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Vôlei

Holanda inova com Mundial em pontos turísticos fora da praia

2 jul 2015 - 12h04
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Mundial de Vôlei de Praia: a lógica indica construir arenas na praia, perto do mar e das origens do esporte. Mas a Holanda, país-sede do evento que termina no próximo domingo (5/7), resolveu inovar. Não só dividiu o torneio em quatro sedes – até a última edição era apenas uma – como não montou nenhuma estrutura na areia de sua costa.

Navio é parte do cenário da quadra de Roterdã
Navio é parte do cenário da quadra de Roterdã
Foto: Giuliander Carpes / Especial para Terra

Os lugares escolhidos para serem palco da competição têm alto apelo turístico, como a Praça Dam, no coração de Amsterdã, ou o SS Rotterdam, navio de cruzeiros que no passado fazia a linha Holanda-Nova York e hoje funciona como hotel. A inovação holandesa está exatamente aí: em tentar gerar promoção para as atrações do país em áreas de grande circulação de turistas - outros eventos, inclusive o da Olimpíada de Londres, já foram realizados em locais sem praia.

“Todas as cidades estão muito orgulhosas de receber o evento, então escolheram lugares especiais com os quais elas poderiam se promover. Isso é o mais importante. A televisão está mostrando para todo o mundo essas arenas nesses locais icônicos”, afirmou a ex-jogadora holandesa Rebekka Kadijk, porta-voz da organização do evento.

O palco de Amsterdã é um dos que mais chama a atenção. Para 2 mil pessoas, foi construído de frente para o Palácio Real e o prédio histórico que abriga o museu Madame Tussauds. Os milhares de turistas que passam pelo local ficam surpresos com a novidade em pleno centro da cidade e muitos acabam seduzidos pela curiosidade de assistir a competição. Os próprios jogadores se sentem um pouco turistas em quadra.

“É a coisa mais linda. Sou apaixonada pela Holanda, pela maneira do holandês de viver, a organização que tem aqui, e estar aqui jogando no meio disso tudo. O Brasil é um país tão novo, a gente não tem essas construções lindas. A gente vai sacar e está de frente para o Palácio Real, um monumento maravilhoso”, disse a brasileira Maria Elisa, atual companheira da campeã olímpica Juliana.

“É muito gratificante. A gente fica feliz de ver a torcida, um monte de brasileiro, um monte de holandês, aí vêm os alemães também. A turistada toda aparecendo.”  

Em Roterdã, não só os jogos são disputados ao lado do navio de 57 anos, como os jogadores ficam hospedados no hotel criado na embarcação - ancorada na península de Katendrecht, com uma bela vista para as modernas construções da capital arquitetônica europeia de 2015 segundo a Academia de Urbanismo do continente. O SS Rotterdam tem 228 m de comprimento, 28 m de largura, 61 m de altura e 254 quartos em um ambiente luxuoso – de alguns é possível assistir as partidas do evento.

“É interessante que os jogadores têm tudo que eles precisam à disposição num único lugar. Eles não só jogam e se hospedam aqui como têm inúmeros restaurantes, salas de massagem, academia, até boate para dançar se quiserem”, brincou Rebekka.  

Prédios históricos e pontos turísticos foram escolhidos como lugares para montagem de quadras
Prédios históricos e pontos turísticos foram escolhidos como lugares para montagem de quadras
Foto: FIVB/Divulgação

O brasileiro Evandro, que faz parceria com Pedro Solberg e ocupa o segundo lugar do ranking mundial atualmente, até que gostou da novidade. “É estranho porque a gente está acostumado com hotel. Os quartos são um pouco pequenos. Mas está sendo divertido, conhecemos todo o navio. Nunca tinha entrado num navio desses”, contou o jogador de 2m10 de altura. 

“Por mais que o barco não esteja em atividade, foi bem legal ficar hospedado ali. É bem legal a história dele também (de fazer a rota Roterdã-Nova York por 47 anos). É uma experiência que vai ficar guardada com carinho na memória.”

Haia montou a maior arena do evento – palco da fase final –, com capacidade para 5,5 mil pessoas, numa plataforma flutuante em pleno lago Hofvijver, de frente para o parlamento holandês. A curiosidade é que a cidade tem a praia mais frequentada pelos holandeses em dias quentes do verão europeu, Scheveningen, mas preferiu construir um estádio no centro da cidade e longe do mar. “É mais fácil para o público chegar à arena com transporte público no local onde foi montada”, explicou Rebekka.

Atletas gostaram da mudança
Atletas gostaram da mudança
Foto: Giuliander Carpes / Especial para Terra

Apeldoorn é a menos conhecida das cidades holandesas que sediam a competição, mas sua escolha também foi motivada por fatores estratégicos de promoção do turismo. Ela fica na região de Veluwe, que tem a maior reserva natural do norte da Europa. É um destino popular para caminhadas e ciclismo em meio à natureza. Ali também está o Het Loo Palace, antiga residência de verão da coroa holandesa e hoje um museu nacional. A arena de vôlei de praia foi montada na Market Square, a uma caminhada de menos de 10 minutos da estação central de trem de Apeldoorn.

O resultado: arenas com bom público mesmo nas rodadas iniciais e durante jogos de menor expressão. “Em outros mundiais, havia partidas praticamente sem público no início da competição. Aqui a arena está sempre com pelo menos metade da capacidade ocupada. E as arenas têm ficado completamente lotadas para as partidas de duplas holandesas”, avaliou Rebekka. 

Fonte: Especial para Terra
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