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Técnico que apostou em Ábila no Huracán relembra: "Ninguém o conhecia"

25 jun 2016 - 08h41
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Neste sábado, o argentino Ramón "Wanchope" Ábila desembarca em Belo Horizonte para se tornar jogador do Cruzeiro. Ao assinar contrato de quatro anos com a Raposa, o centroavante chegará a um novo estágio da sua ascensão meteórica no futebol, que teve início em janeiro de 2014, quando foi contratado pelo Huracán, junto ao Instituto, por insignificantes R$ 800 mil.

Quem apostou em Wanchope Ábila foi o técnico Frank Darío Kudelka, que hoje está à frente do Talleres. Na época, o treinador argentino bancou sozinho a contratação do, até então, desconhecido atacante.

"Antes do Huracán, Ábila foi meu atleta por seis meses no Instituto de Córdoba em 2013. Fui eu quem o indicou aos dirigentes do Huracán. Ninguém o conhecia, mas eu sim. E foi a partir de quando chegou ao Huracán, que ele encontrou o seu caminho", contou o treinador.

Além de ser um "anônimo" no futebol local, Ábila, na época, ainda lutava contra o sobrepeso, o que aumentava os questionamentos sobre sua real capacidade. No ano de 2014, sob o comando de Kudelka, o centroavante de 1,78m chegou a pesar 92kg, segundo o jornal argentino Olé. Atualmente, Wanchope pesa doze quilos a menos, o que, de acordo com seu ex-treinador, foi conseguido através de um árduo trabalho de reeducação alimentar.

"Sempre teve essa dificuldade, a qual foi melhorando muitíssimo, recebendo a ajuda de nutricionistas, tanto no Instituto, quanto no Huracán. Ensinamos a importância de uma vida saudável e ele se adaptou tremendamente às necessidades ligadas ao fato de ser um jogador profissional", destacou Kudelka.

Apesar de reconhecer os problemas com o peso vividos por Ábila, Frank Kudelka sempre valorizou a qualidade técnica de atacante. A prova disso é que, tão logo chegou ao Huracán, o camisa 9 foi colocado na equipe titular do "Globito".

"Sempre acreditei neste jogador por sua capacidade técnica na hora de finalizar e por sua valentia na hora de tomar decisões. Nunca tive dúvida de que era um jogador com muita personalidade, que não teme jogar em nenhum lugar e que não tem medo de errar, porque, na sua história de vida, teve que lutar desde pequeno. Então, ele se adaptava aos treinamentos mais fortes e ao nível de profissionalismo que pedíamos. Pelo seu estilo profissional, não tinha dúvidas que ia ganhar o que ganhou. Ele se sentiu cômodo, nós demos carinho a ele", salientou.

A história de vida citada pelo treinador justifica até o fato de certa parte da imprensa argentina entender que falta humildade a Ábila. Isto, porque o atacante viveu sua infância no bairro pobre de Remedios de Escalada, na zona norte de Córdoba.

"Eu o conheço muito bem e não me parece ser essa pessoa que estão dizendo. Me parece que não conheceram sua história de vida. Foi uma criança com uma vida humilde e com muitas carências. Hoje, ele tem um monte de coisas que a vida lhe abriu através de sua profissão. Por isso, creio que onde ele estiver, é importante saberem conduzi-lo. As pessoas têm que conhecê-lo e têm que saber pôr limites, que seguramente ele vai aceitar, porque é muito boa pessoa", afirmou o treinador, que elencou os pontos fortes do atacante.

"É um jogador com faro de gol e que quer permanentemente a bola para definir. Está sempre jogando no limite dos zagueiros para estar mais perto do gol. Tem muita boa finalização e criatividade para definir com qualquer pé e de qualquer maneira. Eventualmente, pode perder gols que parecem fáceis. Não tem o bom jogo aéreo de um goleador nato, mas fisicamente tem muita potência e velocidade no um contra um", completou.

Conhecedor das características de Ábila dentro e fora dos campos, Kudelka vê o centroavante argentino, que deixou o Huracán com respeitáveis 53 gols marcados em 108 partidas e dois títulos nacionais, como um jogador mais completo, porém sempre disposto a corrigir suas deficiências. O treinador, contudo, volta a ressaltar que o sucesso do atacante no Cruzeiro dependerá da maneira como ele será tratado e encorajado na Toca da Raposa.

"Hoje ele tem um entendimento de jogo muito melhor que tinha anteriormente. Se destaca a sua capacidade goleadora. Suas estáticas são muito boas. Não tenha dúvida que está entre os melhores do futebol argentino. Seguramente necessita corrigir defeitos, mas tem personalidade para corrigi-los. Mas também depende do grau de como ele é tratado. É um jogador que precisa de apoio, respeito e não apenas de exigência", colocou.

"Se vai triunfar no Cruzeiro, isso vai depender de muitas coisas, como o ambiente que o envolve, a forma como o protegem, de mantê-lo com os "pés no chão", de exigi-lo, porque é um jogador que precisa ser exigido. É preciso encontrar em seu interior sua boa pessoa. Se for propiciado a ele todos estes fatores, creio que vá triunfar no futebol brasileiro", encerrou.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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