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Secretário revela desejo do Santos em concessão do Pacaembu

12 jan 2017 - 10h04
(atualizado às 10h46)
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Com a posse do prefeito João Dória, que assumiu o comando da cidade de São Paulo no início de 2017, o esporte municipal ganhou um novo Secretário de Esportes e Lazer: Jorge Damião. Em conversa exclusiva com a Gazeta Esportiva nesta terça-feira, o dirigente falou sobre as concessões do estádio do Pacaembu e do Autódromo de Interlagos, sobre a importância de duas provas esportivas de muita tradição na capital paulista e ainda revelou os principais projetos para os próximos anos.

Um dos assuntos que mais repercutiu após a vitória de Dória nas eleições municipais de São Paulo foi a intenção do prefeito de privatizar o Pacaembu e Interlagos. Um dos possíveis candidatos à concessão do estádio é o Santos, que busca uma nova casa. Damião, inclusive, revelou que o Peixe é um dos interessados na administração do local, e inclusive já entrou em contato com o novo dirigente da cidade.

Santos costuma levar grandes públicos quando joga no Pacaembu
Santos costuma levar grandes públicos quando joga no Pacaembu
Foto: Getty Images

"Não é privatização, mas sim concessão, e isso o prefeito prometeu e está perseguindo. Já estão sendo realizados estudos para se abrir um edital. Tomara que consiga, porque quem vai ganhar com isso é a cidade. O Santos, inclusive, é um deles. O prefeito já teve uma conversa com o Santos sobre esse processo de concessão, mas tem outros grupos. Quando (vai acontecer) nós não sabemos, isso pode ser hoje, amanhã, depois de amanhã", disse.

Ainda que o futuro do Pacaembu siga indefinido, Jorge exaltou a certeza da importância da Corrida Internacional de São Silvestre e da Prova Ciclística 9 de Julho. O Secretário destacou os reflexos positivos das competições para a cidade de São Paulo e suas repercussões em segmentos importantes do município.

"A São Silvestre está além do cenário nacional, é mundial. É uma corrida internacionalmente reconhecida e, por si só, já é um sucesso. A 9 de Julho está tendo um resgate, o que para a cidade é fundamental. Todo grande evento de massa dispara um novo segmento, que é a economia criativa. Quando se associa o esporte a isso, outras áreas são envolvidas diretamente: turismo, hotelaria, restaurante, transporte, táxi. Por exemplo, a São Silvestre mexe tanto com a economia da região da Avenida Paulista que todos os hotéis ficam lotados. Foi feita uma pesquisa há pouco tempo que revelou que a grande maioria das pessoas vem com a família para correr a prova e já emenda com o Ano Novo", continuou Jorge.

O Secretário do Esportes e Lazer ainda ressaltou quais são seus principais planos para os próximos anos. Damião exaltou a importância da prática de esportes como um todo, e revelou sua vontade de transformar a cidade de São Paulo em uma referência para Brasil inteiro.

"Queremos transformar São Paulo na capital brasileira do esporte. Ativar, principalmente, a cooperação com os grandes organizadores e atingir o máximo possível a população carente que precisa. Acreditamos que o esporte é a mais importante ferramenta de inclusão social. Por essa porta, entra qualquer um, sem distinção. A partir disso, as pessoas vão conseguindo ter ascensão. Diria que o nosso projeto mais importante vai ser ajudar, colaborar e levar atividade esportiva para essas pessoas mais carentes, principalmente na periferia", declarou.

Confira abaixo a entrevista completa com Jorge Damião, Secretário de Esportes e Lazer de São Paulo.

Gazeta Esportiva: Qual a importância da São Silvestre e da 9 de Julho no cenário do esporte nacional e para a cidade de São Paulo?

Jorge Damião: A São Silvestre está além do cenário nacional, está no cenário mundial. É uma corrida internacionalmente reconhecida. Por si só, já é um sucesso. A 9 de Julho está tendo um resgate, o que para a cidade é fundamental. Dentro dessa administração, uma coisa importante é trazer para a cidade o fomento do grande esporte. Queremos trabalhar São Paulo como a capital brasileira do esporte. Esses grandes eventos ícones, que já estão consolidados, têm sua importância por si só. Uma prova que tem 70 anos, que vai fazer 71, não sobreviveria se não fosse séria.

Gazeta Esportiva: Quais os principais reflexos positivos das provas na cidade no âmbito social, cultural, do turismo?

Jorge Damião: Todo grande evento de massa dispara um novo segmento, que é a economia criativa. Quando se associa o esporte à economia criativa, envolve-se outras áreas. Você mexe diretamente com a área de turismo, hotelaria, restaurante, transporte, táxi. Então, movimenta a cidade dentro de um conjunto da sua economia. Por exemplo, a São Silvestre mexe tanto com a economia da região da Avenida Paulista, que todos os hotéis na época ficam lotados, associado inclusive ao Réveillon. Foi feita uma pesquisa há pouco tempo que a grande maioria das pessoas vem com a família para correr e já emenda. A importância está no fomento da cidade.

Gazeta Esportiva: Quais são os principais planos para o esporte na cidade de São Paulo nesses próximos anos?

Jorge Damião: Transformar São Paulo na capital brasileira do esporte; ativar, principalmente, a cooperação com os grandes organizadores; atingir o máximo possível a população carente que precisa. Nós acreditamos que o esporte é a mais importe ferramenta de inclusão social. Por essa porta, entra qualquer um, sem distinção. Você não pergunta se o cara é rico, pobre, alto, baixo, se torce para o Corinthians ou para o Palmeiras. É uma porta que dá oportunidade. A partir disso, as pessoas vão conseguindo ter ascensão. Diria que o nosso projeto mais importante vai ser ajudar, colaborar e levar atividade esportiva para essas pessoas mais carentes, principalmente na periferia.

Gazeta Esportiva: Tem algum plano com os Centros Esportivos Municipais?               

Jorge Damião: Hoje, temos 45 grandes clubes, administrados diretamente pela Prefeitura, e a grande maioria está sucateada. Temos mais de 300 CDCs (Centros Desportivos da Comunidade), que são associações criadas com CNPJ, que administram um espaço da Prefeitura e acabam sendo, muitos desses, a única opção de lazer para muitas pessoas. A Secretaria não é só de Esporte, é Esporte e Lazer. Então se ataca muito forte a dança, a terceira idade, a música, o lúdico, a criança. Acho que esse é o nosso legado, dar movimentação na cidade, e que o esporte possa ser uma porta de entrada para o futuro de muitos. Quando a criança está praticando esporte, está afastada de outras coisas. Hoje, mais de 50% das crianças até 12 anos não praticam nenhuma atividade física. De 2005 a 2015, morreram milhares de pessoas de diabetes, que estariam vivas hoje se praticassem alguma forma de esporte. Quando se associa saúde ao esporte, cria-se um programa preventivo de saúde. Quando associa o esporte à educação, cria-se um grande programa de inserção social, o exemplo do clube escola. Quando associa a Secretaria de Esporte com a cultura, traz um outro segmento, no qual o esporte pode ser um apoio. Outro segmento muito forte também é um apoio intersecretarial com a Secretaria do Verde e do Meio-Ambiente, aproveitando os espaços dos parques e fazer o programa Saúde no Esporte dentro deles. Também estamos com um projeto de detectar nesses 45 clubes e montar uma creche dentro desses espaços. É impressionante como o esporte é machista. A Secretaria do Esporte, principalmente, só pensa no homem. Quando se coloca a mãe e a criança dentro do equipamento, o cenário começa a mudar, até a questão da segurança local. Onde tem mulher e onde tem criança, existe um respeito muito grande.

Gazeta Esportiva: O que você acha que vai ser mais aproveitado da gestão anterior?

Jorge Damião: Sou daquelas pessoas que defende o seguinte: não é porque foi da administração anterior que foi ruim. Pelo contrário, tem muitas coisas boas, tem legado. É uma questão de respeito, principalmente com dinheiro público, com o cidadão paulistano e com aqueles que estão diretamente ligados ao esporte, que são os servidores da Secretaria. Estamos levantando uma série de programas que foram feitos, inclusive muito bem executados, e tentaremos aprimorar isso. Sempre temos que buscar alguma forma de aprimorar. O que vamos fazer é implantar um sistema de gestão na aplicação do dinheiro público. Dentro dessa operação de gestão, como que se eu fosse um CEO, terei um Conselho Gestor em cima fazendo a minha administração. Serão seis grandes pessoas da sociedade brasileira, ligadas ao esporte, que estarão nos dando todo esse apoio de orientação, como o João Paulo Diniz, o Paulo Nigro, o Raí, a Magic Paula. Não te diria o que vamos manter ou deixar, nós vamos dar sequência às coisas boas e importantes que a cidade já está fazendo há um bom tempo.

Gazeta Esportiva: Tem alguma estimativa do valor do orçamento que será destinado ao esporte e ao lazer?

Jorge Damião: É um conjunto. Você investe no lazer fazendo esportes, e você faz esportes pensando no lazer. Quando se faz um programa de dança para terceira idade, está se fazendo uma ação de atividade física, que é a resposta final do esporte. A porta do lazer te coloca na sala do esporte. Nós não vamos fazer essa diferença entre o que é esporte e o que é lazer, vamos colocar tudo isso em uma caixa chamada 'atividade física'. São Paulo precisa ser uma cidade ativa e esportiva. Quanto mais essa cidade for ativa e esportiva, as pessoas caminharem e praticarem esportes, correrem, pedalarem e fizerem qualquer atividade, vamos estar nos ajudando acima de qualquer coisa.

Gazeta Esportiva: Um dos assuntos mais comentados após o prefeito João Dória ter vencido as eleições foi uma possível privatização do Pacaembu e de Interlagos. Sabe se isso vai acontecer e se os locais irão para a iniciativa privada?

Jorge Damião: Sobre Interlagos, não posso falar, porque não está dentro da Secretaria de Esportes. Desde o governo Serra, a Secretaria de Esporte foi para a SPTuris e depois para a área de turismo. Então, não saberia dizer, mas sei que existe um processo de privatização. No caso do Pacaembu, juntamente com uma nova Secretaria que foi montada, estamos trabalhando em um modelo de concessão. Ele vai continuar sendo estádio, vai ter a vocação do futebol. O modelo é que se tenha uma empresa ou uma instituição que faça uma gestão do local, e que o município use esse dinheiro em coisas mais importantes. Hoje, se gasta muito com manutenção e o estádio ficou velho. A grande sacada do Pacaembu é a paixão, ele é um abraço da cidade de São Paulo. É impossível você pensar na cidade de São Paulo e não pensar no Pacaembu. O que precisa é uma revitalização, é alguém que coloque dinheiro para melhorar as condições. Por exemplo, a mulher dentro do estádio do Pacaembu é penalizada, porque não tem banheiro para ela. Agora, que tenha uma estrutura onde se construa isso, onde se tenha acessibilidade, pois é difícil um cadeirante entrar. Não é privatização, mas sim concessão, e isso o prefeito prometeu e está perseguindo. Já estão sendo realizados estudos para se abrir um edital. Tomara que consiga, porque quem vai ganhar é a cidade.

Gazeta Esportiva: Tem conhecimento de alguém, de empresa ou empresário, que já se aproximou?

Jorge Damião: Tem conversas, pessoas, grupos de fora. O Santos, inclusive, é um deles. O prefeito já teve uma conversa com o Santos sobre esse processo de concessão, mas tem outros grupos. Quando (vai acontecer) nós não sabemos, isso pode ser hoje, amanhã, depois de amanhã. Estamos perseguindo exatamente isso para o bem do estádio, e respeitando todas aquelas condições da vizinhança. Isso é importante destacar, porque tem acordos ali e eles têm que ser respeitados. Então, não vamos penalizar uma população em busca de qualquer outra coisa.

Gazeta Esportiva: Para esse ano, o GP do Brasil de Fórmula 1 foi confirmado, mas ainda há incerteza sobre a continuidade. Tem alguma coisa que vocês podem fazer para manter a prova na cidade?

Jorge Damião: Estaria falando de uma coisa que eu desconheço totalmente. Sei que a FIA confirmou porque eu li nos jornais, mas não tenho ação nenhuma gerencial dentro do autódromo. Eu acompanhei muito o prefeito nos estudos: (o autódromo) precisa ser privatizado. Acredito que 90% da população que paga nunca entrou lá dentro, é muito caro. No mundo inteiro, os autódromos não estão na mão dos Estados ou das Prefeituras, são da iniciativa privada. Por exemplo nos Emirados Árabes, tem até o parque da Ferrari lá dentro. O que a gente precisa começar a ter é essa visão moderna, porque essa coisa do sentimental é legal, é fantástico, é uma coisa da cidade, mas nesse exato momento, se estivesse na iniciativa privada, talvez Interlagos estivesse tendo alguma atividade importante agora, voltada ao automobilismo. Mas não, deve estar parado lá. Não vai deixar de ser autódromo, vai continuar sendo, vai continuar tendo corrida, mas o empresário pensa diferente.

Gazeta Esportiva: Você tem alguma mensagem final?

Jorge Damião: A mensagem fundamental dessa nova gestão é transformar São Paulo em uma cidade ativa, onde se pratique esporte com qualidade, principalmente com segurança, e que tenha uma integração entre as pessoas. O esporte, por si só, integra, é muito democrático. Estou fazendo um clube escola em parceria com alguns clubes e falo que é mais de inserção do que qualquer outra coisa. Vai ser um clube escola de arco e flecha e esgrima. Pensamos em fazer um de dessas modalidades porque todos participam: o que é bom de bola, o que é ruim, o que é alto, o que é baixo. E também tem o lúdico. A capa e espada está no inconsciente coletivo, o arco e flecha também. Toda criança brinca com arco e flecha e com a espadinha em algum momento da vida. O pano de fundo disso é começar a abrir porta para a Olimpíada. Qual a inserção do Brasil no arco e flecha? Ou na esgrima, que é de elite? É uma coisa muito importante.

Gazeta Esportiva: Você pratica ou já praticou algum esporte?

Jorge Damião: O meu esporte é andar. Mas eu joguei bola e basquete por muito tempo. Eu gosto muito de esporte, é a minha paixão. Gosto de estudar, conhecer e analisar o esporte.

*Especial para a Gazeta Esportiva

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