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Confiante, firme e com direito a cutucada, Leco lança candidatura

23 fev 2017 - 08h04
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Em uma casa de eventos repleta de conselheiros e aliados, Carlos Augusto de Barros e Silva se lançou candidato à presidência do São Paulo na noite desta quarta-feira. Simultaneamente e a cerca de 300 metros dali, José Eduardo Mesquita Pimenta também se formalizava como concorrente opositor. Mas nada parecia abater a confiança de Leco. Depois de assumir o cargo após a renúncia de Carlos Miguel Aidar, em outubro de 2015, Leco agora quer marcar a sua gestão com três anos de mandato. Para isso, terá de confirmar sua expectativa no pleito de abril.

"Eu estou habilitado, comprometido e que eu mereço", cravou a estrela da noite no Itaim Bibi, sem receio da repercussão de suas respostas. "O São Paulo não precisa de um patrão", disse em seu discurso principal. Um recado ao empresário Abílio Diniz, aliado de Pimenta nessa campanha, mas que Leco preferiu despistar. "Isso eu prefiro não comentar". Comentou então o fato de Abílio Diniz ter pedido para que os conselheiros de oposição convencessem os aliados de Leco a mudar de lado.

"Eu na verdade não temo isso, porque esse é um processo de conscientização. Não é dessa forma que as pessoas se alinham. As pessoas têm opinião própria, conhecimento do São Paulo, história no São Paulo e sabem muito bem o caminho a seguir", defendeu-se Leco em tom até de menosprezo.

Antes de tudo isso, o evento começou com o discurso do atual presidente do Conselho Deliberativo do clube, Marcelo Abranches Pupo Barboza, nome escolhido pela chapa "São Paulo de verdade" para seguir no cargo depois de suceder justamente seu candidato. Roberto Natel também falou ao público. Natel havia entregado a vice-presidência geral do clube em setembro para concorrer com o atual mandatário. No entanto, ele foi demovido da ideia e se uniu novamente à situação depois de uma conversa franca com Leco em que ambos concordaram em conversar mais para não repetirem o racha.

"Ele voltou porque ele é uma figura politicamente importante, ele tem muitas qualidades pessoais para estar junto", justificou Leco, que também fez questão de ressaltar a presença da esposa do falecido presidente Juvenal Juvêncio, assim como o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no evento.

Depois de um discurso sereno e muito confiante, sucedido por aplausos e pelo hino são-paulino, os conselheiros se juntaram a Carlos Augusto de Barros e Silva para um grito de guerra. Motivos para o dirigente se inflar e não esconder seu otimismo pela vitória em abril. "Está assim, significantemente a nosso favor. 65% a 35%", apostou Leco ao conversar com a imprensa.

Respostas firmes e objetivas, aliás, marcaram o lançamento da candidatura do dirigente. Ao ser questionado sobre o fato do cargo vislumbrado passar a ser remunerado, Leco sequer demostrou algum desconforto em se posicionar a favor da nova determinação do estatuto recém modificado.

"Não aumenta responsabilidade. Não vejo por ai, por esse aspecto de que porque vou ser remunerado, serei mais responsável. Não dá para ser mais responsável do que eu sou. A remuneração não vai mudar nada. E se vocês querem saber, eu serei remunerado, sim. Eu acho um pouco hipócrita essa posição 'eu não vou querer'. Se nós estamos num processo de modernidade e o São Paulo deseja que algumas pessoas, entre elas o presidente, tenha uma participação mais efetiva e praticamente exclusiva, ele vai precisar de alguma forma contribuir para isso. De algum jeito tem que ganhar a vida".

E para ganhar a eleição sem qualquer receio de uma reviravolta no futuro por causa de uma ação judicial, Leco comandou nos últimos meses um processo inédito de reformulação exatamente do estatuto do clube. A participação de todos os associados e conselheiros na execução do novo texto de diretrizes é considerada pelo mandatário o seu maior feito até aqui, e nem mesmo o fato da ação ainda não ter sido encerrada causa preocupação a Leco agora. O conselheiro Francisco de Assis entrou na Justiça em 2004 com a alegação de que, naquele ano, houve uma mudança de Estatuto sem a participação dos sócios, como reza o Código Civil.

"Não dá para anular o que não existe. O São Paulo fez exatamente aquilo que a ação preconizava. E a ação tinha uma inspiração política óbvia, evidente e continua. Eles não estão querendo que o São Paulo seja aquele que eles pediram na ação. Eles querem ganhar a ação. Eles querem impor àqueles que não são da mesma linha política um resultado adverso. Ninguém vai me derrotar. Eles querem derrotar o São Paulo. Não vai acontecer nada. O São Paulo já superou isso. E fazer esse estatuto novo teve essa virtude", peitou Carlos Augusto de Barros e Silva, com a convicção de todo advogado.

Aparentemente favorito para vencer a eleição de abril, Leco já adiantou que sua política de preocupação com as finanças do clube vai continuar, caso eleito. Ele acredita que pode "sanear tudo até o fim do mandato" e não escondeu que vender alguns jogadores, inclusive das categorias de base, como foi com David Neres recentemente, é fundamental para que esse processo tenha sucesso.

E para dizer que Leco não falou de campo e bola nesta quarta, o presidente contou uma conversa que teve com Rogério Ceni logo após a vitória por 3 a 2 sobre o São Bento, na terça, quando não deixou de 'puxar a orelha' do técnico pela equipe estar sofrendo tantos gols, apesar dos resultados positivos estarem aparecendo.

"Isso era bom no time do Santos, que fazia sete e tomava três ou quatro. Nós não estamos preparados para isso. Nós precisamos é parar de tomar gol. Ainda bem que agora nós estamos fazendo. O Rogério ainda falou para mim: 'Agora nós estamos passando por emoções, não é, presidente? Tivemos 19 conclusões'. Ai eu respondi: 'Mas tomamos dois gols", concluiu, aos risos.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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