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Copa das Confederações

Brasil x México transcende futebol e recoloca Seleção em ambiente político

Com série de manifestações nas cidades brasileiras e atos programados para hoje, duelo pela Copa das Confederações vira mais que um simples jogo

19 jun 2013 - 06h45
(atualizado às 06h46)
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<p>Três dos quatro jogos da Copa das Confederações tiveram protestos; cena será repetida em Fortaleza</p>
Três dos quatro jogos da Copa das Confederações tiveram protestos; cena será repetida em Fortaleza
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Véspera da segunda partida do Brasil em uma Copa das Confederações em casa e o assunto pouco tem a ver com futebol. Em vez de análises sobre adversários e táticas, todos querem saber o posicionamento de Luiz Felipe Scolari, Hulk e David Luiz em relação à efervescência nas ruas das cidades brasileiras e os manifestos por uma mudança no País. Neste clima que transcende as quatro linhas, a Seleção enfrenta o México, às 16h (de Brasília), em Fortaleza, em uma partida que devolve a discussão sobre a relação entre esporte e consciência política e social.

Ao longo da história, dois casos emblemáticos uniram futebol e política, mas com conotações diferentes. Durante a Ditadura Militar, a campanha da Copa de 1970 teve a demissão prévia do comunista João Saldanha do cargo de técnico, foi usada como propaganda pelo governo com a distribuição de fuscas como prêmio e fez muitos militantes torcerem contra os “90 milhões em ação” e acusarem os campeões de alienados. Por outro lado, nas Diretas Já, jogadores encamparam o movimento e, com destaque a Sócrates e Casagrande, viraram símbolos da politização.

David Luiz apoia protestos por experiência na Europa; veja:
Coordenador da Fifa diz que apoia manifestações no Brasil:

Entre o rótulo de alienados e o desejo de posicionamento sobre o clima do País, os atletas da Seleção Brasileira optaram em sua maioria por apoio ao manifestantes. Felipão defendeu a livre opinião , e alguns jogadores não fugiram de uma opinião forte. Como Hulk, que disse ter vontade de ir para as ruas. Já outros se esquivaram do assunto depois do jogo contra o Japão e desde então não se manifestaram.  

Pelo menos no discurso, a Seleção diz não temer que a efervescência nas ruas se transfira para dentro dos estádios e vire torcida contra. Pelo contrário: os jogadores dizem ter a intenção de unir o povo com o futebol e geraram a expectativa de manifestarem algum tipo de apoio durante o jogo desta quarta. Vale destacar que o movimento em todo o país se desvincula de partidos, mas possui inegável cunho político e social.

“A Seleção é do povo, somos o povo. Acho que estamos dando ao povo e aos torcedores aquilo que eles mais querem. Ou seja, que vá crescendo e possa empolgar, realmente representar o Brasil na área futebolística de acordo com os anseios da população”, afirmou Felipão, que entrou em atrito com a Fifa/COL durante treino realizado durante a semana para liberar a entrada de torcedores no Estádio Presidente Vargas.

Por enquanto, os protestos ocorreram em três dos quatro jogos da Copa das Confederações, tendo como mote os altos custos para a organização do Mundial em detrimento de serviços básicos à população e apoio ao Movimento Passe Livre. Para esta quarta, uma manifestação está marcada para começar às 10h (de Brasília) em Fortaleza e propõe pela primeira vez a entrada da insatisfação ao estádio, com o canto do hino de costas. Isso sem contar as vaias recebidas pela presidente Dilma Rousseff no Estádio Nacional de Brasília.

Em meio a todo este clima que cerca a partida, Felipão tenta deixar a Seleção focada em campo. Pela frente, o time terá um adversário que provocou indigestões nos últimos confrontos. Em 2012, por exemplo, o Brasil perdeu para o México e amistoso em junho e na decisão da Olimpíada de Londres. “O México sabe enfrentar o jogo brasileiro. Tiveram não sorte, mas competências”, avaliou David Luiz.

<p>Neymar estava na derrota brasileira para o México na Olimpíada de Londres</p>
Neymar estava na derrota brasileira para o México na Olimpíada de Londres
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Neste jogo específico, quem entra pressionado são os mexicanos. Como perderam para a Itália na estreia, uma derrota contra o Brasil pode significar a eliminação precoce do país. Já o Brasil não quer deixar a classificação para a última rodada. “Quando se trata uma competição de tiro curto, precisamos ganhar sempre. Se não conseguimos, teremos um adversário mais qualificado para se classificar. Vai ser um jogo muito importante”, disse.

Sem mistérios, Felipão confirmou o mesmo time das últimas duas partidas. Com ele, o técnico aposta suas fichas para colocar o Brasil de novo na rampa do Palácio do Planalto, onde virou praxe os presidentes receberam times campeões. A poucos metros do Congresso Nacional, cuja marquise manifestantes invadiram na noite de segunda-feira e registraram a imagem mais simbólica do atual momento do Brasil.

FICHA TÉCNICA

BRASIL X MÉXICO

Local: Estádio Castelão, em Fortaleza (CE)

Data: 19 de junho de 2013, quarta-feira

Horário: 16h (de Brasília)

Árbitro: Howard Webb (Inglaterra)

Assistentes: Michael Mullarkey e Darrenn Cann (ambos da Inglaterra)

BRASIL: Júlio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo e Paulinho; Oscar, Neymar e Hulk; Fred Técnico: Luiz Felipe Scolari

MÉXICO: Corona; Flores, Francisco Rodríguez, Héctor Moreno e Salcido; Torrado, Aquino, Guardado e Zavala; Giovani dos Santos e Chicharito Hernández Técnico: José Manuel de la Torre

Fonte: Terra
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