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Semanas após título, paz política acaba e gera incertezas no Palmeiras

21 dez 2016 - 16h00
(atualizado às 16h00)
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Os torcedores do Palmeiras esperavam iniciar 2017 especulando qual seria o reforço de peso que chegaria para a disputa da Copa Libertadores. Mas a expectativa deu lugar a incertezas. A paz política que reinou nos mandatos de Paulo Nobre chegou ao fim semanas após o clube ter conquistado o seu primeiro título brasileiro em 22 anos.

Em vez de focar os esforços na contratação de reforços, o presidente Maurício Galiotte iniciou o mandato com a obrigação de contornar a nova polêmica entre Nobre - o seu padrinho político - e a dona das patrocinadoras Crefisa/FAM, Leila Pereira.

Nobre e Leila já não mantinham relação amistosa há tempos. Quem mantinha as pontes entre o clube e a parceira era justamente Galiotte, que ocupava a primeira vice-presidência na gestão de seu antecessor. Agora, ele trabalha para resolver o impasse que Nobre criou ao tentar impugnar a candidatura de Leila ao Conselho Deliberativo.

Informações divulgadas inicialmente pelo Blog do PVC davam conta de que Nobre encontrou irregularidades na ficha de associada de Leila. Para ser membro do Conselho, ela teria de ser sócia do clube há pelo menos oito anos.

O ex-presidente alega que Leila só se tornou sócia no ano passado e não cumpre o requisito. Já a candidata diz fazer parte do quadro desde 1996. Em entrevistas, ela chamou Nobre de "covarde" por tentar frustrar os seus planos. A eleição para o Conselho ocorrerá em fevereiro.

Segundo o portal UOL, o ex-presidente Mustafá Contursi também está envolvido no imbróglio. Ele diz ter dado o título de sócia-benemérita a Leila há 20 anos, mas não possui provas para embasar suas afirmações. Há uma movimentação entre opositores para acusar Mustafá de falsidade ideológica no episódio.

Galiotte não se manifestou sobre o assunto publicamente. Ele assinou o termo de posse no último dia 15 e só teve tempo tempo de confirmar contratações que já estavam acertadas há tempos. Foram oficializadas as chegadas do técnico Eduardo Baptista e dos reforços Raphael Veiga, Hyoran e Keno.

O atual presidente se encontra em situação delicada. O apoio de Mustafá às gestões de Nobre foi um dos motivos que garantiram a paz política dos últimos anos. Virar as costas para Leila também traria consequências sérias, já que a patrocinadora injeta quase R$ 80 milhões anuais no clube, bancando até os vencimentos do atacante Lucas Barrios, que beiram R$ 1 milhão.

Antes da controvérsia ter início, Galiotte mostrava plena confiança na renovação do contrato de patrocínio, que se encerra em janeiro. O presidente também dizia ser possível a chegada de um reforço de peso para a vaga de Gabriel Jesus, negociado com o Manchester City. O argentino Lucas Pratto, do Atlético-MG, era um dos nomes preferidos de Galiotte e Leila - que poderia bancar a contratação.

É provável que uma definição no contrato com as patrocinadoras surja só após a solução do imbróglio com Leila. Inevitavelmente, a busca por reforços sofrerá um atraso que não estava nos planos de Galiotte e do diretor de futebol, Alexandre Mattos.

Já Nobre parecia pressentir a turbulência que estava por vir. Em uma das premiações realizadas ao longo do mês, o ex-presidente conversava com amigos justamente sobre o clima político no Palmeiras e mostrava ceticismo com relação à estabilidade dos bastidores.

Os interlocutores se diziam impressionados com a pacificação que havia garantido 1.639 votos dos 1.733 possíveis para a chapa única de Galiotte ser eleita. Já Nobre afirmava que as aparências não condiziam com a realidade do clube e que havia diversos grupos esperando "o primeiro vacilo" do novo presidente para tumultuar os bastidores.

Assim como de costume, o Palmeiras diz que não se manifesta sobre assuntos internos.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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