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Superliga Masculina

Na final, Michael e Wallace superam casos de preconceito

20 abr 2012 - 09h30
(atualizado às 10h16)
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Duas vítimas de intolerância por parte da torcida se enfrentarão na final da Superliga masculina de vôlei, entre Vôlei Futuro e Sada Cruzeiro, neste sábado. O central Michael e o oposto Wallace, alvos de ofensas homofóbicas e racistas, respectivamente, lamentam os ocorridos e celebram ter superado os acontecimentos para poder brigar pelo título nacional.

Michael (foto) e Wallace, vítimas de homofobia e racismo, respectivamente, superam preconceito e estão na final da Superliga
Michael (foto) e Wallace, vítimas de homofobia e racismo, respectivamente, superam preconceito e estão na final da Superliga
Foto: Getty Images

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Michael foi ofendido justamente em uma partida contra o Cruzeiro, na semifinal da competição nacional da temporada passada. Chamado de "bicha" e "gay" pelos integrantes da torcida adversária, o atleta assumiu posteriormente ser homossexual e tentou levantar a discussão contra o preconceito com o episódio.

Já na fase classificatória da Superliga deste ano, Wallace foi vítima de insultos racistas em partida contra o Vivo/Minas. Quando se preparava para um saque, ouviu uma torcedora gritar "vai lá, macaco. Volta para o zoológico".

"Eu já nem penso mais nisso. Não falo mais sobre isso, só quando me perguntam. Para mim é algo que já passou, não vale mais nada", afirmou o jogador do clube mineiro. "É esquisito, acho que todos os esportes vão estar sujeitos a isso, mas um dia vai acabar". Após o ocorrido, o Cruzeiro pegou o Minas duas vezes na semifinal e Wallace foi um dos destaques da classificação à decisão.

Assim como aconteceu com o caso de Michael, os xingamentos preconceituosos ao oposto tiveram repercussão nacional. A partida seguinte do Cruzeiro foi contra o Vôlei Futuro e todos os atletas do clube paulista entraram em quadras de camisas negras, com o nome do jogador rival nas costas.

Quando seu atleta foi ofendido, um ano antes, a equipe paulista também utilizou as camisas para demonstrar seu repúdio ao ocorrido. O líbero do time, Mário Jr., jogou a segunda partida da série semifinal contra o Cruzeiro vestido com as cores do arco-íris, símbolo do movimento LGBT. A torcida da equipe de Araçatuba recebeu da direção do clube bastonetes rosas e também levantou uma bandeirão com os dizeres "Vôlei Futuro contra o preconceito".

"Não que me assuste, mas é chato que isso aconteça mesmo depois do meu caso, de a gente ter ido à imprensa e falado, ainda ter acontecido com o Wallace. É uma coisa muito triste, não dá para aceitar", afirmou o central Michael, que nega ter problemas em enfrentar o Cruzeiro por conta dos ocorridos de 2011.

Apesar da lamentação pelos episódios em dois anos seguidos na Superliga, as vítimas das ofensas celebram o fato de terem lidado bem com a situação. Hoje, os dois estão entre os principais destaques de suas equipes, que podem conquistar a competição nacional pela primeira vez.

Na última temporada, o Cruzeiro levou a melhor sobre o Vôlei Futuro na semifinal e avançou à decisão, em que foi derrotado pelo Sesi. Wallace, segundo maior pontuador da Superliga, acredita que este ano ele e o restante do time chegam à final mais preparados.

"A gente não pode vacilar, não pode dar muitos pontos para eles. Pelo menos eu estou melhor do que no ano passado, evolui um pouco e aí fica mais fácil de fazer seu próprio jogo. É a experiência, você ganha uma cabeça mais fixa e começa a encarar com mais naturalidade", avaliou Wallace, segundo maior pontuador da Superliga também este ano.

Mais experiente, Michael já sentiu a alegria de conquistar o título da Superliga uma vez. Ainda em início de carreira, ele integrava a equipe do Banespa, campeão da competição nacional em 2004/2005. Hoje, é um dos atletas de referência do Vôlei Futuro, ao lado de Ricardinho, Lorena e o cubano Camejo.

"Na época eu tinha que jogar mais como garoto, dar na bola forte, e a responsabilidade estava com os caras mais velhos. Hoje a situação é inversa, sou um dos que têm que decidir, que ajudar, mas estou preparado para isso. Trabalhei muito e espero ajudar", afirmou.

A final entre Vôlei Futuro e Sada Cruzeiro está marcada para as 10h (de Brasília) de sábado, no Ginásio Poliesportivo de São Bernardo do Campo. As equipes se enfrentaram duas vezes na fase classificatória da Superliga e o time mineiro ficou com a vitória em ambas.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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