "prejudicada".

O fato, embora pareça complexo, pode ser compreendido. Vinte e quatro seleções começaram a disputa do Campeonato Mundial de vôlei divididas em quatro grupos. As quatro melhores colocadas de cada chave avançaram para a segunda fase, que repartiu as 16 equipes classificadas em outros dois grupos. Times que se cruzaram na parte inicial do torneio formaram a mesma chave, mas não puderam se enfrentar na fase intermediária. Quatro jogos depois, nova fase: a terceira e mais polêmica delas.

Os três primeiros colocados de cada grupo chegaram à terceira fase, que será disputada a partir desta terça-feira por meio de dois triangulares – apenas o último colocado de cada triangular será eliminado, não podendo jogar semifinal e final. Como cabeça de chave de cada triangular, os líderes de cada chave da segunda fase. Estes foram Brasil e França. Para conhecerem seus rivais na terceira fase, houve um sorteio.

Este sorteio teve uma condição - de acordo com a tabela original do torneio: que dois segundos colocados não ocupassem o mesmo triangular, para evitar uma discrepância entre eles. Mas foi exatamente isto o que aconteceu. O Brasil (1º colocado do Grupo F) caiu no mesmo grupo de Rússia (2ª colocada do Grupo F) e de Polônia (2º colocada do Grupo E), enquanto a França (1ª colocada do Grupo E) enfrentará Irã (3º colocado do Grupo E) e Alemanha (3ª colocada do Grupo E) na terceira rodada. O motivo? Uma segunda condição do sorteio, que bagunçou tudo e acabou “prejudicando” Brasil e Polônia, quando tentava apenas beneficiar os anfitriões e deveria “aliviar a vida” dos brasileiros.

<p>Polônia teria o privilégio de não viajar para jogar a terceira fase, mas acabou estranhamente sorteada em um grupo com Brasil e Rússia</p>
Polônia teria o privilégio de não viajar para jogar a terceira fase, mas acabou estranhamente sorteada em um grupo com Brasil e Rússia
Foto: Fivb / Divulgação

Como dona da casa, a seleção polonesa teria que, obrigatoriamente, jogar em Lodz na terceira rodada do Campeonato Mundial. Esta era a segunda condição do sorteio. Para que isto acontecesse sem grandes consequências à randomização, bastaria que a Polônia se classificasse em primeiro lugar na segunda fase. Não foi o que aconteceu.

Ela ficou em segundo – o que a faria jogar em Katowice. Porém, como os donos da casa já haviam sido sorteados no grupo H, do Brasil, a FIVB simplesmente inverteu as cidades e colocou Lodz como sede da chave H. Depois, ignorando a tabela original do torneio, selecionou a segunda colocada Rússia, também via sorteio, e deixou o grupo de Brasil e de Polônia com uma primeira colocada e duas vice-líderes. Uma confusão só.

Assim, a Seleção de Bernardinho não só foi “premiada” com o grupo da morte na terceira fase do Campeonato Mundial, como também acabou obrigada a mudar de sede, tendo que viajar de Katowice para Lodz. Não bastasse isso, para se adequar à “tabela polonesa”, terá que jogar em dois dias seguidos (terça e quarta-feira). Já os donos da casa, apesar de terem se qualificado com campanha pior que a brasileira, conseguirão um dia de descanso entre os seus confrontos de terça e quinta-feira. Maluco, não?

Relembre outros três regulamentos polêmicos, mas no futebol brasileiro:

Quem coloca mais gente no estádio?

A terceira edição do Campeonato Brasileiro, disputada em 1974, teve um regulamento um tanto quanto curioso. Na primeira fase, as 40 equipes foram divididas em duas chaves com vinte clubes em cada. Os times só jogariam contra os rivais de grupo em turno único, e 24 avançariam para a segunda fase. Quem se classificaria? Os dez primeiros colocados de cada chave, mais os dois próximos na classificação independente de chave, e, pasmem, mais os dois clubes com maior arrecadação/público entre os não classificados pelos critérios anteriores. Talvez para incentivar a ida dos torcedores aos estádios, este método foi adotado e mandou Fluminense e Nacional-AM para a segunda fase.

Cartões amarelos da discórdia

Um dos torneios mais tradicionais da última década, o Rio-São Paulo já teve seus rumos decididos pelo número de cartões amarelos. Isto aconteceu em 2002, em pleno clássico entre São Paulo e Palmeiras na fase semifinal. Após empates por 1 a 1 e por 2 a 2, a vaga na decisão foi determinada por um regulamento esdrúxulo, no qual o primeiro critério de desempate era o número de cartões de cada fase. O Palmeiras acumulou mais advertências (sete contra quatro) e viu o rival avançar à final, na qual perderia para o Corinthians.

No Pernambuco, 3 a 0 é igual a 1 a 0

A edição 2014 do Campeonato Pernambucano teve imensa polêmica graças ao regulamento bizarro que apresentou, principalmente, nas semifinais. O motivo? O saldo de gols não seria critério de desempate. Um time que vencesse por 10 a 0 no primeiro jogo e perdesse por 1 a 0 na volta teria que ir para a disputa de pênaltis. O regulamento foi votado e aprovado em 2013, e os únicos times contrários a isso foram Sport e Santa Cruz.

Curiosamente, foram ambos que se envolveram em confronto que externou a fragilidade do regulamento. Na semifinal, o time tricolor venceu o jogo de ida por 3 a 0, a equipe rubro-negra triunfou por 1 a 0 na volta e, mesmo assim, levou a disputa para as penalidades. Nelas, melhor para o Sport, que, apesar de ter sido superado por dois gols a mais nas semifinais, avançou à decisão e faturou o 40º título estadual de sua história.

Fonte: Terra
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