Casagrande vê jogadores brasileiros descomprometidos com a sociedade
Depois de ser um dos líderes, no início da década de 80, da Democracia Corinthiana, junto com Sócrates, Wladimir e Zenon, Casagrande vê os jogadores de futebol hoje alienados à sociedade. "O jogador de futebol devia ter uma voz muito ativa", apontou.
Durante os dois anos que durou o movimento de contestação à Ditadura Militar, todas as decisões dentro do Corinthians eram tomadas a partir do voto igualitário dos membros do clube. A Democracia Corinthiana tomou tamanha proporção que exerceu um importante papel nas Diretas Já! - movimento civil que reivindicava as eleições presidenciais diretas no Brasil.
"Não foi só a Democracia Corinthiana que tinha voz, o Flamengo tinha, o Atlético Mineiro. Muitos jogadores espalhados pelo país se manifestavam. Nós tínhamos um movimento, mas se lutava pela democracia em todos os lugares. Hoje, o jogador de futebol perdeu isso", comentou Casagrande no lançamento do livro Sócrates & Casagrande - uma história de amor.
O ex-camisa 9 do Timão, no entanto, acredita que esse problema ocorre mais no Brasil do que nos outros países. Na última edição da Eurocopa, por exemplo, Casagrande afirmou ter acompanhado diversos exemplos de comprometimento, como a relação dos jogadores da seleção da Islândia com o povo do país. Eliminada nas quartas de final, os atletas islandeses foram recebidos por uma multidão na volta ao país.
Um dos principais casos, no entanto, foi o de Cristiano Ronaldo. Líder da seleção de Portugal, o camisa 7 se machucou no início da final contra a França. Emocionado, deixou o campo, mas ficou na beira do gramado orientando os seus companheiros.
"Cristiano Ronaldo teve muito comprometimento com Portugal. Acho que a Eurocopa deve ter mexido com os jogadores brasileiros. Eles vão perceber que não fazem nada daquilo que os atletas fizeram no torneio e, talvez, consigam ser mais comprometidos", concluiu Casagrande.