Exemplo de superação do tio marcou carreira de Martine Grael
Martine Grael tinha apenas 7 anos quando seu tio, Lars Grael, se envolveu num acidente de barco em Vitória e teve uma perna mutilada. A tragédia, em si, não alterou muito a sua rotina, uma vez que ela foi blindada pelos pais para evitar a angústia de longos dias em que a família Grael convivia com dúvidas sobre a resistência de Lars. O risco de morte era evidente.
Após várias cirurgias e inúmeros tratamentos específicos, o ex-medalhista olímpico em Seul (1988) e Atlanta (1996), dava sinais claros de recuperação. Com força de vontade e uma rede de apoios, ele se restabelecia, na medida do possivel.
Essa volta por cima de Lars foi marcante para Martine. Filha do multicampeão Torben Grael, ela subiu ao pódio na quinta (19) para receber o ouro, ao lado de Kahena Kunze, na categoria 49erFX. Nesta sexta, durante entrevista na casa Time Brasil, na Barra, a velejadora falou com carinho e gratidão do tio.
"Quando tudo aquilo aconteceu, a família sofreu uma chacoalhada. Mas meus pais esconderam de mim muitas coisas para me preservar. Depois, fui entendendo tudo e a força do meu tio me inspirou muito para aprender a suportar todas as adversidades e vencer. Ele e meu pai são minhas principais referências no esporte."
O acidente de Lars ocorreu no momento em que disputava uma regata em Vitória, em 1998. Uma lancha, pilotada pelo empresário Carlos Guilherme de Abreu e Lima, invadiu a área de competição e colidiu com o barco do atleta. A Justiça condenou Carlos a pagar uma indenização de R$ 2, 4 milhões e também a arcar com uma pensão vitalícia para Lars.
O atleta voltaria a competir anos depois e passou a ter atuação na administração do esporte. Ele sempre disse que teve uma segunda oportunidade de viver e que isso era o mais importante.