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Olimpíada 2016

Oposição a Jogos Olímpicos impulsiona nova força política na Hungria

17 fev 2017 - 06h04
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A contundente oposição quanto a Budapeste receber os Jogos Olímpicos de 2024 foi o trampolim que colocou um movimento popular no mapa político húngaro como possível novo rival do governo conservador do primeiro-ministro, Viktor Orbán.

Sob o lema "NOlimpia", o grupo Momentum conseguiu coletar em um mês 120 mil assinaturas para forçar a convocação de um referendo no qual os moradores da cidade decidirão se querem sediar o evento esportivo.

O objetivo é chegar a 200 mil até esta sexta-feira para superar com folga o número de apoios necessários, mas que os impulsores da candidatura olímpica, apoiada pelo governo e pela prefeitura, poderiam tentar elevar na última hora.

"Você concorda que a prefeitura de Budapeste deve retirar sua candidatura para organizar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024?", é a pergunta que esperam poder fazer aos moradores da capital húngara.

Para o Momentum, a realização dos Jogos Olímpicos só deixaria dívidas e corrupção.

O movimento assegura que os custos chegariam até 4,9 bilhões de euros, aproximadamente 4% do PIB da Hungria, e deixaria o país endividado por décadas. O cálculo do governo é de 2,5 bilhões de euros.

"Circo para o povo e pão para os amigos", é um dos slogans do grupo, em referência à sua suspeita de que as obras acabariam nas mãos de empresas próximas ao governo.

O Momentum assegura que nem a Hungria nem Budapeste estão preparadas para encarar este desafio e que a prioridade deveria ser solucionar os graves problemas na educação, saúde e habitação.

Mas, além da oposição às olimpíadas, o movimento popular, que surgiu há dois anos em grupos universitários, denuncia que o projeto dos Jogos Olímpicos é só um exemplo do autoritarismo de Orbán.

"Mostra muito bem qual é o problema hoje na Hungria: o governo quer impor algo à força", assegurou à Agência Efe Barnabás Kádár, chefe de campanha do Momentum.

Kádár destacou que o Fidesz, partido do primeiro-ministro que governa com maioria absoluta desde 2010, "só entende a força", e que o assunto dos Jogos Olímpicos pode conseguir uma mobilização em massa que mostre essa força.

"Queremos mobilizar passivos e todos aqueles que se desiludiram com seus partidos", afirmou o chefe de campanha.

Essa é uma mobilização que o Momemtum quer manter no futuro. O movimento garante que, após o plebiscito, se registrará como partido para concorrer nas eleições gerais de 2018.

Kádár afirmou que o movimento está "fora da coordenada esquerda-direita" e que pretende atrair todos os eleitores.

O líder do grupo, Andras Fekete-Györ, chegou a declarar que o que quer é acabar com a atual forma de fazer política e criticar as "elites".

"Uma nova geração política está nascendo. Não só queremos acabar com o primeiro-ministro Viktor Orbán, mas com toda a elite política", disse recentemente.

Por enquanto, o movimento não tem programa político definido, embora Kádár assegure que o Momentum é europeísta, ainda que considere que a União Europeia tenha cometido erros, por exemplo, em migração.

Nesse sentido, pede uma maior vigilância das fronteiras para que a entrada de refugiados não seja descontrolada, e que haja uma postura comum a respeito.

Políticos e intelectuais de esquerda denunciaram que o Momentum critica de forma igual governos anteriores, de social-democratas e de Orbán, que aplicou políticas duríssimas contra os refugiados e mantém um discurso nacionalista, eurocético e antiliberal.

EFE   
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