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Copa das Confederações

Gafe, global e protesto marcam sorteio da Copa das Confederações

3 dez 2012 - 16h37
(atualizado às 16h37)
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Segundo grande evento oficial da Fifa no Brasil, o sorteio da Copa das Confederações não saiu totalmente do jeito que a entidade máxima do futebol poderia imaginar, principalmente por uma falha marcante no show televisionado mundialmente neste sábado, ápice da semana de entrevistas, reuniões e cerimônias oficiais. Os compromissos na capital paulista que começaram com o assunto fervilhante do anúncio de Luiz Felipe Scolari como novo técnico da Seleção Brasileira, culminaram com uma gafe cometida pelo renomado chef de cozinha, Alex Atala, que quase estragou por completo o sorteio dos dois grupos do torneio que acontece em 2013.

Gafe deixou Jerome Valcke constrangido e prejudicou Belo Horizonte na Copa das Confederações
Gafe deixou Jerome Valcke constrangido e prejudicou Belo Horizonte na Copa das Confederações
Foto: Marcelo Pereira / Terra

A cerimônia deste sábado mostrou ainda que a TV Globo voltou a dar todas as cartas em eventos de grande porte no Brasil, após ausência marcante nos Jogos Olímpicos de Londres. Com Glenda Kozlowski apresentando o evento e com transmissão ao vivo comandada por Galvão Bueno, a emissora carioca tomou conta do sorteio realizado no Pavilhão de Exposições do Anhembi. Um protesto em frente ao local onde aconteceu a cerimônia, a presença maciça de políticos e o otimismo do novo técnico da Seleção Brasileira, Luiz Felipe Scolari, também fizeram parte do evento.

Confira o que aconteceu de mais marcante no sorteio da Copa das Confederações:

Gafe de Alex Atala

Um dos convidados para o sorteio da Copa das Confederações, o renomado chef de cozinha Alex Atala errou ao tirar as bolinhas do sorteio e causou uma grande confusão na formação dos grupos para o torneio que será realizado em 2013. Ao invés de sortear a posição do Uruguai no Grupo B, ele sorteou uma das bolinhas do balde do Grupo A, o que confundiu o secretário geral da Fifa, Jérome Valcke.

Atala sorteou a posição A3 para o Uruguai, que fazia parte do grupo do Brasil, porém o time celeste não pode ficar no grupo da Seleção por ser também do continente sul-americano. Sem perceber, Valcke colocou o Uruguai na posição 3 do outro grupo, que tem como cabeça de chave a Espanha. O secretário geral da Fifa só foi perceber o erro quando Atala fez uma confusão ao sortear a posição em que a Itália ficaria no grupo do Brasil. Ele se encaminhava para pegar uma bolinha do pote B, quando Valcke notou e pediu para ele sortear uma bolinha da chave A. Neste momento, Valcke olhou para o papel que havia sido sorteado para o Uruguai e percebeu a falha. Visivelmente irritado, ele disse: "isso é mal".

O secretário geral da Fifa precisou de muito jogo de cintura para conseguir resolver toda a situação, mudando a ordem de algumas seleções nos grupos. Nunca houve registro de um incidente deste tipo nos últimos sorteios organizados pela entidade máxima do futebol. Por este motivo, Valcke se mostrou desconcertado durante boa parte do evento ao vivo.

Após o evento, ainda houve uma tentativa de esclarecimento do caso. Antes da entrevista com os técnicos do Grupo B, diante de uma sala lotada com jornalistas de todo o mundo, o representante da Fifa Walter de Gregório precisou se manifestar. “Só para deixar claro, o que aconteceu (erro no sorteio) não teve nenhum influência no resultado final dos grupos. De resto, falamos com os técnicos e está tudo bem por todos eles. Estão felizes”, assegurou.

Apesar das seleções não terem reclamado, a falha deve criar mal estar com as sedes da Copa das Confederações. Por conta do erro de Atala, a alteração na ordem dos confrontos fizeram com que uma cidade com grande expectativa de receber partidas importantes, como Belo Horizonte, ficasse com os dois confrontos tidos como os de menos qualidade técnica da primeira fase: Taiti x campeão africano e Japão x México.

Encontro entre Dilma e Marin

Mesmo depois de se sentarem lado a lado durante a cerimônia, a presidente da República Dilma Rousseff e o presidente da CBF e do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, José Maria Marin, finalmente tiveram um encontro mais próximo somente em meio ao "cortejo" de saída do evento. Um aperto de mãos, algumas poucas palavras e sorrisos discretos. Segundos suficientes para os flashes dos três fotógrafos, incluindo o oficial da presidência, registrarem o encontro. Dilma confirmou de última hora sua participação no evento. Menos de 24 horas antes, inclusive. A presidente fez um dos discursos de abertura, além de todas as formalidades e protocolos esperados na cerimônia. Até informalidades, como cantar sorridente e balançar de leve o tronco enquanto acompanhava sentada na plateia as apresentações dos músicos Arlindo Cruz e Maria Gadú. Os gestos neste primeiro grande evento em solo nacional antes da Copa do Mundo de 2014 demonstram grandes avanços na relação entre Comitê Organizador e governo federal.

Pouco mais de oito meses antes, Ricardo Teixeira renunciava aos cargos de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e Comitê Organizador de 2014. Dentre outros motivos, devido à péssima relação (ou ausência dela) com a presidente Dilma. O cartola, que precisava do apoio do governo federal, não conseguia sequer se encontrar com a presidente.

Marin assumiu os postos de Teixeira devido ao estatuto da CBF apontar para sucessão sempre o vice-presidente mais velho da entidade. E o novo presidente, que foi ligado à ditadura militar (governador de São Paulo entre 1982 e 83, sucedendo Paulo Maluf), também nunca foi próximo à Dilma, que lutou contra o regime nos "anos de chumbo". O cartola sempre teve como principal interlocutor no governo federal, pelo menos antes de hoje, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

Domínio global no evento

Assim como aconteceu no sorteio das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014, realizado ano passado no Rio de Janeiro e que foi produzido por um diretor artístico da emissora, a TV Globo voltou a tomar conta do sorteio da Copa das Confederações de 2013. Tanto é que a apresentadora oficial do evento é funcionária da rede carioca. Atualmente no comando do Esporte Espetacular, ao lado de Tande, coube a Glenda Koslowzki apresentar a cerimônia. A emissora teve ainda acesso irrestrito a todos os convidados do evento, fato que não ocorreu com quase a totalidade dos jornalistas credenciados, que tiveram que se contentar em ver a cerimônia sem poder entrevistar as autoridades e ex-jogadores que estiveram presentes no local.

Protesto na porta do sorteio

A ONG Rio de Paz, com 15 manifestantes, aproveitou o sorteio da Copa das Confederações em São Paulo, neste sábado, para protestar contra a violência no Brasil. Eles cobriram os rostos com máscaras, exibiram frases em inglês como shame (vergonha, em português) e pediram, de modo pacífico, providências para redução do número de homicídios no País. Os protestantes também mostravam cartazes com nomes e fotos de pessoas assassinadas.

A reivindicação pacífica, porém, só atraiu os olhares dos jornalistas e de alguns curiosos, já que as autoridades políticas e os membros da Fifa saiam e entravam por outra porta do Pavilhão de Exposições do Anhembi.

Felipão "monopoliza" entrevista dos treinadores

Depois de na sexta-feira fazer uma entrevista separada do técnico Luiz Felipe Scolari e dividir os outros treinadores que participarão da Copa das Confederações em outros dois grupos de entrevistados, a Fifa resolveu modificar o formato neste sábado, após a definição das chaves da competição. Primeiro, concederam entrevistas os treinadores do Grupo B: Vicente Del Bosque, da Espanha, Eddy Etaeta, do Taiti, e Oscar Tabárez, do Uruguai. Esta primeira parte transcorreu normalmente, com quase o mesmo número de perguntas para os três.

Quando foi a vez do Grupo A. ao invés de deixarem Felipão sozinho, como fizeram na sexta, os organizadores resolveram colocar o treinador para falar ao lado dos italianos Cesare Prandelli (Itália) e Alberto Zaccheroni (Japão), além do mexicano José Manuel de la Torre. Com a sala de imprensa composta em sua grande maioria por jornalistas brasileiros, as indagações foram praticamente todas voltadas a Scolari, deixando os outros praticamente como figurantes na mesa. Sem ter culpa por isso, Felipão mostrou descontração durante a entrevista. Fez piadas e usou discursos semelhantes ao que protagonizava em 2002, destacando o resgaste da paixão do torcedor brasileiro pela Seleção.

A descontração de Cafu e a beleza de Adriana Lima

O capitão do penta foi responsável por descontrair o, até então, ensaiado e metódico sorteio ao apresentar pela primeira vez a bola que será usada na Copa das Confederações e na Copa do Mundo de 2014. "Elegante como sempre, hein, Glenda (Kozlowski)?", brincou Cafu logo na chegada com a apresentadora da Rede Globo e da cerimônia deste sábado.

Quando apresentou a bola como "Cafusa", arrancou gargalhadas pela semelhança da sonoridade com seu apelido. "Não tem nada a ver comigo, hein? Será que é só uma coincidência?". Depois explicou que a ideia da empresa de materiais esportivos fabricante da bola foi fazer um produto que misture "carnaval, futebol e samba" - pegando carona no conceito dos “cafuzos”, descendentes da miscigenação de negros e índios muito comuns no Brasil.

A rápida participação da modelo Adriana Lima foi precisa. Não deveria ser considerado grande feito o de não errar a ordem de retirada das bolinhas de dois baldes, mas passou a ser necessário desde que Alex Atala, seu companheiro de missão errou e causou confusão no evento. A top apareceu de cabelo preso em rabo de cavalo e vestido preto longo e básico, bem mais comportada do que quando veste lingeries com o seleto grupo de angels da Victoria's Secret.

Sedes tentam angariar seleções

Em meio a ex-jogadores, membros da Fifa e autoridades engravatadas do mundo do futebol, muitos outros políticos brasileiros marcaram presença. Estiveram na plateia do sorteio da Copa das Confederações Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, Gilberto Kassab e Fernando Haddad, atual e futuro prefeitos de São Paulo, entre outros. Junto com eles, estiveram presentes os governadores das sedes da Copa das Confederações, como Sérgio Cabral (Rio de Janeiro), Agnelo Queiroz (Brasília), Cid Ferreira (Ceará), Antonio Anastasia (Minas Gerais), Jacques Wagner (Bahia) e Eduardo Campos (Pernambuco).

Além de prestigiar os eventos, os governadores e suas equipes foram ao sorteio com outra missão: angariar seleções para ficarem nos seus estados durante a Copa das Confederações e durante a Copa do Mundo. A seleção italiana é uma das "disputadas quase a tapas" pelas sedes para criar uma base nos locais. A presença dessas seleções gera o maior interesse de turistas e jornalistas nas cidades, o que traria lucro para os municípios.

Fonte: Terra
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