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Esportes Aquáticos

Natação americana, uma elite mundial escassamente diversa

1 nov 2016 - 10h12
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Com 33 medalhas conquistadas, a hegemonia mundial da equipe americana de natação ficou clara nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, mas após este sucesso há uma realidade menos glamourosa: a falta de diversidade étnica em um esporte que alguns consideram "elitista".

É que apenas 30% das crianças latinas e 40% das negras sabem nadar, comparado com 60% das brancas, números que ilustram as dificuldades enfrentadas pelos grupos minoritários para conseguir um lugar no esporte, segundo informaram à Agência Efe fontes da USA Swimming, a federação de natação do país.

"Nosso objetivo é que os dados demográficos na natação reflitam os do país. E isto vai levar um tempo"", disse Juan Caraveo, consultor do programa de diversificação da organização.

A USA Swimming intensificou nos últimos anos os esforços para aumentar a presença de nadadores de grupos minoritários em piscinas de todo o país. E a julgar pela equipe que competiu no Rio, houve um avanço ao ser apresentada a maior diversidade étnica da história da natação americana.

De acordo com um estudo realizado pela organização, entre 2005 e 2015, o número de nadadores hispânicos aumentou 77%. No entanto, a representação hispânica mal chega a 3% dos 300 mil nadadores registrados na EUA Swimming, um número ainda longe dos 14% pretendidos pela organização e que a situariam ao mesmo tempo com a porcentagem da população latina do país.

Os especialistas concordam que ainda existem fatores econômicos, históricos e crenças culturais que dificultam o acesso das minorias ao mundo da natação.

"Para os hispânicos, aprender a nadar não é algo que eles achavam que pudessem fazer porque em sua família ninguém sabia", disse Kacy Ota, que durante 20 anos foi treinador na Califórnia e seleciona crianças para que participem de acampamentos de verão.

Em famílias nas quais nenhum dos pais nada, a probabilidade de uma criança saber nadar é de 15%, independentemente da etnia. A falta de recursos econômicos também não favorece a integração das minorias a este esporte.

Cavero explicou que em regiões do sul do país como Texas e até mesmo Washington D.C., o acesso à natação é mais limitado porque há menos piscinas e estas se encontram em clubes privados, o que requer que as famílias tenham maior poder aquisitivo.

Em áreas rurais, como a cidade californiana de Bakersfield, também não há uma infraestrutura que facilite a incorporação dos filhos de imigrantes latinos e de famílias modestas à natação.

"Falei com treinadores da região e ele me disseram que não têm uma piscina e que precisam treinar no canal", relatou Cavero, que disse que para os negros, a segregação racial foi por muito tempo uma barreira entre as crianças e as piscinas.

Para mudar esta realidade, a USA Swimming começou em 2007 a fomentar o esporte através de programas nacionais como "Splash", que oferece cursos a crianças de diferentes etnias e poucos recursos.

"Desde a criação teve um grande sucesso. Demos US$ 4 milhões em ajuda por todo o país para que as crianças recebam aulas econômicas ou gratuitas. Faz com que as crianças se entusiasmem pensando que algum dia poderão subir a um pódio olímpico", explicou Nailah Ellis Timberlake, porta-voz da entidade.

Recentemente, vários treinadores e voluntários da equipe de natação da Universidade do Sul da Califórnia (USC) foram a uma escola de Los Angeles e deram aulas graças a uma bolsa de estudos de US$ 120 mil que receberam da loja Dick's Sporting Goods.

"Demos aulas na Escola Secundária Bethune com grandes resultados para crianças de famílias de poucos recursos hispânicas e negras", explicou Paul Goldberg, diretor da equipe de natação da USC.

No entanto, o treinador detalhou que "a habilidade de continuar com este programa foi limitada pela falta de ajuda econômica desde que se esgotaram os recursos iniciais".

Goldberg também afirmou que a "diversidade" na universidade aumentou nos últimos 30 anos e que agora, entre 15% e 20% dos nadadores pertencem a grupos minoritários.

EFE   
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