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Última Libertadores sem Brasil ou Argentina na final teve cão herói, tiro no pé e 'fantasma' na foto do título

Independiente del Valle e Atlético Nacional farão apenas a sétima final sem brasileiros ou argentinos. LANCE! relembra histórias da última edição em que isso aconteceu

19 jul 2016 - 07h59
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"La Copa, la Copa... Se mira y no se toca!" é um cântico entoado por várias torcidas da América do Sul. O recado é bem claro: todos têm permissão para admirar a taça, mas tocá-la não é privilégio para qualquer um. Para quem não é brasileiro ou argentino, costuma ser mais difícil ainda.


                        
                        
                    O Hincha Fantasma, a mordida nas nádegas de Montoya e o pé baleado de Samaniego: os personagens de 1991
O Hincha Fantasma, a mordida nas nádegas de Montoya e o pé baleado de Samaniego: os personagens de 1991
Foto: Lance!

A partir das 21h45 desta quarta-feira, em Quito, Independiente del Valle (ECU) e Atlético Nacional (COL) farão a primeira final sem brasileiros ou argentinos em 25 anos. Abaixo, o LANCE! conta as melhores histórias daquela Libertadores-1991, decidida por um clube chileno e outro paraguaio e cheia de peculiaridades.

Ron, o cachorro que virou ídolo

A imagem mais marcante do jogo que classificou o Colo-Colo à final da Libertadores de 1991 tem um protagonista inusitado: Ron, pastor alemão da polícia chilena. Ele fincou os dentes nas nádegas de Navarro Montoya, folclórico goleiro do Boca Juniors, e ajudou a dar fim a uma batalha campal que deixou a partida paralisada por 11 minutos no Estádio Monumental David Arellano, em Santiago. O Colo-Colo, que havia perdido por 1 a 0 em Buenos Aires, venceu por 3 a 1 e avançou.

Jornalista chileno e técnico do Boca ficaram feridos na batalha campal de Santiago, na semifinal de 1991 (Reprodução: El Gráfico)

Antonio "El Turco" Apud, volante do Boca, foi empurrado em direção ao fosso enquanto perseguia um intruso que invadiu o gramado para sequestrar a bola após o terceiro gol. A briga envolveu atletas, policiais e até fotógrafos chilenos, que giravam suas máquinas sobre a cabeça e as utilizavam como armas - o técnico Óscar Tabárez, à época na equipe argentina, ficou ferido.

Ron, autor daquela mordida providencial, morreu em 1997 e virou ídolo colo-colino. Sua lápide, que fica ao pé do Cerro San Cristóbal, famoso ponto turístico, costuma receber flores todo dia 22 de maio, quando aquela batalha faz aniversário.

Artilheiro dá um tiro no próprio pé

Adriano Samaniego, artilheiro da Libertadores do ano anterior, desfalcou o Olimpia (PAR) na partida que deu o título da Libertadores de 1991 ao Colo-Colo (CHI). Foi um tiro no pé.

Não se trata de uma figura de linguagem... O atacante, de fato, acertou o próprio pé esquerdo com a pistola espanhola de calibre 7,65 milímetros que carregava na cintura.

Confusão envolvendo Samaniego começou na "Churrasqueria Maracanã" (Reprodução)

- Na noite seguinte ao jogo de ida (0 a 0, em Assunção), fui para a farra e um taxista começou a me insultar, dizendo que tínhamos nos vendido. Eu não ia deixar passar tão facilmente. Decidi seguir o taxista com minha caminhonete. Quando saí atrás dele, minha pistola disparou sozinha. Não tinha travado a arma e uma bala disparou. Tive tão pouca sorte que ela raspou no meu tornozelo esquerdo. Por isso perdi a final - contou Samaniego, em 2013, ao jornal paraguaio "Las Últimas Noticias".

Sem o seu goleador, o Olimpia, campeão da Libertadores na temporada anterior, não foi páreo para o Colo-Colo em Santiago. Os chilenos venceram o jogo de volta por 3 a 0.

O 'Hincha fantasma' na foto do título

A briga na semifinal, entre Colo-Colo e Boca, fez com que o cuidado para evitar penetras no campo do Monumental de Santiago fosse redobrado na decisão da Libertadores de 1991, entre o próprio Colo-Colo e o Olimpia. Isso não impediu que um garoto de 15 anos se esparramasse diante dos 11 titulares chilenos e aparecesse na foto posada que acabou eternizada após a conquista da América, a primeira e única de um clube do país.

O pequeno invasor na foto do título do Colo-Colo (Reprodução)

Mas quem era o intruso? A dúvida durou anos, o que fez surgir a lenda do "Hincha Fantasma" - ou "torcedor fantasma". Suspeitou-se de José Luis Villanueva, atacante com passagem rápida pelo Vasco nos anos 2000, mas o próprio negou. Depois surgiu um charlatão pedindo dinheiro para dar entrevistas "revelando" sua identidade. Mas o "Hincha Fantasma" de verdade era Luis Mauricio López Recabarren, que herdou do pai a paixão pelo Colo-Colo e o gosto por se meter em fotos de personalidades.

Ele morreu de leucemia aos 24 anos, no ambulatório de uma penitenciária, para onde fora levado após praticar assaltos.

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