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Candidato da oposição quer tentar manter Alex no Coritiba

Em entrevista exclusiva ao Terra, Rogério Bacellar conversou sobre o momento e seus projetos caso seja eleito

29 nov 2014 - 12h00
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G-5 da chapa "Coxa Maior", que tenta tirar o atual presidente Vilson Ribeiro de Andrade
G-5 da chapa "Coxa Maior", que tenta tirar o atual presidente Vilson Ribeiro de Andrade
Foto: Facebook / Reprodução

"Eu já nasci coxa-branca e estou confiante". É assim que Rogério Portugal Bacellar, 66 anos, casado pela segunda vez há 30 anos e com três filhos, resume a vontade de assumir o Coritiba nas eleições do dia 13 de dezembro, pela chapa “Coxa Maior", contra o atual presidente Vilson Ribeiro de Andrade.

Formado em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba, na turma de 1974, Bacellar ingressou na atividade notarial e registral em 1970, por meio de admissão em concurso público.  O tabelião é presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR) pelo segundo mandato consecutivo,  presidente da Carteira de Previdência Complementar dos Escrivães, Notários e Registradores (Conprevi) e presidente da Federação Brasileira dos Notários e Registradores do Brasil (Febranor).

Também é dono de um cartório de Notas e Registro Civil, que há 29 anos presta serviços à sociedade, localizado no bairro Bacacheri. E foi lá, onde está desde 1981, que o candidato recebeu a reportagem do Terra por uma hora para conversar sobre o futuro do clube paranaense, garantindo que conseguirá aliar a vida profissional com a do Coritiba. “Você tem que dividir seu tempo. O cartório me sustenta e o clube é minha paixão. Tem que saber dosar e não acho isso difícil", garante.

Confiante na vitória, já que “não entra em uma disputa para perder", Bacellar é sócio desde 1968 e conselheiro desde 2010. Disse ter a missão de tentar convencer o meio-campista Alex de adiar a aposentadoria e jogar por mais um ano, apesar de ter conversado com um dos seus ídolos no futebol e ter escutado que “precisa descansar". Pretende inovar na questão de transparência, criando um portal como é feito na esfera municipal e federal na política.

Além disso, lamentou o período de atrasos salariais vividos pelo elenco coxa-branca, que chegou a protestar exibindo uma faixa no clássico diante do Atlético-PR pelo Campeonato Brasileiro. Neste dia, o Coritiba inaugurou o setor pro-Tork na Mauá, mas o candidato acha que essa não era a melhor opção para o Estádio Couto Pereira.

Apesar de estar próximo de assumir a presidência, Bacellar também projeta o futuro e quer mudar o estatuto, não podendo ter reeleição – como é no momento na disputa com Vilson. E quer que todos os tipos de associados tenham direito a voto. “Tem que se doar por uma determinada temporada, mas não pode fazer disso uma profissão", sentencia.

Por fim, confessa que tem receio da torcida extrapolar e atingir críticas aos familiares, que o candidato revela não saber a opinião exata do que eles acham dessa candidatura. “Não analisei a notícia penando no lado deles. É algo complicado mesmo", afirma.

Confira a entrevista exclusiva com o candidato de oposição do Coritiba:

Terra - A influência de torcer para o Coritiba foi de pai para filho, como normalmente acontece, ou existe uma história diferente do habitual?

Rogério Portugal Bacellar - 

Eu já nasci coxa-branca. Minha família toda é. Meu pai é, meus irmão são e acho que todos meus parentes também torcem pelo Coritiba.

Terra - Qual seu ídolo no futebol?

Rogério Portugal Bacellar - Atualmente é o Alex. Teve também o Zé Roberto, Niltinho, Feddato. Teve vários atletas que passaram pelo Coxa.

Terra - Qual seu jogo marcante do Coritiba?

Rogério Portugal Bacellar - Teve o jogo contra a Hungria (no dia 03/12/1967, vencido pelo Coritiba por 1 a 0), que era vice-campeã do Mundo. Um jogo marcante, que fica na memória. Também teve contra o Bangu (no Estádio Maracanã, onde o time paranaense sagrou-se campeão brasileiro nas penalidades) e eu estive lá no local.

Terra - A relação entre os três times da capital, na maioria, não é boa. Como você pretende dialogar com os rivais?

Rogério Portugal Bacellar - A rivalidade tem que existir, é válida, mas sem inimizade. Todos os rivais têm um relacionamento bom, só olhar Grêmio e Internacional, Cruzeiro e Atlético-MG, com trocas de jogadores, entre outros. Estarei sempre aberto para o Atlético-PR e Paraná sempre pensando no engrandecimento do futebol paranaense.

Terra - O Atlético-PR e Coritiba, em 2014, iniciaram o Campeonato Paranaense com o time Sub-23. O primeiro até o final e o segundo até a sexta rodada. O Estadual é prioridade no clube?

Rogério Portugal Bacellar - Esse aspecto eu vou deixar para a minha vice-presidência de futebol. Queremos ter um time competitivo para todos os torneios que vamos disputar. Eu vou pedir aos meus diretores, se eleito for, para que tenhamos um espírito vencedor e não apenas jogar. Podemos não ter um time cheio de astros, mas com raça e determinação, como em 1985, para atingir títulos.

Terra - O Coritiba acabou trazendo jogadores encostados durante a Série A, além de todos virem por empréstimo curto. No passado recente também fez parceria com empresário específico, como o Paraná faz atualmente. Como será montado o elenco?

Rogério Portugal Bacellar - O principal projeto é ter uma base forte e, assim, ser um clube forte. Em um primeiro momento, vamos ter que analisar os aspectos e ver o que é bom. Ver se esses empresários forneçam esses jogadores, mas que possamos ter um lucro financeiro depois. Ninguém vai nos sugar. Vamos pensar sempre na frente, misturando experiência com juventude no plantel.

Terra - Há poucos meses a Fifa fez uma nova determinação para que empresários e grupos de investidores não possam ter direitos econômicos em jogadores. O que o clube deve fazer?

Rogério Portugal Bacellar - Vamos fazer um investimento pesado na base desde que tenhamos condições em um primeiro momento para ir se reestruturando. Queremos ter patrocinadores fortes em todas as áreas, mantendo nossos parceiros atuais e aumentando o número, para alavancar dinheiro e poder usar na melhora da estrutura. Em todos os setores.

Terra - Em 2011, o Coritiba comprou uma área de 450 mil m², em Campina Grande do Sul, para fazer um novo Centro de Treinamento. Passados três anos, nada foi construído lá. Era necessário esse investimento na época?

Rogério Portugal Bacellar - Era sim, tenho que cumprimentar ele (Vilson, atualmente presidente) pela compra do CT. O nosso atual tem um espaço reduzido. Com esse, podemos melhorar as condições e pretendemos injetar dinheiro lá. Agora é difícil saber quanto vou gastar, pois não sei a real situação financeira do Coritiba, como vou pegar e o que vou poder gastar de imediato. Mas prometo que teremos uma reestruturação dentro do nosso planejamento diretor.

Candidato esteve no setor Pro-Tork no último jogo e considera um novo estádio mais viável
Candidato esteve no setor Pro-Tork no último jogo e considera um novo estádio mais viável
Foto: Facebook / Reprodução
Terra - Ainda sobre investimentos estruturais, o Coritiba modernizou o estádio e construiu o setor Pro-Tork, que era um sonho antigo de fechar a reta da Mauá. Era a melhor opção ou construir um estádio novo seria mais viável?

Rogério Portugal Bacellar - Claro que precisa se modernizar e fazer uma reforma geral no Couto. Mas o ideal seria viabilizar um novo estádio, pois é mais fácil construir do que reformar um antigo. Não tenho conhecimento se estão fazendo as devidas manutenções em todas as partes do estádio. Acho necessário modernizar e, talvez, a construção de um inteiramente novo. Do zero.

Terra - O técnico Marquinhos Santos e a comissão técnica estão garantidos em 2015?

Rogério Portugal Bacellar - Eu acho um excelente treinador, como toda a comissão e elenco, mas minha gestão será participativa. Contratamos a Universidade do Futebol para elaborar um projeto muito bem feito e queremos seguir essa metodologia. Com base nisso, quero analisar com muito carinho. Tenho um grande respeito pelo profissional e temos que analisar para não cometer nenhuma injustiça e ver o que é melhor para o clube.

Terra - O Alex, apesar de não dizer publicamente, deve apoiar sua chapa. A aposentadoria está marcada para o fim da Série A. Pretende mudar essa opinião e estender o vínculo por mais um ano? Tem essa esperança?

Rogério Portugal Bacellar - Eu conversei com ele no dia que aceitei a candidatura e me falou que quer descansar por uma temporada. Temos que respeitar, mas vou tentar conversar com Alex de novo para convencer, pois seria uma honra contar com ele no elenco. Tanto no grupo quanto nos ajudando profissionalmente. É uma questão pessoal dele, mas ficaria feliz em vê-lo me apoiar nas eleições.

Terra - Os sócios tiveram um grande crescimento nos últimos anos, chegando a mais de 32 mil e, atualmente, na marca dos 20. Entretanto, nem todos comparecem ao estádio. A forma como é feita terá mudança?

Rogério Portugal Bacellar - A nossa gestão participativa também passa pela torcida. Vamos incentivar nossos associados a ir ao Couto para criar um cartão fidelidade, que tenha benefícios.  Quem mais for ao jogo vai ter direito a ingresso para levar amigo, incentivando um possível associado. Também pode ganhar material esportivo e até viagem com a delegação. Além disso, vamos implementar que todos os sócios possam ter direito a voto, desde que inclua no novo estatuto.

Terra - Sobre torcida organizada, o atual presidente chegou a cortar relações após a pancadaria de 2009 e, depois, voltou a ter diálogo. Vai continuar essa relação na tua gestão?

Rogério Portugal Bacellar - A torcida é nosso maior patrimônio. Se não tiver, não existe. Tenho respeito por todas as organizadas e vamos dialogar sim com eles. Se tiveram ideias e palpites bons, podemos acatar. Teremos um diálogo permanente.

Terra - O candidato à reeleição é o dirigente que mais atua na Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (LRFE), que tem restrições de setores, como o Bom Senso, liderado pelo Alex. Considera importante a aprovação?

Rogério Portugal Bacellar - Eu ainda não tenho uma posição concreta sobre a Lei. Tem que existir uma para que os dirigentes tenham responsabilidade sobre o patrimônio do clube. Considero importante, mas dentro do parâmetro da segurança jurídica que ela possa dar.

Terra - Uma das tuas propostas é de fazer um Portal da Transparência, algo que pode virar munição de uma futura oposição, torcida e até da imprensa. Vai manter mesmo assim?

Rogério Portugal Bacellar - Nossa ideia é mostrar o que arrecadamos e o que gastamos. O que temos de patrimônio, percentual de jogadores. Isso para demonstrar aos associados que, além de transparente, ter uma credibilidade maior. Não estou importando para críticas ou não. O que me importa é ter um trabalho com os pés no chão, com base e para fazer um novo Coritiba.

Terra - O balanço do clube, divulgado a cada ano, já especifica alguns desses dados. A atualização desse portal teria qual periodicidade?

Rogério Portugal Bacellar - Queremos mostrar por quanto compramos e quanto vendemos cada jogador na gestão, além de todos os investimentos em categorias de base e profissional. Em todos os setores. Mostrar, com transparência, todos os dados. Ainda não tenho definido como será essa atualização.

Terra - O atual presidente, após atrasar direitos de imagem e ter problemas judiciais, decidiu cortar esse tipo de item dos contratos. Seguirá a mesma linha?

Rogério Portugal Bacellar - Montarmos um contrato padrão, que será aprovado pela diretoria e irá estabelecer todas as condições com que o jogador tenha direito e que o clube terá sobre ele.

Terra - É notório que ex-jogadores do Coritiba estão apoiando sua chapa. Nos próprios eventos, os atletas aposentados subiram com vocês para falar e posar para fotos. Existe um projeto para eles, que tanto reclamam do esquecimento?

Rogério Portugal Bacellar - Não acho que seja só ação de marketing com eles. É importante ter um relacionamento dos novos jogadores com os antigos, porque pode ser um ídolo e espelho para esse novo atleta que está surgindo, além de aprender a nossa história.

<p>Candidato, dono de um cartório em Curitiba, promete tentar convencer Alex a adiar aposentadoria</p>
Candidato, dono de um cartório em Curitiba, promete tentar convencer Alex a adiar aposentadoria
Foto: Guilherme Moreira / PGTM Comunicação - Especial para o Terra
Terra - Alguns torcedores possuem receio pela chapa de oposição por ter dois ex-integrantes (Ricardo Guerra e Ernesto Pedroso) que passaram pela gestão do Vilson. Como você quer tirar essa desconfiança?

Rogério Portugal Bacellar - Não vejo como desconfiança. O Pedroso foi vice-presidente de futebol e se saiu muito bem durante seu período. O Guerra é conselheiro e não teve uma participação direta, somente apoiando em ações pontuais. Acho que eles chegam para somar e, quanto mais experiência tivermos, melhor para nós.

Terra - A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é criticada pela torcida e mídia, ainda mais após a Copa do Mundo. Entretanto, as Federações e clubes pouco fazem para mudanças. Qual será seu posicionamento?

Rogério Portugal Bacellar - Tem que ter um órgão maior, como em qualquer setor. Cabe a nós criticar quando fizer errado e apoiar quando estiver certo. Queremos ajudar na melhor organização, dentro de nossas possibilidades.

Terra - Depois de duas finais consecutivas de Copa do Brasil, o Coritiba há três anos luta para não cair para a Série B. O que tirar de exemplo do futebol mineiro e catarinense, que estão crescendo no cenário nacional?

Rogério Portugal Bacellar - Primeiro, temos que fazer um trabalho com o Atlético-PR e Paraná. Tem que voltar a ter aquele sentimento de orgulho do Estado, como são os gaúchos, por exemplo, para trazer os torcedores para times daqui. Os dirigentes de fora são unidos nesse aspecto. Nosso interior ter que ser forte, apoiar o Maringá e Londrina (que fizeram a final do Estadual deste ano). O resultado é o Londrina na Série C (subiu neste ano).

Terra - Aproveitando o assunto, a Federação Paranaense de Futebol (FPF) está melhorando sua administração, mas ainda longe do ideal de fortalecimento. O que acha que deve ser melhorado?

Rogério Portugal Bacellar - Temos que analisar antes de criticar. A Federação, quando o Hélio Cury assumiu, vinha de problemas, com o leilão do Pinheirão e a perda da sede ao lado. Temos que ajudar também, não só apontar erros pela falta de benefícios para os clubes. Agora, a FPF está renascendo em sua administração.

Terra - Para finalizar, qual a grande promessa para a nação coxa-branca?

Rogério Portugal Bacellar - Nunca disputo para perder. Quero fazer um clube vencedor. A promessa é que os atletas vão entrar em campo com garra, por amor à camisa que vou passar para aos jogadores. Uma prioridade é não deixar salários atrasados, tendo gastos dentro do que podemos. Não podemos gastar sem responsabilidade. Vamos se reestruturar para o Coritiba voltar a ser grande, cada vez maior.

Fonte: PGTM Comunicação - Especial para o Terra PGTM Comunicação - Especial para o Terra
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