Fermín de la Calle é editor de esportes do Terra na Espanha. O jornalista está cobrindo todos os passos da seleção espanhola pelo Brasil durante a Copa das Confederações. Assim como os colegas espanhóis, o repórter também critica a cobertura da mídia brasileira durante os episódios polêmicos publicados sobre as passagens dos campeões do mundo por Fortaleza e Recife.
Não foi o único, entretanto, a ver tentativas da imprensa brasileira de desestabilizar a atual campeã do mundo. Em texto assinado por Joaquín Maroto, o jornal AS diz que "todo o Brasil torce pela Itália porque teme a Espanha nas finais". No artigo, os torcedores e os jornalistas brasileiros têm um "medo visceral" de um segundo Maracanaço - agora diante dos espanhóis, na decisão da Copa das Confederações.
Confira abaixo a análise de De la Calle a respeito da atuação da imprensa brasileira na Copa das Confederações (a versão original do texto pode ser encontrada aqui):
Chamar de informação o que se tem lido nos últimos dias seria uma falta de critério, pois seguimos esperando uma só prova da pompa espanhola. E contrastar não é uma prática habitual por estas latitudes tropicais. O nervosismo entre a imprensa local começa a ser notório, e os jornalistas são o sintoma mais preocupante.
Motivam-se, sem dúvida, empurrados por um patriotismo que não conseguem segurar quando se sentam para escrever diante de computadores, quando fazem perguntas em salas de imprensa ou quando resgatam maliciosamente (dias depois) declarações sobre a independência de Xavi. A estes meios, mais importa Shakira do que Piqué, ou Sara Carbonero do que Casillas.
Um jogador da seleção da Espanha constatou o fato há alguns dias. "Estão nervosos. Não encaram um cenário de uma derrota no Maracanã e nos veem como o inimigo mais perigoso. Agora sim, começamos a sentir isso", disse.
O Brasil perdeu a alegria com Felipão. Espera e contra-ataca. Já não há samba em seu futebol. De 1970 a 1994, foram 24 anos sem ganhar uma Copa do Mundo. E os brasileiros não querem que isso volte a acontecer.
Referências do futebol brasileiro, como Júnior, Raí ou Cafu, questionam a própria Seleção. Muitos suspeitam da titularidade de Hulk, todos suspeitam da de Fred e ninguém entende a de Júlio César. Este Brasil vulgar, de futebol germânico, nada tem a ver com a torcida quente e com os apaixonados jornalistas. A receita para ganhar esta Copa das Confederações: futebol sem samba e jornalismo com caipirinhas.
Com de costume nos últimos dias, os jornais da Catalunha destacaram a atuação de Neymar, novo reforço do Barcelona. Na capa do Mundo Deportivo, o atacante é chamado de ''decisivo'': ''o craque do Barça participou dos dois gols e não se intimidou diante de um rival valente''
Foto: Reprodução
No jornal Sport, também da Catalunha, o tratamento dispensado ao "decisivo" Neymar é rigorosamente o mesmo. "O novo contratado do Barcelona segue brilhando na Copa das Confederações", manchete o jornal, deixando a semifinal Espanha x Itália em segundo plano
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Em Madri, a manchete do jornal As é a apresentação do técnico Carlo Ancelotti no Real Madrid. Porém, a Seleção Brasileira tem dois destaques: a vitória sobre o Uruguai e o interesse do Real sobre o volante Paulinho, autor do gol que assegurou o 2 a 1 da Seleção
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No Marca, também de Madri, a Seleção Brasileira é destaque secundário na capa. Segundo a publicação, o jogo contra o Uruguai foi o mais sentido pela equipe: ''o tremor do Brasil''
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Ainda na Espanha, o jornal El Mundo coloca no topo da primeira página a vitória da Seleção Brasileira nas semifinais da Copa das Confederações: ''o Brasil de Neymar espera rival para a final no Maracanã''
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Já na Itália, o tradicional Gazzetta dello Sport lembra o confronto da seleção local contra ''a Espanha campeã do mundo'' e cita a vitória brasileira. ''Cavani não basta: Uruguai batido, Brasil na final''
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No Tuttosport, de Turim, o alerta é para a dificuldade que a equipe comandada por Cesar Prandelli vai ter para vencer a Espanha na semifinal desta quinta-feira: ''Itália atrás do milagre''
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No Corriere dello Sport, as semifinais da Copa das Confederações estão no topo da capa. ''Espanha x Itália - Neymar espera''
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Na parte inferior da primeira página, o Corriere della Sera antecipa o substituto de Balotelli na escalação: ''a Itália confia em Gilardino para o confronto com a Espanha''
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No L'Osservatore Romano, jornal do Vaticano, as manifestações no Brasil ganham mais espaço que a Copa das Confederações. ''Sindicatos brasileiros aderem aos protestos'', destaca a publicação, que tem um time próprio no campeonato amador do Vaticano
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Nos jornais uruguaios, o tom é de lamentação. O El Pais, por exemplo, afirma que a seleção comandada por Oscar Tabarez ''caiu lutando'' diante do Brasil nas semifinais
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O discurso é semelhante ao do El Observador: ''Uruguai fez uma grande partida, mas um descuido condenou à derrota para o Brasil''
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Em Portugal, em meio à euforia da vitória da tenista Maria Larcher de Brito sobre Maria Sharapova em Wimbledon, o jornal A Bola também estampa em sua capa: ''Brasil já está na 'sua' final''
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