Jornal: investigação de caixa dois cita Valcke e Ronaldinho
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo deste domingo, a justiça da França investiga um suposto esquema de caixa dois no futebol europeu, que envolveria importantes nomes da modalidade – casos de Jérome Valcke, Ronaldinho e Nicolas Anelka, além de clubes como Paris Saint-Germain e Real Madrid. A investigação aponta para uma rede de contratos paralelos no futebol, de forma a evitar o pagamento de impostos “e esconder o real volume de dinheiro que circula pelos clubes”.
O PSG, um dos clubes investigados, comprava um atleta por valores diferentes dos anunciados. O clube do atleta recebia menos do que anunciado, de forma a utilizar a diferença no pagamento dos salários – escapando, desta forma, de impostos sobre vários meses de salários. As negociações de Anelka com o Real Madrid (em 1999) e para retornar ao Paris Saint-Germain (em 2000) teriam seguido tais moldes.
A Nike, fornecedora de uniformes do PSG, participaria do esquema pagando salários dos jogadores envolvidos sob alegação de pagamento de direitos de imagem. A movimentação de dinheiro entre clube e empresa eram feitas em bancos de centros off-shore. O dinheiro chegava à fabricante por supostas multas – por exemplo, quando jogadores contratados do clube pela empresa eram acusados internamente de atuarem com chuteiras de outras fabricantes.
O plano foi executado entre 1998 e 2005, com 33 jogadores – entre eles, Ronaldinho, contratado entre 2001 e 2003. O lateral esquerdo André Luiz, ex-Corinthians, São Paulo, Santos e Fluminense, atuou pelo PSG entre 2002 e 2003, e admitiu ter recebido salários por esta negociação com a Nike. A contratação do argentino Juan Pablo Sorín também é investigada, e existem suspeitas até mesmo sobre jogadores contratados antes pelo time, como Raí, Valdo e Ricardo Gomes.
A negociação também envolveria a Sport Plus, uma agência ligada ao Canal Plus, dono do PSG na década de 90. A agência, intermediária no pagamento de multas, tinha Jérome Valcke. O atual secretário-geral da Fifa depôs sobre o caso, mas não foi indiciado. Procurado pelo jornal, o PSG diz que o caso diz respeito a administrações passadas, enquanto a Nike assegura que atua “de forma íntegra”.