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Paraná completa 10 anos da volta à Vila Capanema, casa paranista com futuro incerto

Tricolor perdeu a posse do estádio e luta por indenização ou acordo de permuta

20 set 2016 - 20h21
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Nesta terça-feira, o Paraná completou dez ano no retorno à sua casa: a Vila Capanema. O momento, entretanto, não é para comemorar. O estádio não pertence mais ao clube da capital e seu futuro ainda é incerto.

Torcida do Tricolor pode estar vivendo seus últimos anos no estádio do Rebouças. (Divulgação/Paraná)
Torcida do Tricolor pode estar vivendo seus últimos anos no estádio do Rebouças. (Divulgação/Paraná)
Foto: Lance!

No dia 20 de setembro de 2006, após passar anos atuando no Estádio Pinheirão, a diretoria paranista reinaugurou o Durival Britto e Silva com o apoio da torcida. Com a campanha "Vila, Tá na Hora", os torcedores abraçaram a ideia e totalizaram R$ 2,5 milhões em investimentos: ampliação e criação da "Curva Norte" e a construção de camarotes em cima da Reta do Relógio.

O triunfo por 2 a 0 contra o Fortaleza, com gols de Leonardo e Peter, fez o time do técnico Caio Júnior voltar a brigar pela zona de classificação para a Copa Libertadores, chegando a 37 pontos. E conseguiu manter o embalo que tinha quando atuava no Centro Poliesportivo da Avenida Victor Ferreira do Amaral.

Depois da reestreia, o Tricolor atuou na Vila por mais seis vezes: Ponte Preta, Goiás, Flamengo, Palmeiras, Internacional e São Paulo, todos com casa lotada - o torneio, em parceria com uma empresa, tinha uma promoção em alguns jogos para a troca de ingresso por uma lata do produto.

O empate por 0 a 0 com o campeão SP, que atuou com time misto, decretou a única alegria plena do torcedor no retorno aliado ao empate do concorrente Vasco da Gama com o Figueirense: a conquistada inédita da vaga para a Libertadores. Em 2007, na pré-Liberta, a confirmação para a fase de grupos também marcou a torcida. E só.

Depois disso, o local vive uma maré contra, com grandes tristezas: o empate na final contra o Paranavaí que impediu o bicampeonato paranaense, derrotas para América-RN e Santos em 2007 que praticamente definiram o rebaixamento para a Série B, a igualdade com o Arapongas que decretou o rebaixamento para a Divisão de Acesso do Estadual, além de resultados pontuais pelo Paranaense e Campeonato Brasileiro que desanimaram o torcedor em geral. Desde a reinauguração são 304 jogos, com 154 vitórias, 79 empates e 71 derrotas, equivalente a 59,3% de aproveitamento.

Fora de campo, o panorama é parecido: apesar de reformar o gramado, colocar grades e trocar a cobertura das Sociais neste ano, o Paraná pouco pode mexer na estrutura do estádio para melhorias porque, além da falta de recursos, é impedido por não ser mais o dono do local.

No dia 9 de março deste ano, a União venceu o clube paranaense no processo pela posse do terreno da Vila Capanema no Tribunal Regional Federal de Porto Alegre (TRF-4). O desembargador revisor do processo, Ricardo Teixeira do Valle Pereira, deu voto favorável ao governo federal, concordando com o relator do caso, o desembargador Fernando Quadros da Silva, que havia declarado que a União seria a dona legítima do local por possuir o registro de matrícula do imóvel.

No momento, o que está em discussão é se o Paraná terá direito à indenização pelas benfeitorias feitas desde 1971. O desembargador Ricardo Teixeira do Valle Pereira sugeriu uma indenização de apenas R$ 1 milhão, mas a desembargadora Marga Inge Barth Tessçer discordou do montante. A última vistoria nesse sentido foi feita em 2001. Uma previsão otimista é receber R$ 50 milhões, já uma mais realista não ultrapassa a casa de R$ 20 milhões.

O departamento jurídico paranista ainda tem duas instâncias para entrar com um recurso: o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, caso perca novamente, o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Essa manobra serviria apenas para retardar em cinco ou seis anos o que já é certo: a saída do Tricolor do local.

O Paraná tenta um acordo, mas no momento não está mais otimista como mostrava há dois meses. Em julho, a assessoria de imprensa da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) afirmou que "há a possibilidade de que seja firmado um contrato de permuta entre a União e o Paraná Clube, aguardando a formalização de propostas para a realização deste contrato".

O responsável por essa tentativa de permuta é o atual vereador Tiago Gevert (PSC), que é candidato à reeleição em 2016 e não pode falar sobre o assunto. O clube também não quis se pronunciar no momento. Internamente, entretanto, o clima de um desfecho feliz já não é mais o mesmo.

Entenda o caso

O local que fica a Vila Capanema pertencia à Rede Ferroviária Federal S.A (RFFSA), com o clube usando o terreno cedido ao Ferroviário, um dos clubes que deu origem ao Paraná. Com a extinção da RFFSA, em 2007, a discussão da posse ficou com contra a União.

Após suspensão do processo, em 2011, o julgamento foi reativado a partir de 2013. O Tricolor, com a consciência da possível perda, tentou alinhar um acordo com a Prefeitura e Estado nos últimos anos, em troca da desistência do processo e a construção de um estádio novo na Vila Olímpica, no bairro Boqueirão, mas a falta de recursos dos governos impediu um desfecho feliz aos paranistas.

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