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Pescador, fã de Van der Sar e 16 anos mais novo que Prass: conheça Uilson

Tímido e baiano, goleiro reserva da Seleção Brasileira conta sua história ao LANCE!. Jogador do Atlético-MG, de só 22 anos, se diz pronto para entrar novamente em 'fria' na Rio-2016

22 jul 2016 - 06h36
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Quando a informação de que Fernando Prass estava entre os pré-selecionados para a Olimpíada passou a ser veiculada pela mídia, Uilson chegou a temer pelo pior. Embora soubesse que era homem de confiança de Rogério Micale, o goleiro do Atlético-MG pensou que poderia ficar fora dos Jogos no Rio de Janeiro. Hoje, o veterano de 38 anos, 16 a mais do que ele, não é visto mais como uma sombra ou um rival, mas sim como um possível professor.

Uilson, goleiro do Atlético-MG e da Seleção olímpica (Foto: Lucas Figueiredo/Mowa Press)
Uilson, goleiro do Atlético-MG e da Seleção olímpica (Foto: Lucas Figueiredo/Mowa Press)
Foto: Lance!

É claro que Uilson gostaria de ser titular da Seleção, mas ele está ciente de que larga muito atrás do camisa 1. Até por isso, quer aproveitar ao máximo a convivência com o palmeirense para aprender e evoluir.

Liderança e principalmente comunicação podem ser atributos a absorver do companheiro. Tímido, Uilson evita câmeras e demora a se soltar em ambientes novos. Discreto, ele também não gosta de redes sociais e só aceitou falar com o LANCE! por email. Já em sua primeira entrevista coletiva, na última quinta-feira, ele se expressou bem, embora tenha economizado nas palavras em algumas respostas. A melhor delas foi justamente ao falar sobre o aprendizado que deseja ter com Prass.

- Ele vive um grande momento no Campeonato Brasileiro, foi super merecida a convocação. É um goleiro líder, campeão. Além de estar buscando meu espaço, terei um aprendizado muito grande. Vou procurar a cada dia ajudar e aprender com o Prass. Se precisar de mim, vou dar o meu máximo - declarou.

Nascido na pequena cidade de Mucuri, no interior da Bahia, ele deixou os pais ainda jovem para se mudar para Belo Horizonte atrás do sonho de se tornar jogador de futebol. Em Minas Gerais, ele foi dispensado das categorias de base do Cruzeiro, mas acabou parando no rival Atlético-MG. Foi lá, inclusive, que ele conheceu Rogério Micale.

Se Uilson saiu de Mucuri, a recíproca não foi verdadeira. Apegado à família, ele conserva até hoje os hábitos de garoto e tem a pesca como hobbie. Esta é a profissão do pai e o mais novo investimento do goleiro, que há pouco tempo comprou alguns barcos.

O futebol, entretanto, continua sendo a prioridade. Volante e lateral na infância, o jogador passou a atuar debaixo das traves ainda bem novo, inspirado em grandes nomes do Brasil e do exterior.

- Gostava muito do Van der Sar, da Holanda, e do Julio Cesar. Esses eram os dois goleiros que na minha infância eu gostava muito de ver e de admirar. Depois foi mudando. Hoje gosto muito lá fora do Casillas, Bufon e Nauer. Também tem os brasileiros, que são Rogério Ceni e Victor. Os dois que mais me espelho - contou, ao L!.

Reserva de Victor no Galo, Uilson fez apenas sete partidas entre os profissionais do clube. Neste ano, ele falhou em jogos importantes do Atlético-MG, contra o rival Cruzeiro e também pela Copa Libertadores, mas nem por isso perdeu a confiança. Prova disso é que diz estar pronto para entrar em uma "fria" novamente se for necessário.

- (As oportunidades) Aconteceram em momentos difíceis, mas cada época é uma época e serve para acrescentar. Foi um grande aprendizado ali e me ajudou demais a evoluir. Com certeza me ajuda para este momento de agora, caso eu seja exigido. Por isso que temos de estar sempre prontos para quando precisarem de nós.

- Confira abaixo um bate-bola com Uilson:

Para muitos, sobretudo para quem não é de Minas, você ainda é pouco conhecido. Conte um pouco sobre sua trajetória no futebol e também na vida.

Cheguei ao Cruzeiro antes do América, aos 11 anos, mas não fui aproveitado e fui dispensado lá. Um tempo depois, o América me chamou para um teste, fui e passei no teste. Joguei várias vezes contra o Atlético e acabaram me convidando. Desde 2008 estou no Galo.

Como era a vida em Mucuri? Chegou a trabalhar em alguma profissão fora do futebol?

Mucuri é bem pequeno, né? Então, a mudança para Belo Horizonte foi algo bem diferente. Mas não poderia desistir e tinha que acreditar no meu sonho de ser jogador. Meus pais ainda moram em Mucuri e estão lá até hoje. Quando posso estou lá para visita-los.

Por que se tornou goleiro? Opção ou falta de talento com os pés?

Eu sempre gostei de ser goleiro, mas comecei a treinar na linha, como volante e lateral. Mas meu pai começou a me levar para os jogos e fui pegando gosto por ser goleiro. Ele já tinha parado, era futebol amador, e sempre me levava. Ele jogou pelo Vitória-ES e teve uma passagem pelo Atlético-MG também.

Como foi o dia da convocação, desde a expectativa pelo anúncio até a repercussão por ser chamado.

Estava em casa, acompanhando pela televisão, vi meu nome e foi bem legal. Foi uma alegria diferente e depois disso comecei a receber as ligações do pessoal. Com certeza uma das maiores alegrias da minha vida e que vou guardar para sempre.

Sua vida mudou desde que você foi convocado?

(Risos). Muda um pouco, né. O pessoal passa a te conhecer mais e a querer saber mais sobre quem eu sou. Mas isso é legal. O mais importante é estar preparado para esta oportunidade e retribuir a confiança que depositaram em mim.

O fato de o Prass ser um dos três jogadores acima dos 23 anos indica que ele será titular ou você acha que a vaga está aberta?

Acho que isso vai ser de acordo com os treinamentos e estarei preparando para quando o Micale precisar de mim. Por ele estar jogando mais, ser mais experiente e até por essa questão dos acima de 23 anos, creio que é natural que ele jogue. Quero ajudar, seja como opção ou como titular.

Qual seu maior sonho na carreira? E fora do futebol? Se puder, conte também um sonho que tinha e já realizou.

Meu maior sonho sempre foi ser jogador de futebol, tanto que saí muito cedo de Mucuri e fui para Belo Horizonte. Saí muito novo, como disse, e não foi fácil. Mas sabia que seria um período complicado, e que coisas boas na frente. Felizmente, consegui. Acho que agora os próximos sonhos são de crescimento na profissão e evolução. Tenho muito para sonhar e ainda conquistar como jogador, consequentemente ajudando minha família.

Qual sua relação com o Rogério Micale? O que pode falar dele?

É um treinador que conheço faz tempo, um relacionamento bom, sempre me ajudou e até hoje me ajuda. É um treinador muito capacitado, que conhece bem o futebol e está sempre conversando e deixando os atletas bem à vontade.

Lance!
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