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Webber relata amizade com Armstrong e diz: "nos tratou como idiotas"

29 jan 2013 - 11h43
(atualizado às 11h51)
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Piloto da Red Bull desde 2007, Mark Webber já foi um grande fã e amigo pessoal de Lance Armstrong. Em sua coluna publicada no site da rede britânica BBC, o australiano relata que desconfiava do doping do americano antes mesmo de ele confessar o uso de substâncias proibidas para conquistar o heptacampeonato da Volta da Franla, o que fez neste mês de janeiro.

Ex-amigo de Armstrong, Webber costuma usar ciclismo como preparação para a F1
Ex-amigo de Armstrong, Webber costuma usar ciclismo como preparação para a F1
Foto: Getty Images

Fã de ciclismo, Webber utiliza a preparação em bicicletas como parte de seu treinamento e passou a admirar bastante Armstrong após os dois primeiros títulos deste na Volta da França, em 1999 e 2000.

O australiano leu o livro de Armstrong ("It's Not About The Bike") e se inspirou com a história de superação do ex-ciclista, que sobreviveu a um câncer no testículo entre 1996 e 1997 antes de brilhar no esporte.

“Tenho certeza de que meu avô teria encontrado uma inspiração tremenda no livro de Armstrong se a história tivesse ocorrido dez anos antes”, aponta Webber, lembrando que seu avô, o qual classifica como “um dos maiores heróis e uma de suas maiores influências”, passou o último ano e meio de sua vida lutando contra o câncer – o piloto, hoje com 36 anos, tinha 14 na época.

Foi nesse contexto que Webber, como reserva do italiano Giancarlo Fisichella e do britânico Jenson Button na Benetton, aproveitou o Grande Prêmio dos Estados Unidos de 2001, em Indianápolis, para visitar o hospital no qual Armstrong foi tratado para o câncer.

“Eu queria ver as pessoas que o trataram e fazer algumas perguntas sobre como ele era, sabendo que provavelmente eu não passaria da recepção”, diz o australiano, falando sobre o Centro Médico da Universidade de Indiana. Para sua surpresa, dois dias depois da visita ele recebeu um telefonema de Latrice Haney, a enfermeira que trabalhou de maneira muito próxima junto a Armstrong.

Armstrong confessou doping em entrevista a Oprah (Foto: Reuters)

Haney representou o início da aproximação entre Webber e Armstrong. Depois do GP do Brasil de 2004, o australiano foi convidado pelo ex-ciclista a passar um período no rancho deste, no Texas.

“Era uma coisa muito grande para mim na época. Eu fui no Dead Man's Hole, um lugar que ele descrevia no livro como o que o fazia sentir-se vivo após o câncer”, conta o australiano.

“Algo que me impressionou foi sua memória, como a de um elefante. Ele acompanhava muitos esportes e sabia o que acontecia na F1. Lembro-me de ele me perguntar sobre Frank Williams e, em particular, sobre Michael Schumacher. Queria saber como ele (o piloto alemão) conseguiu dominar o nosso esporte”, completa.

A amizade entre os atletas continuou até 2008. Webber conta que, nesse ano, a Red Bull se organizou para cumprir todos os pedidos de Armstrong e marcar uma aparição do ex-ciclista no GP de Mônaco de 2008. “Ele não apareceu e não deu nenhuma palavra de desculpas. Eu fiquei decepcionado”, lembra o piloto.

Webber diz que o episódio, aliado aos “rumores persistentes” segundo os quais Armstrong seria um mentiroso e usaria substâncias proibidas, e às “longas conversas” com o jornalista Paul Kimmage, levaram-no a perceber que o americano “não era tudo aquilo que eu esperava”. Ex-ciclista, o irlandês Kimmage foi um dos principais nomes que ligou Armstrong ao doping, escrevendo para o jornal britânico The Sunday Times.

“Armstrong era desafiador o tempo todo; ele acreditava que estava limpo”, analisa Webber. “Isso ainda estava evidente na entrevista que deu a Oprah Winfrey. Ele admitiu que usava doping, mas não via isso como um modo de trapaça”.

Armstrong perdeu os sete títulos da Volta da França (Foto: Getty Images)

“Ele não estava preocupado com as ramificações e com as pessoas que estavam moralmente no lugar certo da ponte; tudo era sobre o 'Planeta Lance'. É por isso, Lance, que a ‘pena de morte’ não é pesada demais. Você roubou muitas pessoas por tanto tempo e tratou o resto de nós como idiota”, diz Webber, analisando que o banimento de qualquer tipo de competição esportiva pelo resto da vida é uma penalização justa para o americano.

Dizendo que se distanciou do ciclismo de competição embora ainda utilize o esporte como treinamento, o australiano termina sua coluna lamentando pelos ciclistas que não tiveram o nome reconhecido e que poderiam ter desafiado “caras como Armstrong, Ivan Basso, Jan Ullrich, Alexander Vinokourov, Alberto Contador, Richard Virenque” – ele cita nomes de atletas famosos da modalidade envoltos em escândalos de doping.

“Tristemente, nós não sabemos o nome desses ciclistas, mas em meu reconhecimento eles estão moralmente muito à frente desses caras”, afirma Webber, antes de concluir. “A vida é cheia de escolhas. Claro, nenhum de nós é perfeito, mas no final a aura sempre triunfa”.

Fonte: Terra
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