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Falamos com Rafael Marques: 'O casamento com a torcida do Vasco dará final feliz'

Em entrevista exclusiva ao LANCE!, zagueiro do Vasco faz balanço de um mês de clube, analisa experiência na carreira e projeta bons frutos para a torcida vascaína na temporada

17 ago 2016 - 08h09
(atualizado às 10h32)
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Rafael Marques passou por muita coisa na carreira. Aos 32 anos, chegou ao Vasco para repor a vaga deixada por Rafael Vaz, que foi para o Flamengo, e aos poucos vem se estabelecendo na equipe e conquistando a torcida. Há um mês em São Januário, o zagueiro conversou na terça-feira com exclusividade com o LANCE! sobre a carreira, relembrou as dificuldades na infância, quando integrava as categorias de base do Botafogo, e projetou o futuro como atleta do futebol. O retorno ao Rio de Janeiro após oito anos também o emocionou.

A principal ambição de Rafael Marques ficou nítida ao longo da entrevista: dar um final feliz ao casamento com os torcedores do Vasco, que esperam o retorno à elite do futebol brasileiro e o título da Copa do Brasil. Neste cenário, buscado por todos em São Januário, o ano de 2017 seria perfeito para os vascaínos, participando de mais uma edição da Copa Libertadores. E o sonho foi mais além: conquistar o torneio sul-americano para ter chance de disputar o Mundial de Clubes. Em 2013, pelo Atlético-MG, Rafael Marques já teve esta possibilidade.

Sábado, Rafael Marques formará ao lado de Jomar a dupla titular do Vasco no jogo diante do Sampaio Corrêa, no Espírito Santo, que marca a abertura do segundo turno da Série B do Campeonato Brasileiro. Marques já entrou quatro vezes em campo desde que chegou a São Januário e ainda não perdeu. A expectativa é a de que o desempenho siga, mostrando o seu valor e sabendo que o grupo possui nomes considerados intocáveis, como Luan, atualmente com o Brasil no Rio 2016, e Rodrigo, suspenso.

Confira a seguir a íntegra da entrevista exclusiva dada por Rafael Marques ao LANCE!.

Como é jogar no Vasco? Qual é a relação sua com a torcida?

Jogar no Vasco para mim é muito prazeroso. Até porque sempre joguei em clube grande e jogar no Vasco é mais um sonho realizado. Pela grandeza do clube, pela história que o clube tem, e principalmente por esta torcida que apoia o time em todos os jogos. Independentemente do local que a gente vai jogar, os nossos torcedores vão junto de maneira firme. Isso para o jogador de futebol é muito gratificante.

O que te motivou a trocar o Coritiba, na Série A, pelo Vasco, na Série B?

Motivou o projeto que foi oferecido. Pela grandeza do Vasco, tradição, camisa, a torcida, e o Vasco hoje tem uma estrutura totalmente modernizada, é um novo clube. E quando apareceu essa oportunidade de vir para o Vasco, eu não pensei duas vezes. E também troquei pela ambição do Vasco, de conquistar a Série B e brigar pela Copa do Brasil, ponto que o Coritiba não tinha mais a oportunidade na época.

Você é natural do Rio de Janeiro, começou no Botafogo, ficou oito anos fora do Rio de Janeiro, e agora está de volta. Qual é a sensação?

Sensação muito especial em ter a possibilidade de retornar a desempenhar a minha função na minha cidade. Tenho familiares que são torcedores do Vasco e depois de oito anos fora do Rio de Janeiro, volto para a cidade com muito mais experiência. Não que eu tenha conquistado tudo, até por conta de eu ter ainda muito para conquistar e jogar na carreira. Tenho muito a ajudar no Vasco e o Vasco tem muito para me ajudar. Nasci e fui criado aqui, vou buscar pelo título.

Com um mês de Vasco, já jogou quatro partidas e vem subindo de produção. Como está sendo esta adaptação no clube?

A adaptação, graças a Deus, tem acontecido de uma forma bem tranquila. As oportunidades estão aparecendo para mim na equipe, os companheiros estão ajudando. Joguei com muitos que estão no Vasco em outros clubes, Diguinho, Julio Cesar, Jorge Henrique, Leandrão, e agora reencontro-os. Não sou mais um garoto, tenho mais idade, sou experiente, e com o apoio da torcida e a confiança de todos facilitam este meu trabalho.

Sente algum tipo de pressão pela dupla Luan e Rodrigo formar a titularidade do Vasco na zaga há mais de duas temporadas?

Sou bem tranquilo em relação a este assunto. Até porque no futebol, hoje em dia, você ganha o campeonato com o grupo. No ano, dependendo de onde o Vasco chegar nas competições, você tem mais de 70 jogos, há casos de cartões, jogadores convocados, como é agora com o Luan no Rio 2016, lesões, e para o treinador é importante você sentir confiança e acreditar no seu trabalho. A partir do momento que você se sente importante dentro do grupo, jogando ou não, você se sente satisfeito e feliz.

Aos 32 anos, você tem um bom currículo, com a conquista da Copa Libertadores pelo Atlético-MG em 2013 e logo após a ida para a Itália, onde ficou por dois anos. Como esta experiência te ajuda em campo?

A rodagem do atleta amadurece o desempenho em campo. Faz a experiência aumentar a carreira. Agradeço muito a Deus por todas as portas que foram abertas a mim na minha carreira. Esta volta ao Rio de Janeiro a um grande clube como o Vasco tem apenas a acrescentar em minha vida pessoal e profissional. Tenho muito a ajudar o Vasco.

Como é jogar ao lado de estrelas do futebol, como Nenê?

Sou um jogador com privilégios. Tive a oportunidade de jogar ao lado de grandes nomes ao longo de minha carreira, como Ronaldinho Gaúcho, o zagueiro Rafael Marques, do México, Luca Toni, atacante, Zárate, e diversos outros jogadores. E hoje jogar ao lado do Nenê aqui no Vasco é um prazer. Uma satisfação conviver com um ser humano tão especial e maravilhoso como é o Nenê, dentro e fora de campo. É diferenciado. Isso ajuda muito não só o time, mas o grupo, pois ele assume a responsabilidade. Na dificuldade, sabemos que tem um cara em campo que pode resolver o jogo em favor de nossa equipe.

O Vasco terminou o primeiro turno da Série B na liderança. O que prevê para o segundo turno da competição?

A previsão do grupo é que podemos manter e até melhorar o nosso rendimento. Nunca diminuir a qualidade. Somos competitivos. Todos querem jogar em alto nível, quando entramos em campo queremos dar o nosso melhor. Vamos fazer um grande segundo turno da Série B a partir de sábado, contra o Sampaio Corrêa, e melhorar os pontos que falhamos no turno inicial para conquistarmos os nossos objetivos e sermos campeões. Neste período de treinos na parada da Série B para o Rio 2016, estamos trabalhando forte para aprimorar todos os pontos, como se estivéssemos em uma pré-temporada, mantendo o mesmo ritmo.

O retorno à elite está para ser sacramentado pelo Vasco rapidamente e aí a atenção passará a ser apenas a Copa do Brasil. Apesar de não poder entrar em campo por ter participado do torneio pelo Coritiba, como vê o Santos, adversário nas oitavas de final?

São duas competições importantes que o Vasco entra na reta final e decisiva nestes últimos meses do ano. A Série B é diferente por ser pontos corridos e vamos brigar para somar o maior número de pontos rapidamente. Quanto mais breve conseguirmos o acesso, será mais tranquila a nossa caminhada na Copa do Brasil. Só que nesse meio temos um jogo muito importante contra o Santos. Possuem qualidade, será um grande jogo, infelizmente não poderei estar em campo por já ter entrado na Copa do Brasil enquanto defendia o Coritiba, mas estarei dando o apoio. Vamos conseguir a classificação.

O Vasco tem condições de ser campeão da Copa do Brasil?

Pela qualidade, entrosamento e união do nosso grupo, acredito no título do Vasco na Copa do Brasil. Isso é muito importante no futebol. Não adianta você ter um grande grupo e não ter estes três pontos. Com pouco tempo de Vasco, consegui perceber que temos isso aqui em São Januário, todos se respeitam, são felizes e isso aumenta o desempenho do nosso jogo dentro das quatro linhas. Hoje no futebol é difícil encontrar um grupo assim, como o do Vasco. Temos camisa e tradição para levantar o troféu.

Caso conquiste a Copa do Brasil, o Vasco tem tudo para chegar em 2017 de volta à Série A do Campeonato Brasileiro e na Copa Libertadores. O que significaria para o clube se este cenário se concretizasse?

São duas competições que todo grande clube almeja participar. O Vasco tem nesta reta final de ano duas grandes possibilidades, a Série B para retornar à elite e a Copa do Brasil que leva para a Libertadores. E vamos lutar por isso. Vamos batalhar cada jogo como se fosse uma decisão. Nos concentrando mais. É um sonho que se realizaria ao mesmo tempo subir para o lugar que o Vasco nunca deveria ter saído e com a vaga para a Libertadores. Trabalharemos nisto. Com o apoio da nossa torcida, no fim do ano teremos estes objetivos.

O quanto influencia ter no comando da equipe Jorginho e Zinho como técnico e auxiliar, respectivamente?

Jorginho, Zinho, e toda a comissão técnica do Vasco, são grandes profissionais que somam ao grupo. Não apenas na forma técnica e tática, mas na condução do grupo, no caráter. Isso é muito importante. Você tem um diálogo bom com a comissão técnica, o resultado do trabalho aparece. O Vasco não ficou 34 partidas sem perder sem motivo. Alguma coisa importante foi feita. E tem sido feitas coisas boas. No futebol, poucas pessoas lembram e falam disso, o clube está organizado. Nenhum clube fica tanto tempo sem perder.

Como é o Rafael Marques fora de campo? E a sua relação com a família e amigos?

Sou evangélico, um cara bem tranquilo, sou muito família mesmo. Adoro estar junto da minha esposa e dos meus filhos. Depois de oito anos fora, até emociona receber a minha família novamente, estou mais próximo de todos aqui. Quando tenho uma folga, procuro passear com todos, vou ao cinema, jogo bola com meu filho, vou ao parquinho. São momentos de folga que renovo as minhas forças junto das pessoas que eu amo. Tudo que eu faço nesta vida de jogador é para a minha família.

Como era Rafael Marques na infância? Sempre teve o sonho de ser jogador de futebol? Passou alguma dificuldade na base?

Sempre tive um sonho de ser jogador de futebol. Toda criança que gosta de bola tem esse sonho. Mas é um sonho que muitas vezes não se realiza, os obstáculos da vida acabam frustrando. E consegui ter esta possibilidade. Os caminhos que percorri, tive dificuldades na época da base no Botafogo, o clube estava quase fechando as portas para a base, fui para o Brasiliense, depois voltei para o Botafogo e disputei uma Série B. E a partir deste momento, as coisas caminharam e segui a minha carreira. Sou um cara realizado. Temos momentos ruins, mas procuro destas fases tirar coisas boas para me fortalecer cada vez mais na vida.

Possui algum sonho ainda para ser realizado? Por outro lado, se arrepende de algo que já fez?

Todos os dias os sonhos se renovam. Eu tinha um sonho de voltar a jogar no Rio de Janeiro e consegui realizá-lo. Tenho sonhos dentro do Vasco, fazer história, conquistar títulos, ser campeão da Copa do Brasil, estar disputando em 2017 a Copa Libertadores e também ser campeão, nada é impossível. Do outro lado, me arrependo por não ter aproveitado todos os momentos bons de minha carreira, até porque fui sempre pé no chão. Nas vitórias, às vezes não curti muito. Nunca fiz nada a ninguém.

Como analisa o seu futuro no futebol? Acredita que pode jogar em alto nível até qual idade? Cogita a possibilidade de quando parar, que seja no Rio de Janeiro ou até mesmo no Vasco?

Consigo seguir por muitos anos a minha carreira, e até mesmo no Vasco sim. Hoje, um atleta de futebol sabe que tem que se cuidar, não tem mais espaço para balada, perder noite de sono, sigo isto, me alimento bem, descanso e uso toda a excelente estrutura do Vasco, tomo todos os tipos de cuidado. Um jogador hoje em dia que treina, entra no vestiário, toma banho e vai para casa, encurta a carreira. No Vasco, o treino não é apenas em campo, e também fora. Isso ajudará a prolongar a minha carreira, tenho a aprender e oferecer ao futebol. Quero conquistar mais para mostrar tudo aos meus filhos.

Depois que se aposentar, pretende seguir trabalhando com futebol?

Não tenho ainda este pensamento formado na minha cabeça. Tenho um carinho e admiração muito grande no futebol, por tudo que me proporcionou, conquistei e vivi. Em mente, primeiro, é continuar sim. No momento certo, irei parar, bem e feliz para tomar qual caminho vou seguir. Tenho o desejo, mas vou esperar mais alguns anos para ter essa ideia mais sacramentada e desenhada na minha cabeça, conversando com todos os meus amigos e familiares antes de tomar qualquer decisão no assunto.

Como você analisa o calendário do futebol brasileiro?

É um calendário pesado que temos atualmente no futebol brasileiro. E os maiores prejudicados são os clubes, jogadores e torcedores. Isto por conta de muitas das vezes, jogando uma quarta e domingo, o torcedor não tem condições de ir ao estádio. O jogador não aguenta jogar. Não aguenta a sequência de jogos e isso atrapalha. E com isto, o clube é obrigado a montar e manter um plantel muito grande para conseguir ir bem dentro das competições que participa. E quando não consegue isso, ele acaba tendo que priorizar uma competição e isso atrapalha muito. O calendário no Brasil deveria ser repensado, não sei de qual maneira, não tenho entendimento sobre isso. Mas se a Europa consegue, o Brasil também tem condições de fazer.

Está assistindo as Olimpíadas? Qual esporte te chama mais a atenção? Se não fosse jogador de futebol, se imagina em outra modalidade?

Tenho acompanhado bastante as Olimpíadas aqui no Rio de Janeiro. Todo atleta de futebol gosta bastante de esporte, tenho uma admiração muito grande pelo basquete. Estava torcendo muito pela Seleção Brasileira de basquete, acompanhei o jogo contra a Argentina, e infelizmente não teve a classificação. Assim como outras modalidades, tenho visto o levantamento de peso, a dificuldade, a força, a entrega de cada um. Se eu não fosse jogador de futebol, seria de basquete. Gosto de ver, tenho o pacote da NBA (liga de basquete dos Estados Unidos), assisto a diversos jogos da modalidade. Gosto muito mesmo.

Deixe um recado para os torcedores do Vasco.

O que eu posso dizer para o torcedor do Vasco é que podem esperar do Rafael muita entrega, dedicação, muito respeito para a camisa do Vasco. Vou procurar estar sempre bem fisicamente, tecnicamente, e principalmente, mentalmente para sempre estar em campo ajudando. Me cuidando dentro e fora de campo para poder conquistar os objetivos do clube. Junto com todo grupo, retornar para a Série A e nunca mais sair da elite do futebol brasileiro. Nunca mais. O casamento com a torcida dará um final feliz. Chegaremos aos objetivos traçados no início da temporada.

Lance!
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