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Vôlei

Vôlei Futuro reclama de homofobia e desorganização em Contagem

4 abr 2011 - 19h47
(atualizado às 23h36)
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O Vôlei Futuro acusou gravemente o Sada/Cruzeiro por mau tratamento na cidade de Contagem, palco da primeira partida semifinal da Superliga Masculina realizada na última sexta-feira, quando acabou superado por 3 sets a 2, parciais de 25/20, 25/22, 23/25, 23/25 e 15/9. Nesta segunda-feira, o time de Araçatuba reclamou da recepção adversária e denunciou supostos atos de homofobia da torcida rival contra o jogador Michael, titular da agremiação paulista.

Segundo comunicado divulgado pela equipe, o time acabou desrespeitado desde o momento que chegou ao Ginásio Polidesportivo do Riacho. De acordo com o relato divulgado pelo time de Araçatuba, um funcionário embriagado impediu um dirigente de entrar no vestiário antes do compromisso válido pela semifinal da Superliga Masculina.

As principais denúncias do Vôlei Futuro, no entanto, ocorreram no momento em que as equipes entraram em quadra. O relato dos paulistas diz que o ginásio em Contagem recebeu uma superlotação no confronto da última sexta-feira.

"Era visível que havia excesso de lotação no ginásio, um grande número de torcedores assistiu à partida em pé das escadas que dão acesso às saídas do ginásio, obstruindo todas as passagens. (...) nada foi feito em Contagem e não poderia já que o policiamento local era inferior à necessidade de pessoas presentes", emitiu a assessoria de imprensa do Vôlei Futuro.

Entretanto, a desorganização não foi o maior dos problemas. Segundo a agremiação paulista, a torcida do Sada/Cruzeiro mostrou um comportamento agressivo, especialmente com o central Michael, vítima de gritos homofóbicos durante o confronto da última sexta-feira. O próprio jogador queixou-se do comportamento dos fãs adversários na primeira partida das semifinais.

"No jogo em Contagem eram cerca de duas mil pessoas, o ginásio estava superlotado e todos me chamando de 'bicha', 'gay' e outras ofensas. Me senti ofendido e constrangido pelo ocorrido; não eram só alguns torcedores de torcida de futebol, eram crianças, mulheres, o ginásio inteiro gritando e me ofendendo", relatou o central, que procurou o próprio clube para reclamar dos atos.

"Acho que este tipo de acontecimento não deve passar em branco, realmente me fez muito mal, acho que deve ser divulgado e discutido para que isso não ocorra com mais ninguém", completou Michael.

Sada/Cruzeiro se mostra surpreso com acusações "sem fundamentos"

Em contrapartida às acusações do Vôlei Futuro, o Sada/Cruzeiro defendeu-se das graves queixas adversárias, consideradas "sem fundamento" pelo time mineiro. Durante conversa por telefone com a reportagem do Terra, o supervisor da equipe, Luis Carlos Sales, mostrou-se surpreso com a hostilidade do relato apresentado nesta segunda-feira pelo time paulista.

"Fomos pegos totalmente de surpresa. Recebemos as acusações e estamos conversando. Não tomamos nenhum conhecimento dessas acusações no dia", relatou o dirigente do Sada/Cruzeiro, antes de passar o telefone para a assessoria do clube, que tratou de responder todas as acusações adversárias.

De acordo com o clube mineiro, profissionais da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) estiveram presentes no confronto da última sexta-feira e não verificaram nenhuma irregularidade no tratamento dado pelo Sada/Cruzeiro. Segundo o time de Contagem, a única queixa do Vôlei Futuro foi em relação ao posicionamento dos dirigentes paulistas nas arquibancadas.

A equipe mineira relatou que os diretores do Vôlei Futuro preferiram ficar em um lugar mais próximo ao banco de reservas da equipe comandada por Cezar Douglas Silva. Ao sentarem na primeira fileira da tribuna de honra, os paulistas tiveram a visão prejudicada. Segundo o Sada/Cruzeiro, a CBV e o clube sugeriram a mudança de lugar aos funcionários da agremiação de Araçatuba, mas o pedido acabou negado.

Sobre os gritos hostis a Michael, a assessoria do Sada/Cruzeiro lamentou e disse "não apoiar e nem incentivar esses atos considerados preconceituosos". A equipe, embora repudie o tratamento relatado por Michael, afirmou não ter o poder de controlar os cerca de 2 mil torcedores presentes em relação a este assunto.

O clube mineiro, inclusive, assegurou que jogadores como Leandro Vissotto e Mário Jr., campeões mundiais em 2010 pela Seleção Brasileira, tiraram fotos e deram autógrafos antes de deixarem o ginásio de Contagem, rebatendo as acusações sobre o péssimo comportamento do público.

O segundo duelo válido pela semifinal será em Araçatuba, no sábado, às 10h (de Brasília), e o clima promete ser ainda mais quente, após as reclamações do Vôlei Futuro.

Segundo o clube paulista, Michael sofreu com gritos homofóbicos no duelo da última sexta-feira
Segundo o clube paulista, Michael sofreu com gritos homofóbicos no duelo da última sexta-feira
Foto: Vôlei Futuro / Divulgação
Fonte: Terra
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