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Parça de Neymar teve que treinar na praia e pede nova chance

22 jul 2015 - 10h13
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O lateral direito Crystian tinha motivos concretos para sonhar. Deixou Goiânia aos 17 anos em junho de 2009 para ser um Menino da Vila no Santos, indicado por ninguém menos do que Neymar, parceiro de tabelas nas seleções de base. O desfecho, até então, não foi nem de longe o que esperava. Agora aos 23, depois de superar afastamentos no Santos e distante do antigo amigo que vê brilhar no Barcelona, o lateral ressurgiu entre as recentes listas de relacionados sonhando com uma última oportunidade antes do fim do contrato em dezembro. Sua última partida pelo clube foi disputada há exatos 1130 dias, contra o Flamengo, em 17 de junho de 2012.

“Tenho fé, não sabemos o que vem pela manhã. Não tive mais lesões, há mais de um ano e meio que não sinto mais nada, não treino mais em separado também. Hoje posso falar que estou 100% fisicamente e tecnicamente. O meu pensamento está aqui, seguirei treinando para ter uma chance. Preciso só de uma, talvez. Com certeza, se eu jogar, tiver uma sequência, posso abrir portas”, disse ao Terra.

A nova aparição ocorreu por uma sequência de desfalques em meio à fase mais crítica do Santos na temporada, que luta contra a zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Só nas laterais, a equipe perdeu Chiquinho, Zeca e Cicinho, devido a lesões, enquanto Caju estava com a Seleção Brasileira na disputa do Mundial Sub-20.

David Braz: "foco do Santos agora é a Copa do Brasil" :

Crystian, no entanto, enfrentou um calvário antes da oportunidade de, ao menos, integrar o banco de reservas novamente de forma inesperada.

Passou grande parte do último ano proibido pela última diretoria até de treinar com os demais companheiros. Só ia ao clube para cumprir o protocolo profissional e trabalhar na academia, precisando apelar para treinos complementares na praia.

“Ano passado fiquei seis meses treinando separado (dos demais jogadores), só na academia. Não me deixavam treinar, não podia pisar no campo. Fazia um complemento na praia, também, porque a academia não é a mesma coisa. Ficava o dia todo fazendo só esteira e trabalho de força, não me deixavam ir para o campo. O Enderson quando chegou nem me viu, só me manteve afastado. No começo do ano ele conversou comigo e me colocou para treinar novamente, foi algo da parte dele. Cheguei a procurar o Zinho (então gerente de futebol) na época, mas eles nunca me falavam o real motivo, só que era uma decisão deles, e pronto. Falavam que queriam reduzir o elenco, não me queriam como terceira opção no setor. Não tinha um motivo, isso que me deixava indignado. Você é pago para trabalhar dentro de campo”, desabafou.

Em uma das raras aparições pelo clube; foram 16 jogos em seis anos
Em uma das raras aparições pelo clube; foram 16 jogos em seis anos
Foto: Divulgação Santos FC

Na base, Crystian era visto como um dos principais potenciais da geração que contava com Geovane,Tiago Alves e Dimba, todos descartados no clube. Quando subiu, precisou lidar com duras críticas públicas do técnico Muricy Ramalho em relação ao fato de não saber marcar. O jogador, no entanto, não culpa o antigo treinador, mas sim a série de lesões pelos 16 jogos em seis anos.

“Naquela época ele falava que via uma dificuldade para marcar, me orientava para treinar bastante isso e, como é um treinador experiente, eu aprimorei. Ele também dizia que eu ia bem ao ataque. Acho que desenvolvi bem esse lado. Hoje acredito que estou melhor que antes, era a fase de subir da base para o profissional. Acho que isso não me atrapalhou, não, até porque mesmo falando isso ele me colocava para jogar”, minimizou o atleta, que passou por Paulista, Botafogo-SP e Boa Esporte-MG por empréstimos.

O jogador ainda nega ter Neymar como seu “padrinho”, assegurando que já estava acertado com o clube, inclusive com contrato assinado, quando foi referendado pelo companheiro em uma consulta dos dirigentes.

Sem o mesmo prestígio de outrora e com o tempo curto, Crystian tem até dezembro, data final de seu contrato, para tentar se refazer no Santos com Dorival Júnior. Ele não desiste, mas também já pensa em seguir a sua carreira que ficou estagnada. Fato é que espera por um 2016 bem diferente dos anos anteriores.

Ao lado de Neymar, companheiro de seleções de base, durante treino do Santos
Ao lado de Neymar, companheiro de seleções de base, durante treino do Santos
Foto: Ricardo Saibun / Divulgação Santos FC

Confira a entrevista completa com o lateral direito Crystian:

Terra - Você vivia um momento de total esquecimento no clube e voltou a ser relacionado no último mês. Foi só por necessidade (as lesões de Chiquinho e Zeca, além da ausência do Caju) ou acredita que algo mais contou?

Crystian - Vejo como fruto dos treinamentos voltar a ser relacionado, receber talvez essa última oportunidade. Vida de jogador é assim, estou com o contrato acabando, sem saber o que vem pela frente no futuro. Sempre que estive aqui quis uma chance e tive poucas, também. Já tem um tempo que não tenho uma oportunidade.

Terra – Diferentemente dos outros anos, você permaneceu, mesmo sem sequer ser relacionado no primeiro semestre. Qual o motivo? Recebeu alguma promessa?

Crystian - Eu quis ficar para ter uma oportunidade. No Campeonato Paulista eu não tive, agora estou indo para o banco. Até pensei em sair no início do Brasileiro, mas agora tem poucos laterais e penso que ainda devo ter uma chance.

Terra – No clube é conhecido que a sua chegada, apesar do histórico de convocações para as Seleções de base, foi avalizada pelo Neymar. Pesou de alguma forma essa indicação?

Crystian - Essa informação correu de forma errada. Na verdade, já estava acertado com o Santos, já tinha assinado contrato, com tudo encaminhado, e na época o vice-presidente Norberto Moreira perguntou para o Neymar se tinha feito uma boa contratação. Ele me elogiou, falou que jogamos juntos na Seleção. Tem gente que fala que indicou, mas acertei com o Santos no Sul-Americano, antes vir para Santos. Fomos campeões e assinei.

Lateral reapareceu devido a série de baixas no setor e espera aproveitar
Lateral reapareceu devido a série de baixas no setor e espera aproveitar
Foto: Ricardo Saibun / Divulgação Santos FC

Terra – E ainda tem bastante contato com ele? Me recordo que na base faziam uma parceria elogiada pela direita.

Crystian - Jogamos juntos na Seleção e aqui no Santos vivemos bons momentos, com várias tabelinhas. Agora, não tenho muito mais (contato), mas quando estava aqui ia na casa dele, jogávamos videogame juntos. No profissional teve um jogo que jogamos bem contra o Atlético-MG, também.

Terra – O ciclo da sua geração no Santos ficou marcado pelo fracasso de quase todos os nomes. Acredita que o estilo do Muricy pode ter prejudicado vocês?

Crystian - No meu caso tive oportunidades com o Muricy. Hoje tenho 16 jogos pelo Santos, mas sei que pelo tempo que estou é pouco. O que me atrapalhou naquela época foram as lesões. Eu tinha uma lesão e voltava a sentir (o músculo posterior da coxa). Não sarava direito, voltava rápido, também por ser novo, o meu corpo estava em desenvolvimento. Hoje tenho certeza que foram as lesões.

Terra – O Muricy chegou a falar publicamente que o seu grande defeito era não saber marcar. Concorda com a crítica? Isso te atrapalhou na sequência da sua carreira?

Crystian - Naquela época ele falava que via uma dificuldade para marcar, me orientava para treinar bastante isso e, como é um treinador experiente, eu aprimorei. Ele também dizia que eu ia bem ao ataque. Acho que desenvolvi bem esse lado. Hoje acredito que estou melhor que antes, era a fase de subir da base para o profissional. Acho que isso não me atrapalhou, não, até porque mesmo falando isso ele me colocava para jogar.

Terra – Você passou por alguns clubes por empréstimo: Paulista, Botafogo-SP, Boa Esporte. Te ajudaram ou deram mais dor de cabeça?

Crystian - Com relação a questão financeira foi dor de cabeça. No Botafogo tiveram atrasos (de salários), mas me pagaram. Agora com o Paulista estou na Justiça para receber. No Boa Esporte foi bom, peguei uma sequência de 12 a 13 jogos no segundo turno da Série B do Brasileiro. Joguei como lateral esquerdo, ainda. É uma bagagem positiva que conta na carreira. Melhor do que ter ficado aqui o tempo todo. O importante de ser emprestado é jogar.

Crystian atuando ainda no primeiro ano de Santos, com apenas 18 anos
Crystian atuando ainda no primeiro ano de Santos, com apenas 18 anos
Foto: Ricardo Saibun / Divulgação Santos FC

Terra – Você teve um momento decisivo que foi quando aceitou renovar o seu contrato, mesmo com propostas para sair. Hoje, depois de jogar tão pouco, se arrepende? Acha que acertou em ter ficado?

Crystian - Nunca sabemos. Eu não me arrependo de ter assinado com o Santos, o clube sempre me deu suporte, sempre foi pontual com o salário, apesar dos problemas no ano passado. O que sempre me entristeceu foi não ter oportunidade, não ter mais nenhuma chance. O jogador é feliz quando joga, quando tem oportunidade, ritmo de jogo. Treino é treino e jogo é jogo. Com uma sequência daria para mostrar mais e aqui no Santos não tive outras chances.

Terra – E tinha propostas para sair nessa época, certo?

Crystian - Tinha uma procura do Sevilla, mas não oficial, somente de boca. Na época a proposta era do Atlético-MG, mas acabei acertando com o Santos.

Terra – Você lembra quando fez o último jogo pelo clube?

Crystian - Foi em 2012 (em 17 de junho), contra o Flamengo, lá no Engenhão, mas ainda penso em ter mais uma oportunidade. Tenho contrato até dezembro.

Terra – Como foi treinar afastado do elenco tanto tempo? Chegou a buscar explicações no clube para reverter o quadro?

Crystian - Ano passado fiquei seis meses treinando separado (dos demais jogadores), só na academia. Não me deixavam treinar, não podia pisar no campo. Fazia um complemento na praia, também, porque a academia não é a mesma coisa. Ficava o dia todo fazendo só esteira e trabalho de força, não me deixavam ir para o campo. O Enderson quando chegou nem me viu, só me manteve afastado. No começo do ano ele conversou comigo e me colocou para treinar novamente, foi algo da parte dele. Cheguei a procurar o Zinho (então gerente de futebol) na época, mas eles nunca me falavam o real motivo, só que era uma decisão deles, e pronto. Falavam que queriam reduzir o elenco, não me queriam como terceira opção no setor. Não tinha um motivo, isso que me deixava indignado. Você é pago para trabalhar dentro de campo.

Terra – Acredita que pode ter cunho político essa decisão? Quase todos os jogadores que pertenciam ou eram agenciados pela DIS, com quem o Santos briga na Justiça, ficaram escondidos ou saíram.

Crystian - Realmente creio que alguns foram queimados, poderiam jogar. Ano passado não estava mais com eles (representantes da DIS), que mantém o percentual (30% dos direitos econômicos). Passa muita coisa na cabeça, principalmente pelo que vimos acontecer com o Ganso, mas não posso falar nem que sim (tinha cunho político), ou não.

Terra – E pensa que depois de tudo isso, das oportunidades perdidas e desperdiçadas, pode ainda dar a volta por cima no Santos ou o seu futuro já é longe do clube a partir de dezembro?

Crystian - Não tive proposta do Santos (para renovar), mas para renovar para ficar do mesmo jeito que está, treinar, só treinar, e não ter oportunidade prefiro partir para outro lugar. Estou desde 2009, fez seis anos agora. Tenho vontade de jogar no Santos ainda, mas não tive chances como outros jogadores. Posso seguir a minha carreira. Tenho algumas coisas em mente, claro, nada oficial. Já posso fazer um pré-contrato, também. Com certeza posso sair, não vou esperar o Santos. Minha mente, por enquanto, está aqui.

Terra – E acredita que pode acontecer essa virada?

Crystian - Tenho fé, não sabemos o que vem pela manhã. Não tive mais lesões, há mais de um ano e meio que não sinto mais nada, não treino mais em separado, também. Hoje posso falar que estou 100% fisicamente e tecnicamente. O meu pensamento está aqui, seguirei treinando para ter uma chance. Preciso só de uma, talvez. Com certeza, se eu jogar, tiver uma sequência, posso abrir portas.

Terra – O Marcelo Fernandes te conhece desde 2011, por isso também te deu novas chances de ir para o banco. Teme o esquecimento total com o Dorival?

Crystian - Gosto do Marcelo, desde a época do Muricy está conosco, nos conhece bem, mas nunca sabemos o que vem pela frente. No Brasil hoje o treinador fica muito pouco nos clubes. Sinceramente, não sei se pode melhorar ou piorar. Com o Marcelo melhorou.

 
Fonte: K.R.C.DE MELO & CIA. LTDA – ME K.R.C.DE MELO & CIA. LTDA – ME
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