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Atletismo

Usain Bolt, 9,81s, ouro e a apoteose no Engenhão

15 ago 2016 - 11h00
(atualizado às 13h34)
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Atletas de salto em altura competiam no Engenhão no mesmo tempo em que Usain Bolt vencia a semifinal e, minutos depois, a grande final dos 100m. Ninguém queria saber deles. Mais de 60 mil pessoas estavam ali, no final da noite de domingo (14), para reverenciar um jamaicano de 1m96, irreverente e orgulhoso com sua camisa amarela número 2612. "Bolt, Bolt, Bolt." Assim, uma multidão de súditos retribuía em gratidão o novo e marcante triunfo daquele que é soberano no atletismo mundial. A medalha de ouro veio em 9,81 segundos e quem espirrou naquele instante ou quis se ajeitar na cadeira perdeu parte da história.

Havia desde o início da noite um movimento incomum dentro e fora do estádio. Nunca, em 9 anos de vida, o Engenhão recebeu um público tão diverso, visível pelas cores das bandeiras, e uma quantidade incontável de fotógrafos de todas as partes do planeta - muitas câmeras ficaram perfiladas, próximas a área da chegada dos atletas, programadas para registrar o sétimo ouro olimpico do velocista.

"Nunca ouvi tantas línguas diferentes. Quando a gente não se entendia, eu usava a palavra mágica 'Bolt' e o sorriso se abria nos turistas. Depois, era só apontar para o espeto de churrasco e os salgados e dizer o preço com ajuda dos dedos". O relato de Iara Couto, dona de um bar bem em frente a um dos acessos do Engenhão, resume a noite de 14 de agosto no bairro do Engenho de Dentro. A data foi de celebração.

Bolt primeiro apareceu no telão e na pista para uma das três semifinais dos 100m. Nem é preciso contar a reação do público. Sorridente, ele acenava e fazia gestos e caretas. Queria brincar. Estava ali para se divertir. E foi o que fez, sobrando na disputa. O carinho e a empatia com a torcida complementam o atleta, vencedor de três ouros olímpicos em 2008, em Pequim, e mais três, em 2012, nos Jogos de Londres.

"Não sinto falta de competir", diz Carl Lewis no Rio:

Minutos depois, às 22h22, quando da apresentação dos oito finalistas da prova, as homenagens a Bolt se multiplicaram. Ao seu lado, o americano Justin Gatlin recebia vaias e sua expressão não era nada acolhedora.

Todos de pé no estádio e em silêncio. Bolt e seus rivais tomavam posição, inclinavam o corpo. Mas Andrew Fisher, do Bahrein, queimou a largada e sofreu com a eliminação. Os atletas voltaram a seus postos. Agora valia. E numa prova de recuperação, superou Gatlin para mais uma vez ser agraciado com o topo do pódio.

De braços abertos, como o Cristo Redentor, Bolt dançou, mandou beijinhos, posou para selfies e deu uma volta olímpica para agradecer quem estava mais perto. Certamente, ouviu como resposta que quem devia agradecer ali era o público.

O corredor jamaicano Usain Bolt venceu pela terceira vez seguida a prova olímpica dos 100m rasos
O corredor jamaicano Usain Bolt venceu pela terceira vez seguida a prova olímpica dos 100m rasos
Foto: Getty Images
Fonte: Silvio Alves Barsetti
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