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Cristiano Ronaldo

Cristiano Ronaldo se impõe na Itália após má fase dentro e fora de campo

Português viveu dias difíceis quando trocou o Real Madrid pela Juventus após a Copa, com acusação de estupro e secura de gols, antes de virar o jogo

22 dez 2018 - 04h41
(atualizado às 04h41)
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Festa, acusação de estupro, perda de patrocinadores, seca de gols e... artilharia. Cristiano Ronaldo parece ter superado os problemas que marcaram o início de sua chegada à Juventus, dentro e fora de campo, e já figura na briga pelo posto de artilheiro do Campeonato Italiano.

Cinco vezes melhor do mundo e campeão de maneira consecutiva das últimas três edições da Liga dos Campeões, o português surpreendeu ao trocar o Real Madrid - é o maior artilheiro de sua história, com 451 gols -, pela equipe italiana. A transferência beirou os ¤ 100 milhões (R$ 450 milhões na ocasião).

Além da expectativa pelo resultado esportivo, a Juve comemorou de saída o bom negócio: 24 horas após o anúncio da compra, mais de 520 mil camisas do atleta foram vendidas, gerando faturamento de US$ 62 milhões (R$ 240 milhões), de acordo com o site Business Insider, voltado ao mercado financeiro. Além disso, a Juventus ganhou mais de 1 milhão de seguidores em sua página no Instagram um dia após a oficialização.

"O Real foi o pioneiro em apostar na contratação de grandes nomes, pagar salários altos e ganhar projeção, sócios, levar mais público ao estádio e vender mais camisas/ licenciamentos, ainda que nem sempre seus times de estrelas (batizados de "galácticos") fossem vencedores", explica Ivan Martinho, professor da ESPM do curso 'Como vender Patrocínios no Esporte & Entretenimento'. "Muito mais do que jogadores, os atletas hoje são verdadeiros embaixadores dos clubes. É por isso que observamos o foco em aumentar seus seguidores em redes sociais, participar de causas beneficentes que auxiliam na construção de uma boa imagem", prega o especialista. Cristiano Ronaldo não só mudou o patamar da Juventus como também do Campeonato Italiano.

Antes de a bola rolar, porém, o nome de CR7 saiu das páginas esportivas e foi parar nas policiais. Ele foi acusado pela americana Kathryn Mayorga de estupro. Ela diz ter sido abusada num hotel em Las Vegas, em 2009. Segundo a revista alemã Der Spiegel, o jogador teria pago US$ 375 mil (R$ 1,5 milhão) para que ela não tornasse o caso público. À Der Spiegel, a mulher disse que aceitou o dinheiro por temer por ela e sua família.

Na única vez que se pronunciou sobre o caso, o astro luso negou as denúncias. "Nego terminantemente as acusações de que sou alvo. Considero a violação um crime abjeto, contrário a tudo que sou e em que acredito. Não vou alimentar o espetáculo midiático montado por quem quer se promover à minha custa", escreveu nas redes.

A Juventus veio a público defender seu novo atleta. "Cristiano demonstrou nesses meses o seu profissionalismo e seriedade, apreciados por todos no clube. Os alegados acontecimentos de aproximadamente dez anos atrás não modificam a nossa opinião, partilhada por todos que entraram em contato com esse grande atleta campeão."

A ação é uma regra para contenção de crise, como destaca Martinho. "Atletas são humanos como quaisquer outros e, portanto, são suscetíveis a falhas. A diferença está na projeção que esses funcionários têm e a polêmica que seus passos geram. A narrativa do clube ao contratar um astro é sempre a de tentar associar ao máximo sua imagem, transmitindo a impressão de que o atleta está em casa. Portanto, tirando proveito de seu prestígio", diz Martinho. "No momento de crise, o clube não pode ignorar a situação, mas pode se posicionar com uma opinião de entidade, que eventualmente é diferente da do atleta, primando pela postura do que é correto. No caso do CR7 foi uma investigação que não se comprovou em culpa ainda. Porém, já causou estragos financeiros à Juventus."

Uma semana após o escândalo ter sido divulgado, as ações da Juve perderam valor em mais de 10% na Bolsa de Milão. Dona de contrato vitalício com Cristiano, estimado em 760 milhões de libras (R$ 3,5 bilhões), a Nike disse à época que vai "monitorar a situação".

Em campo. Os problemas afetaram o desempenho do atacante. Além de passar em branco nas três primeiras rodadas no Italiano, sua estreia na Liga dos Campeões foi um desastre. Ele jogou 29 minutos contra o Valencia antes de ser expulso. Nos cinco jogos que disputou pelo Grupo G da Liga dos Campeões, fez apenas um gol, contra sua antiga equipe na Inglaterra. Maior artilheiro da história da competição, com 121 gols, CR7 teve seu pior desempenho na fase de grupos desde 2008, quando defendia o Manchester, do lendário Alex Ferguson. Naquela edição do torneio, o português passou em branco em todos os jogos contra Villarreal, Aalborg e Celtic, mas ainda era um garoto em crescimento.

Volta por cima. Diferentemente do que ocorria na Espanha, onde o bom desempenho do Real Madrid estava ligado à produtividade do atleta, a Juventus conseguiu passar ilesa pela má fase de seu astro. A heptacampeã italiana se manteve soberana na Itália, onde lidera a liga, e esperou pela recuperação de seu maior craque. Quem teve papel decisivo nesse processo foi o técnico Allegri. Defendendo seu atacante, chegou a pedir a Bola de Ouro para Ronaldo pelo que ele representava ao futebol. "Eu não sei nada sobre as indicações para a premiação, mas o Cristiano merece ganhar. Ele trouxe para a Itália um alto nível de competitividade e todos aumentaram o seu nível."

Não se sentir valorizado foi um dos motivos que fizeram o português deixar Madri. Em entrevista aos jornais La Gazzetta dello Sport e Corriere dello Sport, ele afirmou que este é o melhor grupo com o qual já trabalhou. "Aqui somos uma equipe. Em alguns lugares, alguém se sente maior do que os outros. Aqui estão todos na mesma linha, querem ganhar. Se o Dybala ou o Mandzukic não fazem gols, você os vê felizes, sorrindo. Para mim, isso é lindo, sinto a diferença. É mais uma família."

Com a confiança voltou o futebol. Autor de 11 gols nos últimos 13 jogos, está atrás do polonês Piatek (Genoa), com 12, na briga pela artilharia do Italiano.

Estadão
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