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Visão do torcedor: Decepção pouca é bobagem

Experiência do torcedor no Jogo da Amizade, no Nilton Santos, foi muito ruim

26 jan 2017 - 16h17
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Sabe quando você tem em mãos uma chance única para emocionar e conquistar um cliente, ultimamente desconfiado do seu produto? Uma oportunidade rara, mas suficiente para cativá-lo e começar até a fidelizá-lo. A CBF, na noite de quarta-feira, jogou mais uma vez contra a Seleção Brasileira, no amistoso contra a Colômbia.

Brasil x Colômbia, no Estádio Nilton Santos, não foi bom para o torcedor (Armando Paiva/AGIF)
Brasil x Colômbia, no Estádio Nilton Santos, não foi bom para o torcedor (Armando Paiva/AGIF)
Foto: Lance!

A experiência do torcedor/consumidor presente no Estádio Nilton Santos foi péssima. E escrevo por ter sido um dos 18.695 pagantes.

No meu último dia de férias, resolvi levar a família ao jogo: esposa, dois filhos e sogro. No meu caso, nada de crachá, cabine de imprensa e laptop. Os ingressos foram comprados na sede do Flu, em Laranjeiras, na véspera. Ali, a primeira surpresa. O site da CBF informava que crianças menores de 12 anos não pagariam ingresso. Mas ao pedir três entradas para o setor leste inferior fui informado no guichê: as gratuidades permitidas apenas para o setor sul, atrás de um dos gols, e mais barato do que o outro. Aceitei.

Na quarta de manhã, no Twitter, li sobre a preliminar, com craques do passado e artistas. Uma boa para chegar mais cedo, pensei. Mas em nenhum lugar do site oficial a CBF informava o início do evento. Às 19h, em casa, vejo pela TV informações sobre os portões ainda fechados. A entidade decidiu, segundo o Esporte Interativo, atrasar a entrada de quem já estava no entorno do Niltão.

Às 20h30, eu e minha família chegamos ao estádio. Poucas filas, já que a venda antecipada foi muito aquém do esperado. Já dentro do estádio, não havia ingresso com local marcado. Era sentar em qualquer cadeira do setor sul. Ali, a primeira pergunta do meu filho, 8 anos, durante a preliminar: "Pai, vou ter de olhar para trás toda vez que quiser ver o telão". Isso mesmo. Apenas um dos telões do estádio estava em funcionamento. E ele fica às costas de quem está no setor sul.

A segunda pergunta também foi difícil de responder: "Quanto está o jogo?", pergunta o mais velho, 10 anos. Não fazia ideia. Nada de placar em funcionamento. E na transmissão pela telão apenas imagens da partida, nada de "informações adicionais". Depois de uns 15 minutos, saiu um gol. E o som ambiente revelou o placar.

Fim da partida. Pessoas já se movimentam na pista de atletismo para a montagem das homenagens para as vítimas do acidente do voo da Chape. Na minha memória, o evento exemplar realizado pelo Atlético Nacional, na Colômbia, no dia seguinte à tragédia, era o comparativo. O que seria feito de melhor? Infelizmente, pouco ou quase nada. Escudo da Chapecoense no centro do gramado, um show de luzes. Do setor sul, apenas virando o pescoço para trás e vendo pelo telão para ter ideia do que estava acontecendo. Entram uns cartolas, sem qualquer anúncio do sistema de som das identidades. Minutos depois, o único momento para levantar e aplaudir de pé: Neto, Alan Ruschel, Folmann e Rafael Henzel, os sobreviventes brasileiros do acidente.

O jogo começa. Com uns 20 minutos de atraso, o telão anuncia a escalação do Brasil. O primeiro tempo termina. Hora de procurar algo para as crianças comerem. Mas apenas cinco pontos de venda estavam disponíveis no setor sul. Três da mesma empresa, especializada em pastel. Um de sanduíches e outro de salgados diversos. Mas as filas rapidamente eram enormes. Quem desistia encontrava muita gente esperando até para usar o bebedouro de água. "Vamos desistir, pai. Eu aguento esperar até a gente voltar para casa", diz meu filho. Mas ficamos na fila do pastel por mais um tempo. Demorou, mas chegou nossa vez. O jogo estava para recomeçar. Peço cinco pastéis. Mas só haviam sobrado dois. Ficamos com eles, por total falta de opção.

Mais 45 minutos de jogo, alternando em olhar para trás e para frente. No telão, nada de replay. Quem perdeu o gol de Dudu teve de recorrer aos celulares. Para piorar, a transmissão no telão manteve 0 a 0 como placar durante uns cinco minutos após o gol. Muita gente achou que ele tivesse sido anulado por impedimento. Fim do jogo. Os bares já não tinham mais produtos à venda ou já fechado.

Não diria ter ficado surpreso. Mas estava decepcionado. A experiência poderia ter sido inesquecível, principalmente para meus filhos, futuros consumidores.

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