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Análise: Com desabafo em comercial, Neymar faz gol contra sua própria carreira

Atacante terá que percorrer caminho ainda maior para recuperar imagem arranhada

30 jul 2018 - 11h29
(atualizado às 11h29)
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Neymar voltou a comentar sua atuação na Copa do Mundo na noite deste domingo. O craque tentou melhorar sua imagem, desgastada por causa das simulações de falta e pelo silêncio após a eliminação da seleção brasileira, com um "desabafo" em um comercial TV de um dos seus patrocinadores durante o programa Fantástico, da Rede Globo. A peça mais atrapalha do que contribui para melhorar a imagem do craque.

Provavelmente não foi ele quem escreveu o texto que ele mesmo declama. "Eu demorei a me olhar no espelho e me transformar em um novo homem. Mas hoje eu tô aqui, de cara limpa, de peito aberto", são as frases que ele diz. Faltou espontaneidade e naturalidade. Bastava uma entrevista coletiva ou mensagem nas redes sociais, mas ele preferiu desabafar em uma comercial que termina com o slogan: "um novo homem a cada dia". Pela repercussão nas redes sociais, o tiro saiu pela culatra mais uma vez. O comercial com o camisa 10 da seleção logo virou o assunto mais citado no Twitter, mas as reações eram de rejeição em sua maioria.

A estratégia de comunicação utilizada por Neymar neste domingo não é uma novidade. Em pelo menos outras duas ocasiões, Neymar recorreu à mídia para "desabafar" em uma propaganda. Em 2011, quando tinha 19 anos, Neymar foi garoto-propaganda de um comercial da Nextel, uma empresa de telefonia. Na peça publicitária, ele encontra o pai, Neymar da Silva Santos, em uma praia no litoral paulista, e os dois se abraçam. "Você me xingou quando eu errei", diz o atacante, que atuava no Santos naquele momento. O comercial foi ao ar meses depois que Neymar se envolveu em uma grande polêmica com o técnico Dorival Junior em setembro de 2010. O episódio acabou gerando a demissão do treinador.

Em 2014, uma propaganda da Claro, outra companhia de telefonia, mostrava Neymar como um herói após a lesão sofrida nas quartas de final da Copa do Mundo, contra a Colômbia. Naquele episódio, o lateral Zuñiga aplicou uma joelhada nas costas do jogador, que se despediu do Mundial disputado no Brasil. O texto utilizava uma crônica do escritor Nelson Rodrigues.

O principal problema do comercial de agora é propor uma autocrítica do jogador mais caro do mundo em uma peça promocional de um patrocinador. Ele é pago pela Gillette. Fala que está de cara limpa e peito, mas o comercial termina com o slogan da empresa. O que é verdadeiro e o que é publicidade? Ele não poderia ter escolhido um meio mais inadequado que um comercial de tevê para dizer que quer mudar sua imagem. Foi tudo fake, ensaiado e irreal. Um tiro pela culatra. A propaganda passa a impressão de que ele não consegue (ou não quer) se pronunciar sozinho e sempre precisa de assessores e comerciais de produtos de beleza e telefonia para passar seu recado. Neymar precisa urgentemente voltar ao Paris Saint-Germain e tentar resgatar sua imagem jogando, driblando e fazendo gols. Fora de campo, ele vem fazendo um gol contra atrás do outro.

Estadão
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