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Lutas Olímpicas

Ovacionado pela torcida, judoca refugiado agradece: "Me sinto brasileiro"

10 ago 2016 - 17h40
(atualizado às 17h42)
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O judoca Popole Misenga, da República Democrática do Congo e que compete sob a bandeira do Comitê Oímpico Internacional (COI) como atleta refugiado, foi ovacionado pela torcida nesta quarta-feira, quando perdeu nas oitavas de final da categoria médio (até 90kg) para o sul-coreano Donghan Gwak, líder do ranking mundial.

Surpreso com o apoio das arquibancadas, principalmente dos brasileiros, o atleta disse que se sentiu motivado para vencer a primeira luta, na qual eliminou o indiano Avtar Singh.

"Me sinto brasileiro. Quando entrei no estádio, pensei que não teria nenhum torcedor, mas o Brasil inteiro estava torcendo por mim, fiquei emocionado. Falei para mim mesmo que tinha que vencer a primeira luta e consegui", comentou o atleta, que não disputava uma competição oficial desde 2003.

A derrota para o atual melhor do mundo na fase seguinte foi encarada sem lamentos por parte de Misenga, que fez jogo duro e prometeu uma revanche contra o sul-coreano.

"Na segunda luta, contra o campeão do mundo, eu estava muito parado porque não disputo nenhuma competição desde 2003. Vou voltar a treinar para conseguir ganhar dele. Vai ter revanche", afirmou.

Misenga treina no Instituto Reação, criado pelo medalhista de bronze em Atenas 2004 Flávio Canto, com o brasileiro Geraldo Bernardes, que elogiou a dedicação do judoca no curto período de treinos para a competição.

"Eles chegaram ao Instituto Reação com saudades do judô, mas nem queriam um treino sério. Meses atrás, soubemos que teria uma equipe de refugiados, mas não que eles entrariam. Fiz um planejamento que os permitisse participar dos treinos da seleção brasileira e isso deu um 'upgrade' muito bom. Os outros se prepararam em quatro anos, eles em quatro meses", disse Geraldo, ao também citar Yolande Mabika, eliminada na estreia da categoria médio (até 70kg) feminina.

A história de Misenga no Rio de Janeiro começou em 2013, quando o judoca chegou à cidade para disputar um campeonato e fugiu de um hotel junto à compatriota Yolanda. Após um período nas ruas, se estabeleceu como refugiado em uma comunidade de congoleses localizada em uma favela na Zona Norte da cidade.

Sobre o futuro de ambos na capital fluminense após a participação nos Jogos Olímpicos, Geraldo Bernardes comentou que a decisão de permanecer no judô profissional cabe a eles.

"Eles têm liberdade para escolher o que quiserem fazer. Estão tendo uma aula de nivelamento para o Enem, para talvez cursarem uma faculdade e terem uma profissão. Por melhor que seja, o esporte é passageiro, então tem que ter um futuro. Educação e esporte caminhando juntos é uma coisa muito boa", comentou.

EFE   
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