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Vôlei

Wallace esquece racismo e conta com torcida fiel na Superliga

27 mar 2012 - 07h27
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Allan Brito
Direto de São Bernardo

Há 27 dias, Wallace, oposto da Seleção Brasileira de vôlei e do Sada/Cruzeiro, foi vítima de um ato de racismo em um jogo da Superliga. O tempo passou, a pessoa que cometeu esse crime não foi identificada e agora ele tenta esquecer essa história. Na última sexta-feira, ele participou da derrota do seu time, por 3 sets a 1, diante do BMG/São Bernardo. Depois do jogo, ele pouco quis falar sobre o assunto e só disse que já superou esse problema. Sua mãe, uma torcedora fiel e sempre presente em seus jogos, também afirmou que o filho esqueceu a polêmica. Porém, o acontecimento lamentável ainda irrita a família.

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Mãe de Wallace, Gleici, 50 anos, contou que o jogador realmente se incomodou por ter sido chamado de "macaco" no jogo contra o Vivo/Minas. "Eu fiquei muito triste na hora. Porque no Brasil de hoje você não tem nenhuma raça pura. Então é complicado. Na hora ele ficou abalado, mas depois...", afirmou ela, antes de ser interrompida pelo filho, que não queria se estender sobre o assunto.

Visivelmente irritado, Wallace reclamou: "só quando aconteceu a tragédia vieram falar comigo. Quando estava tudo bem, antes disso, ninguém vinha falar. Depois, veio todo mundo, um monte de gente me ligou. Tem que parar com esse assunto", reclamou ele, apoiado pelo seu tio, que estava na quadra e também se incomodou com a história. "O problema é a impunidade. A pessoa faz isso porque sabe que no Brasil não vai dar em nada".

Wallace afirmou também que não se sente incomodado e nem vai deixar isso atrapalhar seu jogo futuramente. "Eu não ligo. Se acontecer de novo, vai entrar por um ouvido e sair pelo outro", prometeu ele, que enfrentou uma torcida adversária barulhenta em São Bernardo, mas dessa vez sem ofensas.

E, se Wallace precisar de força para superar de vez o problema, sabe que poderá contar com a família para isso. Seus pais e seus tios costumam acompanhar todos jogos, mesmo morando em São Paulo. Gleici afirmou viaja para Minas Gerais com frequência. "A gente vê ele muitas vezes. Vamos sempre para os jogos e sempre vemos ele jogar", contou.

O apoio vem desde o começo da carreira. Gleci contou que Wallace começou a jogar vôlei apenas de brincadeira, na escola, mas logo começou a levar o esporte a sério. Ele passou em uma peneira no Centro Olímpico e vieram as primeiras viagens. "A gente passou a ir para Americana, para Jundiaí, para todos lugares para acompanhar ele", contou a mãe, que se orgulha da carreira do filho. "Ele fez tudo certinho", comemorou.

Atualmente, Wallace está em evidência também por conta do vôlei. Ele costuma defender a Seleção Brasileira e está cotado para jogar a Olimpíada de Londres. Antes disso, porém, vai tentar ser campeão da Superliga com o Sada/Cruzeiro. O time mineiro enfrentará o São Bernardo em casa, no próximo domingo, em busca de uma vaga na semifinal da competição.

Portanto, Wallace contará não só com o apoio da sua família, mas com toda torcida do Cruzeiro na quadra. "Para o próximo jogo acho que o fator casa já vai ser fundamental", apostou ele, que não quer saber mais de torcida hostil em seus jogos.

Wallace tenta esquecer ato de racismo que sofreu no jogo contra o Vivo/Minas
Wallace tenta esquecer ato de racismo que sofreu no jogo contra o Vivo/Minas
Foto: Alexandre Arruda/CBV / Divulgação
Fonte: Terra
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