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STJD inova e atenua punição de atleta que usou cocaína

15 mai 2015 - 13h53
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Após um depoimento comovente, em que relatou sua infância na comunidade Chão de Estelas, uma das mais pobres de Recife, o jovem jogador Raniel, do Santa Cruz, protagonizou uma decisão inédita do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na tarde de quinta-feira. Com risco de ser punido por dois anos ou mais, por uso de cocaína detectado em jogo com o Naútico, em fevereiro de 2014, o meia-atacante conseguiu uma redução expressiva de sua pena.

Raniel admitiu o uso de cocaína em depoimento comovente
Raniel admitiu o uso de cocaína em depoimento comovente
Foto: Marlon Costa / Futura Press

Ele foi punido com suspensão por um ano, convertida em seis meses desde que comprove com exames rotineiros que não faz mais uso de nenhuma droga. Como já ficou 60 dias sem atuar, Raniel, de 18 anos, poderá voltar ao time em setembro. Ou seja, ele deixou o plenário do STJD, no Rio, ciente de que só faltam mais quatro meses de inatividade.

“Muitos de meus amigos morreram por causa de droga. Outros tantos estão presos. Não quero isso. Quero vencer no esporte”, disse Raniel. Ele deixou a comunidade meses atrás. Passou a viver nas dependências do clube. Mais recentemente, o Santa Cruz alugou um apartamento para o atleta, que mora no local com a mãe, a noiva e outros parentes.

“Havia os atenuantes, como o de ter usado a droga ainda quando era menor de idade, de ser um jogador em formação, etc. Mas valeu muito o depoimento sincero dele, em que assumiu o equívoco e se disse pronto para superar toda uma história de dificuldades desde a infância”, disse ao Terra o advogado de defesa do Santa Cruz, Osvaldo Sestário.

Para alguns, a pena aplicada pode parecer extensa. Mas, pelo rigor com que a Fifa determina punições a casos de doping, Raniel obteve uma vitória expressiva. O atual código disciplinar da entidade prevê suspensão de quatro anos para atletas flagrados no antidoping.

Raniel contou que ingeriu a droga durante uma festa com amigos da comunidade. Não negou sua responsabilidade. Mas, diante de auditores que se dividiam entre o rigor da letra fria dos códigos disciplinares e a comoção pela franqueza do atleta, prevaleceu uma pena mais branda.

“A sinceridade dele, a humildade com que reconheceu o erro, suas histórias, tudo foi muito comovente”, declarou, o auditor Paulo Cesar Salomão Filho, ao justificar seu voto, o mesmo dois demais julgadores.

Raniel foi punido em primeira instância com advertência por comissão disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) de Pernambuco. Depois de seis meses, o Pleno do tribunal lhe aplicou suspensão de um ano. Nesse período, pôde atuar graças a um efeito suspensivo. O caso parou finalmente no STJD.

A representante da Associação Brasileira de Controle de Dopagem, Cristiane Caldas, deixou o plenário, na quinta-feira, sem confirmar se a ABCD recorreria da decisão. “Temos que dar o exemplo e ser rigorosos com casos de doping. Um atleta é um exemplo para crianças, para a sociedade como um todo”, declarou.

Para Osvaldo Sestário, uma absolvição de Raniel estava fora de cogitação e poderia ser arriscada. “Aí com certeza o caso ganharia outra dimensão, ia parar na Fifa e com grande possibilidade de se transformar numa suspensão bem mais pesada.”

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Fonte: Especial para Terra
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