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Alpinista, estivador e "fazedor de bico"; conheça os amadores do Taiti

De todos os convocados para Copa das Confederações do Taiti, apenas um jogador é profissional

16 jun 2013 - 12h47
(atualizado às 15h19)
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<p>Seleção do taiti garantiu vaga na Copa das Confederações ao ser campeão da Copa da Oceania</p>
Seleção do taiti garantiu vaga na Copa das Confederações ao ser campeão da Copa da Oceania
Foto: Bruno Santos / Terra

Eles são funcionários públicos, administradores, motoristas particulares ou de caminhões, caixas de supermercado, estivadores, professores, funcionários de locadoras ou companhias de celular, operadores do cadastro de clientes em multinacionais, fazem bicos e são até alpinistas. Todos os dias, pela noite, se reúnem para jogar futebol. Mas, ultimamente, a sorte não lhes acompanha: levaram até um 7 a 0 de um time sub-20. Não, eles não são um time de futebol de praia: eles são a seleção do Taiti, que disputa a Copa das Confederações no Brasil.

Confira todos os vídeos da Copa das Confederações

Instalados desde o último dia 7 no luxuoso Hotel Ouro Minas, no coração de Belo Horizonte, os 23 escolhidos - entre 22 amadores, sendo só Marama Vahirua, que joga no pequeno Panthrakikos, da Grécia, profissional - para representar o mais desconhecido país entre os oito que disputam a competição parecem não entender ainda o que se passa diante de seus olhos. Afinal, quando sonhariam que viriam ao país do futebol, se hospedar em habitação onde a diária equivale a metade de seus salários e ainda disputar a segunda maior competição do planeta?

Seleção do Taiti recebe homenagem em Belo Horizonte:

A história do Taiti é digna de filme. Vencedor da última Copa da Oceania, ao surpreender e vencer a Nova Caledônia na decisão, o país vem recebendo tratamento de estrela da Fifa. Assessor de imprensa contratado apenas para a ocasião, segurança reforçada, blindagem aos jogadores na hora das entrevistas e treinos em lugares afastados têm acompanhado a rotina de um time praticamente amador, misturado agora em meio aos gigantes do futebol.

Neste sábado, por exemplo, o Terra foi ao Hotel Ouro Minas em busca de uma palavra com os jogadores da delegação taitiana. Em vão: os 17 seguranças que rondavam o local prontamente pediram a retirada da reportagem o quanto antes. "Por favor, não abordem os atletas", pediu um funcionário com crachá da Fifa, enquanto os próprios jogadores olhavam, atônitos, do andar de cima durante o jantar.

As profissões dos taitianos

Em meio a um telefonema e outro de clientes interessados em trocar a operadora de celular na empresa em que trabalha, o jovem Steevy Chong, 23 anos, sonhava. Jogador amador do AS Dragon, mais popular clube do Taiti, ele era um dos voluntários a representar a seleção de seu pequeno país - de 170 mil habitantes - nas competições em que os taitianos disputavam. E foi dos seus pés que saiu o gol mais importante da história da nação.

Steevy marcou o gol que classificou o Taiti à Copa das Confederações, na decisão da Copa da Oceania contra a Nova Caledônia. Jogador de futebol por amor, não por profissão, Chong recebe cerca de R$ 2500 mensais da companhia em que trabalha, valor que seria considerado piada por qualquer um dos homens que representam o Brasil na competição da Fifa. O faturamento do taitiano equivale quase ao salário mínimo de seu país.

Sua história seria curiosa se não fosse comum entre a delegação do Taiti que está em Belo Horizonte. Nicollas Vallar, por exemplo, é capitão da equipe, mas não recebe um centavo para jogar futebol, mesmo com passagens (fracassadas) por times reservas de clubes de França e Portugal. Atualmente, alterna treinos por Dragon e seleção com pequenos bicos que sustentam sua família: ele já chegou, inclusive, a trabalhar para a Federação Taitiana na organização da Copa do Mundo de Futebol de Praia.

Outro caso curioso é o do atacante Samuel Hnanyine. Trabalhador braçal, ele opera como estivador em seu país em esforços desumanos que só não o fazem desistir do futebol por amor. Diariamente, o avançado carrega mais de 30 mil quilos de mercadoria por dia, acordando 5h30 da manhã, com turnos que ultrapassam 12 horas. E a remuneração? Algo em torno de R$ 2200, menos que o salário mínimo taitiano.

Há ainda outros interessantes. O zagueiro Teheivarii Ludivion embolsa quase R$ 3 mil por mês, ganhando a vida como... Alpinista profissional. Afrain Arañeda alterna dois empregos, como funcionário de uma locadora de carros e motorista de uma companhia de turismo, com os treinos noturnos da seleção. O assistente Ludovic Graugnard é professor de educação física, assim como o goleiro Mikael Roche, que trabalha em duas escolas de ensino fundamental.

Eles ainda são guias turísticos, funcionários públicos, administradores, caixas de supermercado, motoristas de caminhões, taxistas... Há até os desempregados: nove, no caso. Agora, estão todos reunidos no Brasil para a disputa da Copa das Confederações. Para trazê-los, a federação de futebol local negociou com seus empregos a dispensa dos atletas por dois meses. Enquanto isso, arca com o dobro de seus salários - todos estão ganhando algo em torno de R$ 5 mil. Após o torneio, voltam ao status de voluntários do selecionado nacional.

Se o Taiti vai fazer feio ou não na Copa das Confederações, não se sabe. Afinal, segundo estudo recente da Pluri Consultoria, todos os 23 jogadores do país, juntos, valem 27 vezes menos que Neymar. Além disso, as derrotas por 7 a 0 para o sub-20 do Chile e 1 a 0 para os reservas do América-MG em amistosos preparatórios não animam. Como vencer os gigantes Espanha e Uruguai, por exemplo? Mesmo que não façam sequer um gol, entretanto, a incrível experiência de vida já deve valer a pena para esses taitianos.

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Fonte: Terra
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