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Vôlei

Seleção consegue virada heroica sobre Japão e reedita final de 2006

13 nov 2010 - 09h40
(atualizado às 10h53)
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Celso Paiva
Direto de Tóquio

Superação. Esta é a palavra que pode definir o que foi a Seleção Brasileira na semifinal diante do Japão. Depois de ser envolvido nos dois primeiros sets com o jogo defensivo das donas da casa, o Brasil soube como manter a cabeça no lugar, aprender os pontos fracos das rivais e conseguir uma virada heróica por 3 sets a 2, com parciais de 22/25, 33/35, 25/22, 25/22 e 15/11, neste sábado, em Tóquio.

O jogo foi um teste para os nervos e os corações de cada uma das 14 jogadoras, do técnico José Roberto Guimarães e dos poucos torcedores brasileiros que estavam no Yoyogi National Stadium. Foi também um exemplo raro de como não perder o foco em um momento de grande adversidade.

O ponto de virada da partida foi a entrada da ponteira Sassá no lugar de Jaqueline. Dando mais segurança para a equipe, a camisa 10 foi um dos destaques da reação brasileira, ao lado da meio de rede Fabiana e da oposto Sheilla. Por outro lado, a equipe comandade de José Roberto Guimarães viu atuações abaixo da média de três destaques da equipe neste Mundial: as ponteiras Natália e Jaqueline, além da levantadora Fabíola.

Com a moral alta por conta do excelente jogo, mas o físico desgastado depois dos cinco sets, a Seleção chega para a segunda final consecutiva da competição e reedita a final de 2006, contra a equipe da Rússia, neste domingo, a partir das 8h30 (horário de Brasília). Invicta no torneio, a equipe vai em busca do inédito título mundial.

Já as japonesas que viram estragada a festa com direito a show de luzes e entrada de popstar das atletas, terão de se contentar com a disputa do terceiro lugar diante das americanas.

O jogo

A Seleção Brasileira começou bem sua participação na partida. No saque de Thaisa, o time verde e amarelo conseguiu abrir 2 a 0, depois de um ataque alto de Natália. Depois de um bom saque de Ebata, que quebrou a recepção brasileira, as japonesas viraram o marcador: 5 a 4. Mas em uma jogada rápida de Jaqueline, o Brasil não deixou as rivais se distanciarem. Depois de um ataque, que desviou no bloqueio de Thaisa, as japonesas chegaram na primeira parada técnica com 8 a 7 no marcador.

A equipe de Zé Roberto tentava virar o placar, mas sofria com a rapidez das bolas das japonesas. Pouco antes da segunda parada técnica, as donas da casa conseguiram abrir dois pontos de diferença depois de um ataque para fora da Jaqueline, mas novamente o Brasil mostrou recuperação rápida e igualou em uma nova cortada da ponteira: 15 a 15.

O time verde e amarelo conseguiu virar o marcador, depois de um longo rali que terminou em um ataque de Sheilla (18 a 17). As japonesas, porém, faziam o jogo alternar muito o placar e em um bloqueio sobre a meio de rede Fabiana, fizeram 19 a 18. Natália sofria para passar pelo bloqueio japonês e em um contra-ataque de Ai, as donas da casa voltaram a abrir dois pontos: 21 a 19. Zé Roberto pediu tempo para tentar consertar os erros.

O treinador colocou ainda Sassá no lugar de Fabiana para melhorar a recepção no fundo de quadra. Em um levantamento errado de Fabíola, as japonesas abriram 24 a 21, levando o comandante brasileiro a parar a partida e ter uma conversa particular com a levantadora, falando para Fabíola prestar mais atenção no jogo. O "chacoalhão" de Zé Roberto acordou a camisa 17, mas já era tarde. Em um ataque para fora de Sassá, as japonesas fecharam a parcial em 25 a 22.

O segundo set começou com muita alternância no placar e O Brasil sofrendo com o saque japonês. Depois de três ataques de Natália defendido pelas japonesas, as donas da casa conseguiram abrir 5 a 3 no marcador. A Seleção mostrou poder de reação e virou depois de um bloqueio de Fabiana e um ataque para fora das japonesas. Porém, no saque de Ebata, as asiáticas retomaram a vantagem e chegaram na parada técnica com 8 a 7.

Durante o intervalo, foi a vez de Zé Roberto conversar com Thaisa separadamente. Os conselhos do treinador deram resultado. Com a meio de rede e Jaqueline no bloqueio, a Seleção marcou três pontos seguidos no fundamento e abriu 11 a 8, fazendo o técnico japonês Masayoshi parar a partida pela primeira vez.

O Brasil não consseguia desenvolver o jogo como fez nas outras partidas do torneio. No saque de Saori, melhor do campeonato no fundamento, as japonesas viraram o marcador em 13 a 12, quebrando totalmente a recepção do Brasil. Natália e Sheilla então acordaram e a Seleção foi para segunda parada técnica na frente, mas sempre com uma margem mínima: 16 a 15.

A Seleção conseguiu enfim abrir dois pontos ao parar em uma das poucas vezes a ponteira Saori: 20 a 18, mas as japonesas não davam brecha. Em uma bela defesa e ataque da própria Saori, elas empataram a partida na sequência. O time brasileiro quase fechou o set no saque de Sheilla, mas as japonesas souberam explorar o bloqueio de Fabíola. O set se arrastou em um verdadeiro drama com chances muito boas de lado a lado. Por diversas vezes, a Seleção se viu com oportunidades de fechar a parcial, mas em um erro de ataque de Jaqueline, as japonesas foram a frente do marcador, fazendo 33 a 32. Em um ataque de Saori, explorando o bloqueio simples de Jaqueline, as japonesas fecharam em 35 a 33.

Depois de um longo intervalo de 10 minutos, pouco habitual no vôlei, mas praxe no Japão, o que se esperava era que o Brasil consertasse os erros e voltasse para matar as japonesas. Porém, não foi isso que se viu, com uma expressão abatida, as brasileiras voltaram a sofrer com o saque japonês e a boa marcação em cima de Natália. Na primeira parada técnica, as donas da casa chegaram com a margem mínima no marcador: 8 a 7.

Com dois bloqueios seguidos de Natália, a Seleção voltou para o jogo, abrindo 10 a 8. O Japão, porém, jogou uma ducha de água fria no saque de Ebata, virando para 11 a 10. Em busca de trazer algo novo para a partida, Zé Roberto tirou Jaqueline e promoveu a entrada de Sassá. A alteração deu resultado. Experiente, a camisa 10 conseguiu com uma bela largadinha colocar o Brasil com 14 a 12 no placar.

O treinador japonês então colocou a camisa 17 Ino apenas para sacar e literalmente destruiu o time brasileiro. Com erros consecutivos de Natália, as japonesas viraram e abriram 16 a 14. O Brasil não desistiu, passou a explorar as bolas pelo meio com Fabiana e foi buscar a desvantagem e virar a parcial. Com um ataque potente da sua capitã, a Seleção conseguiu fechar em 25 a 22.

Zé Roberto voltou para o quarto set com Sassá como titular. Mas o Brasil se viu com a mesma dificuldade dos sets anteriores. Não conseguia deslanchar e chegou na primeira parada técnica com a vantagem mínima, depois de uma largadinha de Thaisa: 8 a 7.

No saque de Inoue, porém, as japonesas se reergueram. Em um ataque errado de Natália e um contra-ataque de Ebata abriram 10 a 8. Foi aí que Fabíola percebeu que a jogada que dava resultado era a china, bola em que a meio de rede passa por trás da levantadora, com Fabiana.

Com esta tática, a Seleção virou para 12 a 11. Porém, as japonesas voltaram a frente e na segunda parada técnica chegaram com 16 a 15, em um saque errado de Sassá. A Seleção Brasileira mostrou paciência para não se deixar abater. No saque de Jaqueline, o bloqueio com Thaisa, Natália e Sheilla funcionou e o Brasil tomou a frente. Em uma bola muito inteligente de Fabíola, a Seleção fechou em 25 a 22.

Com a moral elevada por conseguir o que parecia impossível, o Brasil não tomou conhecimento das japonesas no quinto set. Com um bloqueio bem armado, a Seleção foi minando as rivais, abriu 9 a 5 e controlou a partida até sair com a vitória por 15 a 11, para euforia de José Roberto Guimarães e suas comandadas.

Seleção deu um show de superação e conseguiu virada para ficar na história
Seleção deu um show de superação e conseguiu virada para ficar na história
Foto: FIVB / Divulgação
Fonte: Terra
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