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'Novo' titular do Santos, Braz ignora críticas e quer mais um título no ano

Zagueiro volta ao time titular do Peixe e vê semelhanças com 'renascimento' com Oswaldo de Oliveira em 2014. Alheio às críticas e focado por outro título no ano, Braz se abre ao L!

18 out 2016 - 07h13
(atualizado às 11h55)
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A afirmação de que David Braz é um ídolo da torcida do Santos causa divisões desde o ano passado, quando o defensor era titular absoluto, líder de venda em uniformes e um dos líderes do elenco. Agora em nova função, retornando à equipe por conta da grave lesão de Gustavo Henrique após longo período amargando o banco de reservas, o camisa 14 novamente convive com o "amor e ódio" que marcam sua trajetória desde o momento em que chegou ao Peixe.

Acostumado com as críticas e "calejado", como se define nesta entrevista exclusiva ao LANCE!, David Braz revive hoje as primeiras oportunidades recebidas em 2014. Na ocasião, o defensor era quarta opção para a defesa de Oswaldo de Oliveira e recebeu oportunidades, curiosamente, após lesão de Gustavo Henrique e de Edu Dracena.

Detentor de dois estaduais pelo Santos, o zagueiro bateu na trave na conquista da Copa do Brasil do ano passado e também sofreu com a eliminação nas semifinais do ano anterior, para o Cruzeiro. Talvez venha daí os tais "calos" que David Braz menciona em diversas respostas neste bate-papo. Fato é que as respostas para não deixar mais uma taça escorrer pelas mãos estão mais afiadas do que nunca...

Ensaiado no discurso, o mais amado e odiado camisa 14 do futebol brasileiro fala sobre o objetivo de encerrar a temporada com mais um título e da sonhada volta à Libertadores no ano que vem.

Personagem carismático e sinônimo de sorrisos no CT Rei Pelé, Braz muda o tom de voz quando o assunto envolve sua família. A ira da torcida com algumas atuações tem invadido as redes sociais de pessoas próximas, algo que o pai de família David Braz não aceita. Mas e a unanimidade por parte dos torcedores, é uma obsessão, Braz?

- Estou tranquilo sobre isso. Faço meu melhor para ajudar o Santos. Se o torcedor não gosta de mim, paciência. O que eu quero é respeito com meus familiares. Já falei isso semana passada na coletiva, tenho visto comentários nas redes sociais envolvendo minha família. Gosto não se discute, cada um tem o seu. Só precisa ter tranquilidade para fazer o que venho fazendo, que é trabalhar. Isso não podem tirar de mim. Não podem dizer que deixei de honrar a camisa do Santos .

Confira abaixo a entrevista com o zagueiro alvinegro:

Apesar das circunstâncias, envolvendo lesão de um companheiro, qual a sensação de estar de volta ao time titular após tanto tempo fora?

Boa, ainda mais na situação que nós estamos. Não perdemos mais quando eu voltei, time vem de sequência boa de vitórias, somando pontos no Brasileiro. Estou feliz de voltar à equipe. Não é do jeito que eu queria, com lesão de companheiro, meu parceiro de quatro, meu companheiro nos últimos títulos aqui pelo Santos, que é o Gustavo Henrique. Mas nossa vida é assim. Já passei por isso, tive lesão no joelho com 19 anos no Palmeiras. A gente, que joga em alto nível e em uma sequência grande de jogos, está sujeito a isso, infelizmente. Mas estou feliz por voltar à equipe, poder ajudar o Santos com os companheiros, brigando pelas primeiras posições e para chegar às finais da Copa.

Você foi do céu ao inferno com a torcida de 2015 para 2016. Terminou o ano em alta, lesionou, e quando voltou foi criticado. As críticas desse período te incomodam?

Não, cara. Santos é time grande, graças a Deus estou calejado com isso. Já vivi outros clubes grandes, sei como funciona. Cobrança vai existir sempre. Críticas, quando usadas para que você melhore e ajude o Santos, são importantes. Mas claro que outras são bem ignorantes. Não é profissional, já é pessoal. Tem pessoas que têm seu gosto, mas estou tranquilo. Procuro fazer meu melhor, agradar o treinador e graças a Deus estamos conseguindo colocar o Santos na briga e aos poucos chegar ao nosso objetivo que é a disputa da Libertadores.

David Braz foi campeão paulista pelo Santos em 2015 (FOTO: Ivan Storti)

E de alguma forma as críticas podem acabar atrapalhando. Quanto o extracampo influencia um jogador como você?

Eu particularmente não. Aqui já vivi situação dessa. Não era o preferido de alguns, mas graças a Deus consegui dar a volta por cima. Os mesmos que criticaram já idolatraram, então particularmente estou tranquilo com as críticas de algumas pessoas. Não dá para dizer que é o torcedor do Santos de um modo geral, porque muitos me procuram para apoiar, deixam recado. Para esses eu procuro dar valor.

Depois da lesão sofrida na final da Copa do Brasil de 2015 é difícil retomar ao mesmo nível que estava quando parou?

É complicado, porque você fica muito tempo sem atuar. Aí você não faz pré-temporada com os companheiros, é complicado. Aí quando você volta para a equipe, sofre com outras dores que incomodam e tem que parar de novo. Infelizmente estou sofrendo por conta daquela lesão, mas não estou desanimado. Sei que coisas boas vão acontecer até o fim do ano. Estou muito feliz de estar de volta. O que passou é passado, não vou colocar isso como dificuldade na temporada. A gente que joga em alto nível acaba passando por lesão, e o que precisamos é dar a volta por cima.

Agora o Santos vive o mesmo dilema do ano passado. O que fazer agora? Priorizar algum torneio ou manter força total?

Então, no ano passado ninguém pediu para ser poupado. Há confusão grande sobre isso. A comissão técnica nos perguntou como estávamos, e eles sabiam que a gente estava cansado. Então naqueles dois jogos com Coritiba e Vasco, duas viagens, dois jogos com campo pesado, chovendo, e o Palmeiras jogando só pela Copa do Brasil, era um risco grande que a gente tinha para final. Eles descansados e a gente jogando com Coritiba e Vasco não ia conseguir nem a vitória na Vila Belmiro na minha opinião. Pelo cansaço. Então a comissão decidiu colocar outros que não vinham atuando, e infelizmente perdemos para Coritiba e Vasco. Se ganhasse pelo menos um, chegava na última rodada brigando por Libertadores no Brasileirão. Esse ano acho que a gente tem possibilidade de chegar nos dois, mas sabemos que vai ser bastante desgastante para quem está jogando desde o começo, como Renato, Lucas Lima, Victor Ferraz, Thiago Maia, Zeca, que têm sequência grande na temporada. Algum desses jogos vai ter que dar descanso para alguns, talvez não todos de uma vez, não sei como vai ser, mas acho que não será uma troca geral de uma vez.

O Santos de um modo geral está mais calejado para este ano?

Ah, ano passado também estávamos preparados. Quando não acontece, dizem que não estava preparado. Mas com a experiência do ano passado, time está ciente de que não pode cometer os erros e trazer para esse ano. Nesse quesito, sim, pegou mais malandragem. É um time mais entrosado, tem uma base junta desde o ano passado. A gente sabe como tem que ser agora esse ano. Então por esse lado do entrosamento, estamos mais preparados, sim.

E como foi esse período no banco de reservas mesmo após um ano excelente como foi o seu 2015?

Faz parte da nossa vida. Infelizmente não era o que eu queria. Queria ter continuado na equipe, mas por conta de uma lesão... Normal, nossa equipe tem jogadores de muita qualidade, muitos têm condição, então deu brecha por lesão. Assim foi como eu entrei na equipe. Tive sequência de jogos em 2014 após lesões do Edu Dracena e do Gustavo Henrique, só aí que comecei a jogar. Então são coisas do futebol. A gente procura ter tranquilidade, oportunidade ia acontecer. Estou tendo essa oportunidade agora e quero dar sequência com os meus companheiros para ajudar o Santos.

Se o Santos hoje não briga diretamente, rodada a rodada, pelo título brasileiro é por conta dos pontos perdidos para times ameaçados. Vocês conseguem encontrar alguma explicação para jogos como esses?

Todo mundo está vendo. Infelizmente não dá para a gente explicar. Eu sinceramente não sei como explicar isso. Infelizmente a gente errou diante dessas equipes, não somamos pontos. Não conseguimos os três pontos que queríamos. Por exemplo, nesses jogos nós fomos bem. Esses pontos que perdemos para essas equipes foi ruim. Conversamos bastante já para não errarmos contra eles, pois as equipes que estão lá embaixo procuram se defender mais e esperar um erro nosso. Não deixam muito a gente pensar nossas jogadas. Essas equipes nos marcaram bem, não conseguimos os gols e ficamos sem os pontos. Figueirense em casa é um exemplo. Fizemos grande partida, atacando o tempo todo, mas a bola naquela manhã não quis entrar. E isso não tem como explicar. Criamos contra o América também, goleiro pegou, tivemos outra chance. Então são coisas que também são méritos do adversário. Hoje dão muito valor ao erro e não ao mérito. Quando a gente ganha um jogo, falam que o outro time que errou contra a gente. Tiram nosso mérito e dizem que o adversário errou contra a gente. Mas tem que reconhecer mérito dos outros.

Hoje o grande objetivo do clube é voltar à Libertadores, e o Santos está muito próximo disso. O que significa realmente disputar uma Libertadores para você?

Não só isso. Nós queremos conquistar mais títulos essa temporada. Brasileirão está mais difícil, Copa do Brasil também tem outras grande equipes. Mas enquanto existir chance, a gente vai lutar e trabalhar ao máximo para conquistar mais um título ainda esse ano.

David Braz jogou a Libertadores pelo Flamengo (Foto: Arquivo Lance)

Pelo Santos você ainda não teve a oportunidade de disputar a Libertadores mesmo há quase quatro anos no clube. Faz falta a vocês jogar um torneio da dimensão da Libertadores?

É um campeonato que já disputei pelo Flamengo duas vezes. Acho que o Santos merece estar nessa competição. É um time acostumado à Libertadores, já tem três títulos, então merece pelo que vem fazendo nos últimos anos. Trabalho forte, fases finais nas principais competições, principalmente Copa do Brasil. Semifinal em 2014, final do ano passado. No Campeonato Brasileiro também estamos bem na tabela, temos que continuar somando pontos para ver até onde vamos.

E essa ambição até do torcedor de estar de volta a uma competição como essa pode atrapalhar de alguma forma vocês jogadores? Isso pode pilhar demais o elenco?

Não. A gente tem que ter tranquilidade. Entendemos a ansiedade do torcedor, queremos muito colocar o Santos na Libertadores, claro que com muita humildade e trabalho. Sem ansiedade maluca. A gente vai fazer de tudo para levar o Santos para a Libertadores novamente. Não é só a Libertadores, queremos mais um título ainda na temporada, porque o Santos merece estar sempre disputando, conquistando e levantando troféu.

Lance!
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