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Primeiro jogador inglês do Corinthians só sabe de Kazim pelo YouTube

16 jan 2017 - 08h00
(atualizado às 08h00)
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O Corinthians teve um jogador inglês em sua equipe dois anos antes de apresentar Colin Kazim-Richards como reforço. Por três minutos. Em 24 de janeiro de 2015, o também atacante Jamie Byatt trocou de camisa com o veterano meia Danilo nos acréscimos de um amistoso festivo com o Corinthian-Casuals, derrotado por 3 a 0 em Itaquera, e tornou-se o primeiro britânico a defender o clube do Parque São Jorge.

Procurado pela Gazeta Esportiva para relatar as suas impressões sobre o segundo jogador inglês da história do Corinthians, contudo, Byatt teve pouco a acrescentar. "Não posso responder sobre o Kazim porque realmente não o vejo jogar. Só tenho assistido a alguns jogos dele pelo YouTube", explicou a estrela do Corinthian-Casuals, clube amador da Inglaterra que inspirou o batismo do coirmão brasileiro. "Espero que ele vá bem", completou.

Byatt ainda rejeitou comparações com Kazim, que se apresentou como "o gringo da favela" quando assinou um contrato válido por duas temporadas com o Corinthians. Irreverente, o reforço nascido em Leytonstone, que também tem nacionalidade turca, justificou a autopromoção com a sua origem humilde. Disse ter passado fome e lamentado a prisão de primos e do melhor amigo antes de se tornar atleta profissional. "Conheço tudo isso aí", avisou.

"Eu não diria que ele é como eu", contrapôs Byatt, um operário que passou a jogar futebol por prazer depois de não vingar nas categorias de base do Tottenham. "Kazim é um jogador profissional. Eu jogo futebol amador. O Corinthian-Casuals não paga os seus jogadores. Tenho um emprego normal e jogo futebol à noite e aos finais de semana. Não estou o tempo todo treinando", acrescentou.

De fato, Jamie Byatt se mostrou um verdadeiro "gringo da favela" quando esteve no Brasil na excursão de 2015 do Corinthian-Casuals, financiada pelo Corinthians. Ele se orgulhou por ter sido presenteado com uma bandeira corintiana no aeroporto de Guarulhos, bebeu cerveja e experimentou caipirinha em uma refinada churrascaria paulistana, onde elegeu a costela e o frango como as melhores iguarias, bateu bola na Praça da Sé e mostrou-se realmente à vontade em um ensaio da escola de samba Gaviões da Fiel. Na quadra da torcida organizada, aprendeu com os seus companheiros a saltar para o lado ao gritar "poropopó", decorou alguns versos do hino do time brasileiro, surpreendeu-se com a beleza de um grupo de mulheres e até trocou um chaveiro por uma camiseta depois de ser cutucado por um estranho.

"Eu não poderia escolher uma única coisa da semana que eu e os meus colegas de time passamos no Brasil para destacar. Foram tantos dias incríveis. E a receptividade dos torcedores? Foi algo inacreditável. Também foi uma grande honra vestir a camisa e jogar pelo Corinthians. Respeito muito o clube por ter me dado essa oportunidade", recordou Byatt, saudoso o suficiente para não se importar com o fato de o atacante Luciano ter se antecipado a ele na conclusão de um gol naquele amistoso em Itaquera. "Definitivamente, quero voltar ao Brasil. Espero que ainda neste ano."

A ligação de Byatt com os corintianos já existia antes mesmo de ele conhecer o Brasil. O atacante ganhou fama entre os torcedores por ter o hábito de levantar o exótico uniforme marrom e rosa do Corinthian-Casuals e exibir uma camiseta com um grande distintivo do Corinthians ao festejar os seus gols na King George's Arena. O gesto fez com que ele fosse o atleta britânico mais festejado na viagem de 2015 a São Paulo, onde recebeu o apelido de "Julio Cesar" - é careca como o goleiro campeão brasileiro de 2011, que passou pelo Náutico e está no Santa Cruz.

Para Chris Watney, diretor comercial (e atacante nas horas vagas) que viabilizou a última partida entre Corinthians e Corinthian-Casuals, Byatt é querido entre os corintianos por ser "um cara real" - quase um "gringo da favela". "Não dizem que o Corinthians é o time do povo? Jamie faz parte do povo. Ele é um operário simples e honesto, que ama o seu clube. É um jogador do povo", definiu o produtor do filme "Vai, Corinthians". Em uma cena do documentário, o primeiro jogador inglês da história do clube é mostrado operando uma escavadeira em Londres. Na seguinte, dirigindo um carrinho de golfe no estruturado CT Joaquim Grava.

Jamie Byatt voltou à sua realidade nos subúrbios londrinos há dois anos, porém ainda mantém ligação com o Corinthians e os seus torcedores. O jogador amador conta que muitos brasileiros acompanham as suas publicações no Instagram, além de interagir com aqueles que visitam o campo e o bar do Corinthian-Casuals em Tolworth. Também pela Internet, assiste a alguns jogos do time brasileiro que defendeu por três minutos.

"A última temporada do Corinthians não foi tão boa, mas isso poderá mudar com as chegadas de jogadores", analisou o torcedor Byatt, ciente de que um dos reforços é o seu compatriota de quem só tem notícias pelo YouTube. Na Inglaterra, Kazim passou por times sem grande expressão, como Bury, Brighton & Hove Albion, Sheffield United e Blackburn. O atacante de 30 anos ainda jogou por Fenerbahce, Galatasaray e Bursaspor na Turquia, por Olympiakos na Grécia, pelo Feyenoord na Holanda e pelo Celtic na Escócia. No Brasil, defendeu o Coritiba, recomendado pelo ex-meia Alex.

Agora com um bom motivo para ficar mais atento à carreira de Colin Kazim-Richards, Jamie Byatt se permitiu até imaginar uma futura dupla de gringos da favela na Inglaterra. "É claro que Kazim é bom o bastante para jogar pelo Corinthian-Casuals. Ele é um jogador profissional. Seria um ótimo parceiro de ataque", aprovou o pioneiro entre os ingleses do Corinthians.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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