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Superliga Masculina

Com 2,10m, Lucão conta sufoco sofrido em aviões e explica saída do RJX

15 dez 2013 - 12h15
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Meio de rede da Seleção trocou o campeão RJX pela equipe paulistana do Sesi
Meio de rede da Seleção trocou o campeão RJX pela equipe paulistana do Sesi
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Um dos principais nomes da conquista do título da Superliga Masculina pelo RJX, o meio de rede Lucão foi a grande baixa da equipe para a temporada 2013/14. Em entrevista exclusiva ao Terra, o principal jogador da Seleção Brasileira na final da Copa dos Campeões, da qual a equipe de Bernardinho saiu campeã, explica que a troca do time carioca pelo Sesi tem um motivo: segurança financeira e técnica.

Após a empresa OGX, do empresário Eike Batista, deixar de ser o patrocinador do atual campeão da Superliga, o time do Rio de Janeiro mudou o nome e vive uma situação financeira desconfortável. Segundo Lucão, sua saída da Cimed e do Vôlei Futuro já haviam ocorrido pelo mesmo motivo. 

Além de explicar a mudança de equipe, Lucão comentou ao Terra, alguns outros assuntos como a dificuldade em conseguir viajar nas classes econômicas de avião com 2,10m de altura, sobre a fase de líder que vem assumindo dentro da Seleção Brasileira e sobre a recente "freguesia" para a Rússia nas competições internacionais. 

Confira a entrevista exclusiva com o meio de rede da Seleção e do Sesi:

Terra - Recentemente, você postou uma foto no retorno de uma partida do Sesi em que estava com as pernas no corredor do avião porque não cabia no banco. As meninas do vôlei passaram por uma polêmica recente com a CBV por conta de um episódio semelhante. Como você viu a polêmica? O quanto prejudica uma viagem em classe econômica para o desempenho em quadra? Vocês do masculino também tem esse acordo de campeões olímpicos viajarem em executiva?

Lucão - 

Com certeza prejudica, se for fazer um voo para a Europa, como a gente faz muitas vezes, hoje eu tenho a oportunidade de viajar de executiva. Mas antes quando a gente viajava de econômica, muitas vezes a gente não conseguia pegar nenhum corredor para esticar as pernas. Então era muito difícil. Você chegava de uma viagem de 12 horas parecia que você estava há 48 horas, com dor nas costas, dor nos joelhos. Então fica muito complicado. E a gente tem sorte que aquilo ali é um período muito curto, mas mesmo assim é uma coisa que incomoda, porque as pernas não entram na poltrona, então, além de atrapalhar a gente, atrapalha quem está do nosso lado e na frente. Eu sentia na pele que quando eu viajava de econômica chegava de um jeito nos outros países para a competição, hoje eu chego de um jeito que daqui duas, três horas já estou apto para treinar, antes eu demorava dois, três dias para conseguir se recuperar da viagem. Então acho que é um investimento que a CBV faz

(Lucão afirmou que a equipe masculina também tem acordo de viajar de classe executiva em voos da Seleção Brasileira).

Terra - De 2009 para cá você atuou em quatro times distintos. Não teme ficar marcado por não criar identidade com uma equipe? Quão complicado é ficar pingando de time para time, em termos de deslocamento e no aspecto pessoal também?

Lucão - Não, porque se você for pegar todos os times que eu saí, eles acabaram, não existem mais. Então eu comecei na Ulbra, a Cimed eu saí de lá em dois anos acabou o patrocinador, mesma coisa aconteceu no Vôlei Futuro e agora no RJX, com esse perrengue que eles estão passando com o patrocinador master que saiu. No voleibol é muito difícil você conseguir criar uma identidade porque ele depende de patrocínios, não depende dos clubes.

Então, o patrocinador geralmente fecha um contrato de dois, três anos, e após estes três anos ele cai fora. Então eu sou um cara que procuro me prevenir quanto a isso. Minha vida inteira eu nunca joguei pelo maior contrato, sempre por questões de segurança: tem uma estrutura boa, tem chance de chegar nas finais, vai me pagar em dia. Sempre busquei segurança. Este foi um dos motivos pelo qual eu sempre mudei de time.

Terra - Na época do RJX, você tinha algum contato com o Eike Batista (que era o dono da equipe)?

Lucão - Não, não. Ele foi em um jogo só, de inauguração do time. O cara não tem tempo, né? Ele deve ter um milhão de coisas para resolver, eu acho que só acompanhava de longe e de vez em quando dava umas tuitadas sobre a gente.

Lucão relata sofrimento para conseguir andar dentro dos aviões por conta da sua estatura alta
Lucão relata sofrimento para conseguir andar dentro dos aviões por conta da sua estatura alta
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Terra - Como viu tudo isso que aconteceu com ele (o grupo EBX, do ex-bilionário empresário, vive grave crise financeira)?

Lucão - Ah, é difícil, né? Um dia você tem R$ 34 bilhões, um mês depois você tem R$ 74 milhões. Então para ele que era um cara visionário acaba que tudo o que estava por trás dele é desvalorizado. E não é só por causa dele, acho que todas as pessoas que estão por trás envolvidas,  em questão de trabalho, de futuro para o Brasil, porque todo mundo apostava nele para fazer com o que o Brasil crescesse. Então acho que foi um baque não só para a questão dele, mas para todo mundo aqui.

Terra - Apesar de ter alguns atletas com passagem olímpica, essa deve ser a maior renovação dentro da Seleção nos últimos ciclos olímpicos. Você foi destaque na final da Copa dos Campeões e vem sendo um dos principais nomes da equipe. Se sente como um líder dentro desse grupo ou deixa isso para Murilo, Bruninho e Dante?

Lucão - 

Acabou que eu estou começando a criar um pouco mais dessa identidade. É uma coisa um pouquinho diferente porque eu sempre fui um jogador a mais ali dentro, ajudando, com a minha responsabilidade, nunca fugi disso. E tem um ano e meio para cá que o Bernardo mesmo me exige uma cobrança mais de liderança, de levar um time. Dentro de quadra eu sou um cara extremamente fechado. Então, às vezes, este lado de ser fechado, de estar mais na minha, transparece para os outros jogadores. Mesmo eu estando focado no jogo às vezes eles percebem que estou muito preocupado com os erros. Então tive que mudar um pouco minha postura dentro disso e eu estou gostando. Eu acho que chegou a hora de amadurecer e assumir um pouco mais este papel dentro do jogo.

Terra - Por que o Brasil tem sofrido para ganhar da Rússia? Você tem pesadelos com os russos? Vocês sonham com uma possível revanche na final dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016? (A Seleção acabou derrotada, de virada, pelos russos na final dos Jogos Olímpicos de 2012, na Liga Mundial de 2013 e, mais recentemente, na Copa dos Campeões)

Lucão - 

Talvez hoje seja a nossa principal pedra no sapato. Eles estão com um time muito bom. Se você for pegar os últimos jogos o que tem acontecido é os jogadores começam o jogo, a gente consegue neutralizar muito bem estes jogadores, eles mudam o time inteiro e a gente não consegue se adaptar aqueles jogadores. Então, eu acredito que eles conseguiram um plantel muito homogêneo para fazer com que a gente não consiga se adaptar tão rápido e tentar buscar este resultado de novo. Mas com certeza é uma pedra no sapato e a gente sabe que hoje estamos atrás deles. Querendo ou não com os jogadores que tem, com a renovação que está sendo, eu acho que isso era um pouco previsto, por causa da renovação deles que foi antes. Mas acredito que em mais um, dois anos a gente se iguala com eles e em 2016 a gente tem tudo pra brigar por esta medalha de ouro.

Fonte: Terra
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